Dados do Censo 2010 indicam que 6,5
milhões de brasileiros têm algum tipo de deficiência visual. Mais de 528 mil
são incapazes de enxergar. No Dia Nacional do Deficiente Visual, lembrado hoje
(13), o presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, Marco Antonio Rey,
destacou que as principais causas de cegueira são a catarata e o glaucoma, mas
que ambas têm tratamento e os danos são reversíveis.
Em entrevista à Agência Brasil,
ele explicou que as duas doenças, acompanhadas da degeneração macular, são
problemas relacionados ao envelhecimento da população. O diabetes também
aparece como causa importante da cegueira e pode comprometer a visão na fase
adulta, caso não seja tratado.
Outro aspecto da deficiência visual
envolve a catarata congênita e o glaucoma congênito, principais causas da
cegueira na infância. O problema pode ser diagnosticado por meio de um exame
simples, o teste do olhinho. De acordo com o presidente do conselho, qualquer
profissional de saúde pode dilatar o olho do bebê e avaliar o reflexo da luz no
local.
O exame deve ser feito em todos os
recém-nascidos antes que o bebê complete 1 ano. Caso haja alguma suspeita, a
criança deve ser encaminhada ao oftalmologista. “Quanto mais cedo, melhor. Só
que o teste não é obrigatório na rede pública. E toda doença, na criança, tem
que ter diagnóstico precoce, porque o olho e a parte sensorial estão sendo
formados”, explicou.
O oftalmologista alertou para os
cuidados durante o pré-natal, uma vez que a cegueira em recém-nascidos está
comumente relacionada à doenças adquiridas durante a gestação, como a rubéola e
a toxoplasmose. A dica é cumprir o calendário de vacinas da gestante e evitar
consumir alimentos crus fora de casa, além do contato com gatos.
Para a representante da Fundação
Dorina Nowill, Susi Maluf, a acessibilidade de quem tem algum tipo de perda de
visão melhorou, mas precisa avançar mais. “No Brasil, antigamente, a cegueira
era uma coisa menos percebida. Não existia preocupação em dar igualdade de
oportunidades. Hoje em dia, as pessoas começam a perceber que existe esse
público e a percebê-lo em todos os sentidos. Afinal, é um público que vai à
escola, que é consumidor, que trabalha.”
“Mas a população não vê que a pessoa
com deficiência visual é capaz de fazer qualquer coisa e ter uma vida
independente, como alguém que enxerga. Ao dar informação para a sociedade, você
esclarece, diminui preconceitos e barreiras e promove a inclusão”, completou.
Antônio dos Reis Costa, 54 anos,
perdeu a visão após um quadro de pressão alta seguido de um aneurisma. “Fui
tomar banho e, no banheiro, desmaiei. Fiz uma cirurgia, mas o sangue coagulou
na cabeça e provocou o aneurisma. No corte, o nervo ótico partiu e, desde esse
dia, não vejo nada”, lembrou.
“Cada dia é uma novidade que você
aprende e acrescenta. Mas, a princípio, não é fácil. O deficiente, quando nasce
sem visão, aprende a escrever em braile com mais facilidade. A gente é mais
cabeça dura. Eu, particularmente leio em braile, mas tenho muita dificuldade em
escrever."
Amadeu da Paixão Caldeira, 59 anos,
foi diagnosticado com retinose pigmentaria e desaceleração da retina do nervo
ótico quando tinha 3 anos. Na época, a mãe percebeu que havia algum problema ao
vê-lo tropeçando muito nas coisas.
“Como a perda foi progressiva, minha
adaptação também foi. Hoje, ando sozinho, viajo sozinho e perdi o medo da vida.
Antes, eu procurava esconder a cegueira porque que meus olhos são normais.
Depois de frequentar a escola, assumi minha condição e comecei a usar a
bengala. Minha vida mudou para melhor”, disse.
(Agência Brasil)
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