quarta-feira, 6 de março de 2013

Empresa nos EUA cria produto que carrega o smartphone com energia gerada por café quente


O mesmo dispositivo funciona ainda com um copo de líquido bem gelado, informam seus desenvolvedores

Uma empresa nos Estados Unidos desenvolveu um dispositivo que pode ser considerado no mínimo curioso. A Epiphany onE Puck criou um produto que carrega o seu smartphone com a energia gerada por uma caneca de café quente ou copo com um líquido gelado - pode ser água, refrigerante, suco....

A responsável pela invenção é a Epiphany Labs, trata-se de uma empresa formada por um grupo de especialistas em tecnologia que são focados em desenvolvimento de produtos que de alguma forma criem mudanças positivas no mundo. A Epiphany é a mesma empresa que tempos atrás criou um produto que filtra água a partir da energia solar.

O carregador se conecta, informam seus desenvolvedores, com iPhones, iPods e telefones com sistema Android. De acordo com o empreendimento, um dos principais benefícios consiste no fato de que o produto é portátil. "Digamos que você esteja em um bar e a bateria do seu celular acabe, ao invés de você procurar uma tomada, você pode usar o nosso produto", afirma a empresa em comunicado onde fornece mais detalhes sobre o dispositivo.
Estadão

Venezuela terá eleições dentro de 30 dias, Maduro é presidente interino


O ministro dos Negócios Estrangeiros da Venezuela, Elías Jaua, anunciou hoje (6) que, em função da morte de Hugo Chávez na terça-feira (5), o vice-presidente, Nicolás Maduro, assumirá o cargo de presidente interino e que dentro de 30 dias haverá eleições presidenciais. "Foi o mandato que o comandante-presidente Hugo Chávez nos deu", disse Jaua ao canal de televisão Telesur.
Jaua não especificou se a eleição será realizada dentro de 30 dias ou se a data será escolhida nesse prazo. O governo da Venezuela e a oposição apresentaram, nos últimos meses, interpretações divergentes da Constituição no caso da morte de Chávez, que foi reeleito presidente em outubro.
O líder da oposição Henrique Capriles, que perdeu as eleições para Chávez, pediu ao governo para "agir estritamente no âmbito do seu dever constitucional". A oposição defende que a Constituição indica que o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, deve assumir a liderança do país no caso de morte do presidente.
Mas, antes de ir para Cuba para uma nova operação de câncer em dezembro, Chávez disse que Maduro devia assumir o poder caso ele ficasse incapacitado.
A Constituição indica que o presidente da Assembleia Nacional deve assumir o poder se o presidente morrer antes de tomar posse do novo mandato. Chávez não compareceu à posse agendada para 10 de janeiro, mas o Supremo Tribunal aprovou um adiamento e decidiu que não haveria interrupção entre governos.

Representante da OIT avalia que legislação brasileira contra o trabalho forçado não precisa ser revisada


A legislação brasileira sobre a proteção dos trabalhadores contra o trabalho forçado é consistente e não precisa ser revisada. A avaliação é da chefe do Programa Especial de Ação contra o Trabalho Forçado da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Beate Andrees, ao citar o Artigo 149 do Código Penal (veja aqui), que delimita o significado de trabalho escravo e degradante.

Alterações na lei foram cogitadas em 2012[1], no âmbito das discussões sobre a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Trabalho Escravo, que prevê a expropriação de terras urbanas e rurais de empresas ou pessoas que abrigarem trabalhadores nessa situação. A PEC, atualmente, está em tramitação no Senado.

"Existe a necessidade de orientação para aqueles que tomam as decisões, há uma possibilidade de melhorar nesse sentido. Mas, do ponto de vista da OIT, não se deve mudar a legislação", disse em entrevista à Agência Brasil. No país, os responsáveis pelas autuações, no caso de flagrante de trabalho forçado, são os auditores fiscais do trabalho. Em certos casos, também pode haver a participação de conselheiros tutelares e agentes da Polícia Civil.

Beate Andrees, por outro lado, ressaltou a necessidade de o Brasil aprimorar a legislação sobre a punição do tráfico de pessoas, que, segundo ela, é deficitária e viola as leis internacionais que vigoram sobre o tema - a Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional e o Protocolo para Prevenir, Suprimir e Punir o Tráfico de Pessoas, Especialmente Mulheres e Crianças; dos quais o Brasil é signatário. O tráfico - tanto doméstico como internacional - está diretamente relacionado ao trabalho forçado, intensificado pelas facilidades dos meios de transporte e pela crise financeira internacional - que faz com que haja a tendência de aceitação de empregos em condições precárias.

