Em meio à polêmica sobre a
apreciação dos vetos à lei dos royalties, parlamentares governistas já preparam
uma ofensiva para evitar que o debate sobre essa proposta leve à derrubada de
outras legislações de interesse do governo.
Ainda no dia 19, houve uma tentativa de analisar todos esses vetos em uma única sessão, mas o atrito entre os parlamentares levou ao adiamento para fevereiro.
Temas mais delicados na lista do absurdo
Código Florestal
A partir de 5 de
fevereiro, o Congresso analisará 3,2 mil vetos realizados pela Presidência da
República na última década. Esse mutirão será feito para conseguir liberar a
pauta para a apreciação dos vetos à lei dos royalties.
Mas, com os ânimos
acirrados entre os parlamentares, o receio é que temas delicados, como o Código
Florestal, sejam afetados. Muitos deputados e senadores chegaram a preencher as
cédulas derrubando todos os vetos presidenciais durante a malfadada tentativa
de votação na quarta-feira (19), em uma demonstração de que será preciso muita
articulação até a abertura do próximo ano legislativo.
O líder do PT na Câmara,
deputado José Guimarães (PT-CE), diz que os governistas farão uma fora-tarefa
para evitar a derrubada indiscriminada de vetos.
“O Congresso tem que fazer
uma agenda construída em acordo entre os líderes. Não vamos fugir disso. Mas o
que não pode é sair votando vetos com o único objetivo de derrotar o governo”,
comentou o deputado, que citou a Emenda 29, o Código Florestal e o fim do fator
previdenciário como assuntos de interesse para o Executivo. Os temas receberão
atenção especial dos governistas para a que essas leis sejam mantidas.
Presidente da Frente
Parlamentar da Agropecuária, o deputado federal Homero Pereira (PSD-MT) negou
que haja uma articulação para derrubar os vetos da presidente Dilma
considerados prejudiciais aos interesses dos ruralistas.
“Cada um pode votar de acordo com a consciência ou orientação do partido. Toda votação é um risco. Do ponto de vista da frente, não temos nenhuma articulação, tudo vai fluir naturalmente”, disse Homero.
“Cada um pode votar de acordo com a consciência ou orientação do partido. Toda votação é um risco. Do ponto de vista da frente, não temos nenhuma articulação, tudo vai fluir naturalmente”, disse Homero.
“É preciso que a análise
de vetos entre na rotina, isso não era feito há mais de 10 anos e agora é
preciso restabelecer as prerrogativas do legislativo”, acrescentou.
Com relação à Emenda 29, que segundo governistas é motivo de preocupação, o presidente da Frente Parlamentar da Saúde, deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), nega que haverá impactos significativos no setor caso haja a derrubada dos vetos parciais do texto.
Com relação à Emenda 29, que segundo governistas é motivo de preocupação, o presidente da Frente Parlamentar da Saúde, deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), nega que haverá impactos significativos no setor caso haja a derrubada dos vetos parciais do texto.
“Infelizmente, nada acontecerá com o SUS (Sistema Único de Saúde), caso caiam
esses vetos. Nós perdemos quando o Senado deixou de aprovar a destinação de 10%
das receitas brutas para a saúde. Agora, os vetos são insignificantes e sem
impacto”, avalia o parlamentar.
A confusão em torno dos
vetos começou por conta da lei que redistribui os royalties do petróleo. A
presidente Dilma Rousseff derrubou os dispositivos que alteravam regras de
contratos já licitados, o que causaria prejuízos ao Rio de Janeiro e ao
Espírito Santo, que são os estados produtores de petróleo. Diante da disposição do
Congresso em derrubar os vetos de Dilma para distribuir os royalties de forma
mais equânime, o deputado Alessandro Molon (PT-RJ) recorreu ao Supremo e o
ministro Luiz Fux decidiu que o Congresso não pode votar os vetos à Lei dos
Royalties sem apreciar antes os 3,2 mil que chegaram antes à Casa.
Ainda no dia 19, houve uma tentativa de analisar todos esses vetos em uma única sessão, mas o atrito entre os parlamentares levou ao adiamento para fevereiro.
Temas mais delicados na lista do absurdo
Entre os mais de 3 mil
vetos que serão analisados em fevereiro pelo Congresso estão assuntos que
preocupam o governo. Confira quais são os considerados mais sensíveis pelo Planalto:
Código Florestal
A presidente Dilma
Rousseff vetou nove dispositivos da medida provisória que alterou o Código
Florestal e eles serão revistos pelo Congresso em fevereiro do ano que vem.
Entre os trechos barrados pela presidente e que serão rediscutidos está o
artigo que liberava produtores da obrigação de fazer a recomposição das margens
de rios, visto como uma anistia aos desmatadores.
Também será debatido o veto ao artigo que estabelecia que as faixas às margens
cursos d’água a serem preservadas sejam definidas por planos diretores e leis
municipais.
Emenda 29
Emenda 29
Em janeiro deste ano, a
presidente Dilma sancionou a Emenda Constitucional 29, que fixa os recursos
mínimos a serem investidos por União, estados e municípios em saúde, com 15 vetos.
O texto original dizia que
a União teria que aplicar em saúde o valor correspondente ao empenhado no
orçamento anterior, com a correção baseada na variação nominal do PIB. Dilma
vetou um artigo que previa recursos adicionais, com base no argumento de que
isso traria instabilidade financeira ao governo.
Fator previdenciário
Fator previdenciário
Em junho de 2010, o então
presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou a extinção do chamado fator
previdenciário.
Esse dispositivo é usado
para calcular a aposentadoria dos cidadãos beneficiados pelo Instituto Nacional
do Seguro Social e leva em conta fatores como a idade ao se aposentar, o tempo
de contribuição e a expectativa de vida. Se o fator previdenciário cair, isso
traria gastos expressivos ao INSS, já que significaria aposentadoria maior para
parte dos segurados.
Foto: Google | Correio Braziliense
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