O ministro da
Fazenda, Joaquim Levy, pediu nesta terça-feira que o Congresso Nacional assuma
a responsabilidade em relação ao ajuste fiscal. Em entrevista à NBR, ele
disse que os parlamentares precisam contribuir para trazer o Brasil de volta ao
caminho do crescimento.
“O governo
está ouvindo o Senado, a Câmara e todos aqueles que, no fim das contas, terão
de votar. O governo fez propostas de como colocar o Brasil na rota do
crescimento, mas elas só virarão lei se forem votadas pelas duas casas. O
Congresso tem papel fundamental para o Brasil voltar a crescer, e 2016 será um
ano de baixa inflação e de crescimento melhor”, destacou o ministro.
Levy tentou
minimizar o impacto da crise política na atividade econômica, mas reconheceu
que as dificuldades de relação entre o Poder Executivo e o Congresso têm
afetado a recuperação do país.
“Existe um
pouquinho de incerteza que não é econômica. Alguns dizem que isso tem
atrapalhado a economia, porque tem levado as pessoas a ficar com um pouco mais
de dúvida [em relação ao país]. Acho que tem um elemento sim. Em condições
normais, se não tivesse tanta discussão em algumas coisas, a gente estaria
começando a sentir a recuperação em termos mais fortes.”
Sobre a
necessidade do ajuste, o ministro reiterou que o governo está contendo os gastos
em 2015 e cortou mais de R$ 80 bilhões de despesas apenas neste ano.
“Tem muita
gente que fala que o governo tem de cortar na carne. É verdade. Se não tem
dinheiro, tem de gastar menos e definir prioridades. Outro dia alguém me falou
que quem não vive com R$ 1 mil não consegue viver com R$ 10 mil. Então, é
preciso disciplina para saber viver com o que tem. Cortamos os gastos em quase
R$ 80 bilhões neste ano. No ano que vem, vamos continuar economizando certos
gastos.”
Minha
Casa, Minha Vida
O ministro
reconheceu que uma das medidas mais duras do novo pacote fiscal foi o adiamento
do reajuste dos servidores públicos. No entanto, ele disse que o atual momento
econômico exige o comprometimento de todos os segmentos da
sociedade. “Obviamente, a gente está vendo desafios de salários no setor
privado. Portanto, é natural distribuir esse impacto para outros setores da
economia”, comentou.
Para
demonstrar que o governo continuará priorizando os programas sociais, Levy
citou o valor recorde do Plano Safra deste ano. Ele afirmou que, apesar do
corte de R$ 4,8 bilhões no Programa Minha Casa, Minha Vida, a construção das
unidades contratadas está preservada.
“O Orçamento
de 2016 tem R$ 11 bilhões de recursos próprios e mais R$ 4 bilhões do FGTS
[Fundo de Garantia do Tempo de Serviço] voltados para as construções do Minha
Casa, Minha Vida. Nunca se investiu tanto na construção de moradias populares,
mesmo com toda a crise e todos os desafios na economia”, garantiu Levy.
Segundo ele, o
governo preservou o programa porque entende a importância dele para manter a
atividade em muitas regiões, como no Nordeste. "O Orçamento procurou
preservar o programa, não só porque ter casa é importante, mas porque a
construção civil é um dos setores que mais gera emprego. O governo está
separando dinheiro para continuar todas as casas contratadas. Temos mais de
2,75 milhões de casas completas e pelo menos 1 milhão a serem concluídas [pelo
programa]”, acrescentou.
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