De acordo com a chefe do programa da OIT, o Artigo 231 do Código Penal brasileiro (confira aqui) peca por mencionar apenas casos de tráfico para fins de exploração sexual e não mencionar outros tipos de exploração, como econômica, para tráfico de órgãos e para adoção, por exemplo. O trabalho forçado para fins de exploração sexual são 22% do total, segundo estimativa da organização.

Beate Andree está no Brasil para avaliar as possibilidades de atuação da organização, no país, no avanço ao combate ao trabalho escravo, como para o fortalecimento de assistência às vítimas, a redução do número de casos e o acesso a programas governamentais. Um dos pontos prioritários é a criação de programas de qualificação e reinserção no mercado de trabalho. Estimativas da OIT apontam que cerca de 60% das pessoas resgatadas em situação de trabalho escravo são reencontradas nas mesmas condições. A média mundial de reincidência é aproximadamente 70%.

Além de Brasília, ela visitará Mato Grosso e São Paulo - estados considerados exitosos no combate ao trabalho escravo rural e urbano, respectivamente. Mato Grosso é o único estado que tem um fundo de combate ao trabalho escravo e, no final de janeiro, São Paulo aprovou uma lei estadual[2] que cassa o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de empresas onde for constatado o uso desse tipo de mão de obra e as impede de atuar no mercado por dez anos.

A chefe do programa elogiou essas iniciativas e observou que tanto a PEC do Trabalho Escravo, como a lei estadual em São Paulo atuam na supressão da demanda por mão de obra escrava. Até então, a maioria das medidas tomadas pelo governo eram do lado da oferta, referentes aos trabalhadores. Beate informou, todavia, que as experiências mundiais nesse sentido ainda estão em estágios iniciais, como nos Estados Unidos e na União Europeia, e que há de se observar como essas medidas serão implementadas e aguardar seus resultados.

Projeto muda critérios para saque do FGTS em caso de morte do trabalhador


A Câmara analisa projeto que altera os critérios para o resgate do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) no caso do falecimento do trabalhador. Pela proposta (PL 4877/12), nesse caso, o seguro poderá ser pago aos sucessores do titular previstos na legislação civil, mediante a apresentação de alvará judicial ou escritura pública.

Atualmente, a Lei 8.036/90 determina que o saldo do FGTS somente seja pago aos dependentes habilitados junto à Previdência Social para esse fim, segundo o critério adotado para a concessão de pensões por morte. Somente na falta desses dependentes é que os sucessores previstos na lei civil têm direito ao recebimento do benefício.

Segundo o autor da proposta, deputado Júlio Campos (DEM-MT), a regra atual “pode causar discrepâncias enormes”. Por exemplo, diz o autor, no caso de um trabalhador que possua um filho menor de idade,que seja seu dependente, mas que também tenha outros filhos maiores, que não têm a relação de dependência, somente os menores teriam direito ao FGTS. “Como forma de evitar injustiças e garantir tratamento isonômico entre todos os herdeiros, propomos a mudança”, sustenta.

Tramitação
O projeto será analisado, de maneira conclusiva, pelas comissões de Trabalho, de Administração e Serviço Público, de Finanças e Tributação, e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Íntegra da proposta:  PL-4877/2012

terça-feira, 5 de março de 2013

Reforma política: pontos polêmicos voltam à discussão


Financiamento público exclusivo de campanhas eleitorais, fim das coligações partidárias nas eleições proporcionais e votação em lista são alguns dos temas que ainda precisam de acordo para votação.

A confirmação de que o Plenário da Câmara vai votar alguns temas relacionados à reforma política nos dias 9 e 10 de abril deverá reabrir discussões que se arrastaram ao longo de vários meses na comissão que foi criada especialmente para tratar do assunto.

A comissão, apesar de formalmente estar em funcionamento, não se reúne desde abril do ano passado, e a votação do relatório elaborado pelo deputado Henrique Fontana (PT-RS) não ocorreu por divergências em pontos considerados “estruturais” por ele e outros integrantes do colegiado.

