Quando moeda estava perto de R$ 2,12,
BC anunciou leilão de swap cambial e dólar passou para campo negativo
A atuação do Banco Central (BC) no
fim da manhã desta sexta-feira por meio de um leilão de swap cambial fez o
dólar abandonar o território positivo e passar a registrar perdas em relação ao
real. A medida do BC, tomada quando o dólar estava perto de atingir R$ 2,12,
fez vários analistas citarem que um novo teto para a moeda americana foi
estabelecido. Antes da autoridade monetária entrar no mercado, o dólar renovava
máximas reagindo a declarações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que o
câmbio "não está em posição totalmente satisfatória".
Ao fim da sessão, o dólar à vista
mostrou queda de 0,67% no balcão, cotado a R$ 2,083. Na máxima, o dólar no
balcão atingiu R$ 2,117 e, na mínima, durante a tarde, a moeda marcou R$ 2,082.
Da máxima para a mínima, a moeda oscilou -1,65%. Pouco depois das 16h30, o giro
financeiro à vista somava US$ 1,365 bilhões (US$ 1,307 bilhões em D+2). Na
BM&F, o dólar pronto fechou em baixa de 0,45%, a R$ 2,0865, com 14
negócios. Às 16h37, o dólar para dezembro de 2012 era cotado a R$ 2,087, com
baixa de 1,00%, após marcar durante o dia máxima de R$ 2,1200.
Pela manhã, ao participar da 32ª
Reunião do Fórum Nacional da Indústria, em São Paulo, Mantega também afirmou
que o Brasil tem "quatro ou cinco meses de câmbio acima de R$ 2,00 e isso
mostra que veio para ficar". Os comentários do ministro impulsionaram o
dólar ante o real, em movimento contrário ao verificado no exterior, onde a
moeda americana caía em relação a outras divisas.
Quando a moeda se aproximou dos R$
2,12 no balcão, o BC decidiu agir, convocando um leilão de swap cambial
tradicional - equivalente à venda de dólares no mercado futuro - das 11h45 às
11h55. Na operação, o BC vendeu 32.500 contratos para 3 de dezembro de 2012, em
um total de US$ 1,620 bilhão. Com isso, o BC liquidou antecipadamente 51,75%
dos US$ 3,1 bilhões do próximo vencimento de swap cambial reverso - que
representa a compra de dólares no mercado futuro - marcado também para 3 de
dezembro.
O BC já havia sinalizado na semana
passada a intenção de não rolar os vencimentos de swap reverso de 3 de dezembro
e de até mesmo antecipar a não rolagem, por meio de leilão de swap normal. Nos
últimos dias, os investidores vinham pressionando o BC a, de fato, atuar,
impulsionando o dólar nos mercados futuro e à vista. Hoje, com o dólar próximo
do patamar de R$ 2,12 no balcão, o BC agiu.
"O piso estava definido, mas o
teto ainda não, porque o patamar (dos últimos dias) não era testado há três
anos. Hoje, parece que o teto ficou claro", afirmou o gerente de câmbio da
TOV Corretora, Fernando Bergallo, que esperava a entrada do BC no mercado
apenas quando a moeda americana se aproximasse dos R$ 2,15.
Para João Paulo de Gracia Corrêa,
gerente de câmbio da Correparti Corretora, de Curitiba, a atuação do BC já era
esperada. "Havia um piso de R$ 2,03 e temos também um novo teto, de R$
2,12", comentou.
A percepção de um novo teto para a
moeda, no entanto, não é unânime. Alguns profissionais entenderam que o BC
somente atuou nesta sexta-feira porque o ritmo de alta tem sido intenso. Por
este raciocínio, ainda haveria espaço para a continuidade da apreciação da
moeda americana, mesmo que de forma mais lenta. Os movimentos na semana que
vem, no entanto, dependerão do cenário externo e da própria disputa entre
comprados e vendidos no fim de novembro.
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