A decisão de votar a reforma política por temas foi anunciada na quinta-feira (28) pelo presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, e resgata acordo fechado no ano passado entre líderes partidários para a análise fatiada em torno de quatro pontos principais:
·         financiamento público exclusivo de campanhas eleitorais;
·         coincidência de datas de eleições;
·         fim das coligações partidárias nas eleições proporcionais; e
·         sistema de votação misto, ou seja, no candidato e na legenda. 
Além desses, as discussões de abril deverão incluir também a proposta que busca fortalecer a participação popular na apresentação de iniciativas legislativas.

Financiamento público
Fontana classifica o financiamento público exclusivo de campanha como o principal eixo de seu relatório. Esse ponto, por sinal, provocou as maiores discórdias entre os deputados da comissão especial na época de discussão do relatório.
Para Fontana, o financiamento privado gera corrupção e está pautado pelo dinheiro. “O pior dos mundos é continuar com o sistema político atual”. Um dos maiores opositores do relatório à época era o atual líder do PMDB, deputado Eduardo Cunha (RJ), que atuou fortemente na obstrução da votação do texto.

Na opinião de Eduardo Cunha, a votação da reforma política deveria começar pelos temas que precisam ser aprovados por meio de proposta de emenda à Constituição (PEC) – o que não é o caso do financiamento público, que pode ser analisado sob a forma de projeto de lei. “Só aceito acordo se começarmos a votação pelas PECs, porque se elas forem rejeitadas não poderão voltar na forma de projetos de lei. O relator quer votar seu texto, começando com o projeto de lei, porque ele poderá colocar nas PECs os assuntos que perder”, declarou Cunha.

Fontana era contrário à tese e disse que prefere começar a votação pelos temas que não exigem maioria absoluta, como o financiamento público de campanha, porque são mais fáceis de serem aprovados. “A ideia de Eduardo Cunha tem a ver com sua vontade de derrubar o financiamento público. Eu quero votar o projeto de lei porque tem mais chance de ser votado, parece ser mais passível de ter maioria”, justificou o relator.

Lista partidária
Eduardo Cunha afirmou que é favorável ao financiamento público de campanha, desde que acompanhado pela lista partidária fechada para eleições proporcionais. O relatório de Fontana não incorpora a lista fechada de candidatos, mas a lista flexível.

Essa modalidade garantiria ao eleitor, na opinião de Fontana, “o poder para decidir o resultado das eleições”. Na opinião do relator, outros sistemas já discutidos, como o voto distrital e a lista fechada, não teriam apoio suficiente do Plenário para aprovação.

Em versão anterior do relatório, o eleitor seria autorizado a votar duas vezes para deputado –, podendo optar por um nome ou um partido de sua preferência. O relator explicou que retirou de sua proposta inicial essa opção de votar duas vezes para deputado, porque a proposta foi considerada por alguns parlamentares como um favorecimento ao PT.

Por isso, ele propôs um sistema já utilizado em outros países no qual o eleitor pode escolher entre o candidato e a legenda partidária. Assim, se um partido tem direito a quatro deputados e recebeu 75% de votos em pessoas e 25% na legenda, serão eleitos o primeiro colocado da lista partidária e os três mais votados. A lista deverá ser definida por votação dentro de cada partido.

Coligações
Outro aspecto da reforma política que também marca divisão de opiniões entre os deputados é o fim das coligações partidárias nas eleições proporcionais. Hoje, nas eleições para deputado e vereador, as coligações permitem a transferência de votos de um partido para outro que esteja coligado.

Segundo Fontana, essa experiência provoca uma união desorganizada entre os partidos, que não fazem coligações por questões de programa ou ideologia semelhantes. Essa medida afetaria especialmente os partidos menores, que dependem muitas vezes dos votos das maiores legendas para se viabilizarem eleitoralmente, já que eles têm mais dificuldades em atingir, sozinhos, o quociente eleitoral dos respectivos estados, que funciona, na prática, como cláusula de barreira.

Coincidência das eleições 
Já um ponto que registra maior consenso nos debates realizados na Câmara é a coincidência das eleições para cargos executivos e legislativos. Atualmente, a cada dois anos o País tem processos eleitorais nacionais, ora para eleger presidente, governadores e congressistas, ora para escolher prefeitos e vereadores. Segundo Fontana, esse item tem apoio de mais de 80% dos deputados.

O relator defende, no entanto, que mandatos federais não sejam prorrogados. Assim, os mandatos dos próximos prefeitos e vereadores eleitos teriam seis anos.

Câmara votará a reforma política nos dias 9 e 10 de abril
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, confirmou, nesta quinta-feira (28), a votação da reforma política pelo Plenário nos dias 9 e 10 de abril. Segundo o deputado Henrique Fontana (PT-RS), relator da proposta, o presidente garantiu que o assunto será votado de qualquer maneira.

Os pontos que serão colocados em votação são:
ü  financiamento público exclusivo de campanha;
ü  fim das coligações, porém permitindo que os partidos façam federações partidárias que durariam, no mínimo, quatro anos
ü  coincidência temporal das eleições (municipais, estaduais e federais);
ü  ampliação da participação da sociedade na apresentação de projetos de iniciativa popular, inclusive por meio da internet. Pela medida, 500 mil assinaturas garantiriam a apresentação de um projeto de lei; e 1,5 milhão, de proposta de emenda à Constituição (PEC);
ü  nova opção de lista flexível, em que o eleitor continuaria votando no deputado ou no partido, mas só o voto na legenda é que reforçaria a lista apresentada pelo partido.

Críticas ao modelo atual
Fontana declarou ser um defensor ferrenho do financiamento público de campanha. O financiamento privado, argumentou ele, gera corrupção e está pautado pelo dinheiro. “O pior dos mundos é continuar com o sistema político atual”, disse o parlamentar, ao deixar a reunião com o presidente da Câmara.

Quanto à formação de federações partidárias com um período mínimo de validade, Fontana afirmou que a medida dará mais “nitidez” aos projetos dos partidos.

Já as listas flexíveis garantiriam ao eleitor “o poder para decidir o resultado das eleições”. Na opinião do relator, outros sistemas já discutidos, como o voto distrital e a lista fechada, não teriam apoio suficiente do Plenário para aprovação.

Via portal Câmara dos Deputados

PARADIGMAS DE UMA ECONOMIA FRATERNA



Por Hélcio de Castro Padrão, Thaïs Abi-Sâmara e Berenice von Rückert
Se aprofundarmos na principal razão ou razões da existência humana, acreditamos que o aprendizado ocupa posição de destaque.

Podemos dividir o aprendizado em três partes:
• Auto - conhecimento;
• Desenvolvimento do relacionamento social;
• Agir fraterno (contribuir para a sociedade / comunidade).

Ao analisamos o ideal trimembrado que surgiu na Revolução Francesa, liberdade, igualdade e fraternidade, tanto a liberdade no pensar quanto a igualdade nas relações haviam sido descritas na Carta dos Direitos do Homem  em 1789 (que posteriormente foi inserida na Constituição Francesa por Napoleão Bonaparte):

“Artigo l. Os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos. As distinções sociais não podem ser fundamentadas senão sobre a utilidade comum”.

“Artigo 11. A livre comunicação dos pensamentos e das opiniões é um dos mais preciosos direitos do homem; todo cidadão pode, portanto, falar, escrever, imprimir livremente, respondendo pelo abuso dessa liberdade nos casos determinados pela lei”.

“Artigo 12. A garantia dos direitos do homem e do cidadão necessita de uma força pública; por conseguinte, esta força fica instituída para o benefício de todos, e não para a utilidade particular daqueles a quem ela for confiada”.

Embora fizesse parte do ideal francês, a palavra “fraternidade” não aparece nesta Carta e sequer fora relacionada com o “querer” ou com a vida econômica.

Por quê?
Bem, o homem precisou desenvolver o seu eu, tomar consciência de seus direitos para poder reivindicá-los, e lutar contra as formas de opressão.

Mas a fraternidade não é um direito. É um dever. Por isso não poderia estar presente em uma carta de direitos. Outro motivo é que a Revolução Francesa fora encabeçada pela burguesia mercantilista, que queria a liberdade na economia uma vez que sofriam com a excessiva intervenção do Estado neste setor.

Atualmente vivemos o momento de uma nova tomada de consciência por parte da humanidade: a conscientização de que também temos deveres. E este processo é mais doloroso porque significa abrir mão de muitas coisas, compartilhar e, antes de tudo, requer aprendizado contínuo. Em contrapartida é um caminho que traz muitas realizações.
E é este aspecto que gostaríamos de enfatizar, o da Fraternidade no Querer ou da Economia Fraterna.

Embora o aprendizado tenha relevante importância na vida humana e que o trabalho seja a melhor forma de contribuir para a comunidade, o que motiva este trabalho ainda é o auto-sustento, a realização pessoal e a satisfação dos desejos individuais. Uma pessoa que trabalha com este impulso não contribui com o quanto é capaz, mas com o quanto ele quer ganhar.

Como disse R. Steiner:
“É que ser auto-sustentador significa trabalhar para o ganha pão; já trabalhar para os outros significa trabalhar a partir das necessidades sociais”.

Mudar de um sistema centrado no individualismo (ego centrista) e ir em direção a um sistema voltado para o social significa uma mudança radical em nossos conceitos. O jargão “temos que atender às necessidades de nossos clientes”, embora maciçamente utilizado pelas organizações, ainda não foi amplamente entendido e sequer utilizado de forma pura. O que ainda motiva as ações da maioria das organizações e das pessoas é o lucro e não atender as reais necessidades dos clientes. O que não entendemos é que, a longo prazo, atender realmente às necessidades dos clientes e ter lucro estão intimamente ligados.

O lucro e o acúmulo de capital permitem o desenvolvimento humano, pois possibilitam o investimento em estudos e pesquisas. O problema é quando o homem se apropria deste capital, se sente dono dele. O capital surge na atuação do Espírito do homem no trabalho. E esta atuação resulta no surgimento de novos produtos e do aumento de produtividade, enriquecendo a comunidade. E é da comunidade o resultado deste trabalho. Ao homem, cabe sua remuneração, de forma que atenda suas necessidades. Quando ele se apropria deste capital e o acumula, pura e  simplesmente, ele o estanca, fazendo o efeito inverso, não permitindo o desenvolvimento da sociedade, uma vez que este não movimenta a economia, e não facilita a atuação de outras pessoas com capacidade empreendedora no sistema.

E esta mudança não virá de forma imposta, pois cabe ao empreendedor o destino da aplicação do capital excedente. Temos sim que nos conscientizar todos das conseqüências reais de nossos atos, para que possamos agir de forma mais construtiva.
E o primeiro passo nesta direção, voltando ao início deste texto, significa justamente:

• Auto - conhecimento;
• Desenvolvimento no relacionamento social;
• Atuação fraterna.

Este é um dos paradigmas da economia desta nova era. Precisamos investir no desenvolvimento humano como um todo. E esta necessidade já se faz sentir em todas as organizações.

Quando conseguirmos quebrar este sistema individualista e caminharmos para um sistema cooperativo, a humanidade terá dado um importante passo para seu desenvolvimento. E construiremos uma sociedade mais justa, menos desigual, onde todos tenham as mesmas oportunidades e onde as diferenças sejam respeitadas, transformando a Terra em um lugar melhor para todos vivermos. E se observarmos bem ‘a nossa volta, poderemos perceber que esta mudança já está começando.

O CÂMBIO E OS JUROS
Vivenciamos uma economia globalizada.
O comércio entre os povos existe há milênios. E não será diferente. E nem poderia ser, pois vivemos em um planeta onde todos os seres humanos estão interligados, formando uma comunidade global. A maioria dos países não é auto-suficiente e depende deste comércio para sobreviver.

Como disse R.Steiner no livro Economia Viva:
“Os diferentes Estados podem ser comparados às células de um organismo e, somente toda a Terra, como corpo econômico, pode ser comparada a um organismo....A Terra toda, tomada como um organismo econômico, é um organismo social.”

Dentro desta estrutura global, um fato econômico se torna perverso: as diferenças cambiais entre as moedas dos diversos países.

O câmbio, da forma como é praticada hoje é completamente absurda. Um verdadeiro jogo especulativo, sem nenhuma regra lógica, completamente incoerente, onde o que vale, na verdade, é o ganho fácil e o que é pior: sem produzir nada. Uma pessoa que vive da especulação nada produz, mas se alimenta, se veste, se diverte, ou seja, consome como qualquer outro. Todos têm direito a este consumo. Mas aqueles que consomem, sem nada produzir em troca, são fardos para a sociedade, pois outros terão que trabalhar para mantê-los.

Para se ter noção da falta de coerência e da perversidade que hoje significa o sistema cambial, basta observar os fatos presentes:

Se os Estados Unidos entrarem em guerra contra o Iraque, por que o Real se desvaloriza em relação ao dólar? Não é estranho? Não deveria a moeda norte americana se desvalorizar, já que são eles que estão gastando bilhões de dólares nesta batalha? Ou seja, tudo que acontece no cenário mundial desvaloriza nossa moeda. Que lógica há nisto tudo? A única lógica é que alguém ganha e alguém perde com toda esta especulação. E com certeza não é o setor produtivo, que se vê como um barco à deriva, em meio a toda esta tormenta. Para uma economia realmente globalizada, assim como fez a União Européia, teremos que caminhar gradativamente para uma moeda única e mundial. Sabemos que não será fácil, pois requer significativas melhorias nas condições econômicas dos países menos desenvolvidos. Mas este será um caminho necessário.
Outro problema que estrangula a economia é o juro. Nosso governo insiste na fórmula de aumentar o juro para conter a inflação. Embora tenha efeitos no curto prazo, uma vez que retém uma parte do capital especulativo mundial, no longo prazo os efeitos são arrasadores.

O que acontece quando o país aumenta sua taxa de juro?
A dívida do governo aumenta de forma geométrica, que por sua vez necessita aumentar seus impostos, que hoje, no Brasil, já chega a 34% do PIB. Com isso o setor produtivo enfraquece, uma vez que o dinheiro em circulação diminui (está sendo sugado para o governo pagar suas dívidas) e o custo do dinheiro para investimentos fica cada vez mais caro. Por sua vez, os novos  empreendedores se vêem em dificuldades para criar novas organizações. Sem esta atuação do Espírito humano no trabalho, forma-se menos capital. Sem capital a população empobrece. E sem surgimento de novas empresas e sem novos investimentos no setor produtivo o desemprego aumenta. E este é um círculo vicioso que corrói e destrói a base econômica do nosso país. O governo alega que necessita conservar o juro alto para manter o capital especulativo estrangeiro no país. Mas um dia ele terá que deixar-nos uma vez que este só visa lucro fácil. Ou o governo favorece o setor produtivo ou favorece o especulativo. E se o governo não favorecer a produção, sua maior base de arrecadação, ele também morre.

Outra alegação do aumento do juro foi defendida pelo Banco Central baseando-se no aumento da inflação. E que esta inflação estaria elevada pelo aumento de circulação de dinheiro na economia. Este dado não condiz com o relatório do próprio Banco Central, que em 2002 constatou a diminuição das remunerações dos brasileiros. Se a renda diminuiu, como o dinheiro em circulação poderia ter aumentado? Em nossa opinião a inflação atual tem base em três pilares principais:

• o jogo especulativo do câmbio que desvalorizou sobremaneira a nossa moeda;
• os aumentos constantes das tarifas públicas, bem acima da inflação e os aumentos programados pelos setores regulados pelo governo, como energia e telecomunicações;
• o aumento dos impostos.

No fundo não sabemos se a dívida brasileira é ou não pagável. Mas não é difícil entender o quanto estamos sendo sacrificados para saldar seus juros. E também não é difícil prever que, se hoje seja possível quitá-la, com estas taxas de juros exorbitantes, em pouco tempo não mais será.
Não será fácil para o país agir para não mais atrair este capital especulativo que aqui hoje reside. Será um remédio amargo e com certeza aprofundaremos em uma crise. Mas se não tomarmos as providências necessárias em tempo hábil, certamente experimentaremos algo muito pior.

Como citou R.Steiner, aumentar os juros para conter a alta dos preços é o mesmo que estar sentindo frio e aumentar a coluna de mercúrio de um termômetro.

Hélcio de Castro Padrão, Thaïs Abi-Sâmara e Berenice von Rückert, são membros da Associação de Pedagogia Social e consultores da Éthica Consultoria e Treinamento

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Este é um blog de ideias e notícias. Mas também de literatura, música, humor, boas histórias, bons personagens, boa comida e alguma memória. Este e um canal democrático e apartidário. Não se fundamenta em viés políticos, sejam direcionados para a Esquerda, Centro ou Direita.

Os conteúdos dos textos aqui publicados são de responsabilidade de seus autores, e nem sempre traduzem com fidelidade a forma como o autor do blog interpreta aquele tema.

Dag Vulpi

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