Financiamento público exclusivo de
campanhas eleitorais, fim das coligações partidárias nas eleições proporcionais
e votação em lista são alguns dos temas que ainda precisam de acordo para
votação.
A confirmação de que o Plenário da
Câmara vai votar alguns temas relacionados à reforma política nos dias 9 e 10
de abril deverá reabrir discussões que se arrastaram ao longo de vários
meses na comissão que foi criada especialmente para tratar do assunto.
A comissão, apesar de formalmente
estar em funcionamento, não se reúne desde abril do ano passado, e a votação do
relatório elaborado pelo deputado Henrique Fontana (PT-RS) não ocorreu por
divergências em pontos considerados “estruturais” por ele e outros integrantes
do colegiado.
A decisão de votar a reforma
política por temas foi anunciada na quinta-feira (28) pelo presidente da
Câmara, Henrique Eduardo Alves, e resgata acordo fechado no ano passado entre
líderes partidários para a análise fatiada em torno de quatro pontos
principais:
·
financiamento público exclusivo
de campanhas eleitorais;
·
coincidência de datas de eleições;
·
fim das coligações partidárias nas
eleições proporcionais; e
·
sistema de votação misto, ou seja,
no candidato e na legenda.
Além desses, as discussões de abril
deverão incluir também a proposta que busca fortalecer a participação
popular na apresentação de iniciativas legislativas.
Financiamento
público
Fontana classifica o financiamento
público exclusivo de campanha como o principal eixo de seu relatório. Esse
ponto, por sinal, provocou as maiores discórdias entre os deputados da comissão
especial na época de discussão do relatório.
Para Fontana, o financiamento
privado gera corrupção e está pautado pelo dinheiro. “O pior dos mundos é
continuar com o sistema político atual”. Um dos maiores opositores do relatório
à época era o atual líder do PMDB, deputado Eduardo Cunha (RJ), que atuou
fortemente na obstrução da votação do texto.
Na opinião de Eduardo Cunha, a
votação da reforma política deveria começar pelos temas que precisam ser
aprovados por meio de proposta de emenda à Constituição (PEC) – o que não é o
caso do financiamento público, que pode ser analisado sob a forma de projeto de
lei. “Só aceito acordo se começarmos a votação pelas PECs, porque se elas forem
rejeitadas não poderão voltar na forma de projetos de lei. O relator quer votar
seu texto, começando com o projeto de lei, porque ele poderá colocar nas PECs
os assuntos que perder”, declarou Cunha.
Fontana era contrário à tese e disse
que prefere começar a votação pelos temas que não exigem maioria absoluta, como
o financiamento público de campanha, porque são mais fáceis de serem aprovados.
“A ideia de Eduardo Cunha tem a ver com sua vontade de derrubar o financiamento
público. Eu quero votar o projeto de lei porque tem mais chance de ser votado,
parece ser mais passível de ter maioria”, justificou o relator.
Lista
partidária
Eduardo Cunha afirmou que é
favorável ao financiamento público de campanha, desde que acompanhado pela lista
partidária fechada para eleições proporcionais. O relatório de Fontana não
incorpora a lista fechada de candidatos, mas a lista flexível.
Essa modalidade garantiria ao
eleitor, na opinião de Fontana, “o poder para decidir o resultado das
eleições”. Na opinião do relator, outros sistemas já discutidos, como o voto
distrital e a lista fechada, não teriam apoio suficiente do Plenário para
aprovação.
Em versão anterior do relatório, o
eleitor seria autorizado a votar duas vezes para deputado –, podendo optar por
um nome ou um partido de sua preferência. O relator explicou que retirou de sua
proposta inicial essa opção de votar duas vezes para deputado, porque a
proposta foi considerada por alguns parlamentares como um favorecimento ao PT.
Por isso, ele propôs um sistema já
utilizado em outros países no qual o eleitor pode escolher entre o candidato e
a legenda partidária. Assim, se um partido tem direito a quatro deputados e
recebeu 75% de votos em pessoas e 25% na legenda, serão eleitos o primeiro
colocado da lista partidária e os três mais votados. A lista deverá ser
definida por votação dentro de cada partido.
Coligações
Outro aspecto da reforma política que também marca divisão de opiniões entre os deputados é o fim das coligações partidárias nas eleições proporcionais. Hoje, nas eleições para deputado e vereador, as coligações permitem a transferência de votos de um partido para outro que esteja coligado.
Outro aspecto da reforma política que também marca divisão de opiniões entre os deputados é o fim das coligações partidárias nas eleições proporcionais. Hoje, nas eleições para deputado e vereador, as coligações permitem a transferência de votos de um partido para outro que esteja coligado.
Segundo Fontana, essa experiência
provoca uma união desorganizada entre os partidos, que não fazem coligações por
questões de programa ou ideologia semelhantes. Essa medida afetaria
especialmente os partidos menores, que dependem muitas vezes dos votos das
maiores legendas para se viabilizarem eleitoralmente, já que eles têm mais
dificuldades em atingir, sozinhos, o quociente eleitoral dos respectivos
estados, que funciona, na prática, como cláusula de barreira.
Coincidência
das eleições
Já um ponto que registra maior
consenso nos debates realizados na Câmara é a coincidência das eleições para
cargos executivos e legislativos. Atualmente, a cada dois anos o País tem
processos eleitorais nacionais, ora para eleger presidente, governadores e
congressistas, ora para escolher prefeitos e vereadores. Segundo Fontana, esse
item tem apoio de mais de 80% dos deputados.
O relator defende, no entanto, que
mandatos federais não sejam prorrogados. Assim, os mandatos dos próximos
prefeitos e vereadores eleitos teriam seis anos.
Câmara
votará a reforma política nos dias 9 e 10 de abril
O presidente da Câmara, Henrique
Eduardo Alves, confirmou, nesta quinta-feira (28), a votação da reforma
política pelo Plenário nos dias 9 e 10 de abril. Segundo o deputado Henrique
Fontana (PT-RS), relator da proposta, o presidente garantiu que o assunto será
votado de qualquer maneira.
Os pontos que serão colocados em votação são:
Os pontos que serão colocados em votação são:
ü financiamento
público exclusivo de campanha;
ü fim
das coligações, porém permitindo que os partidos façam federações partidárias
que durariam, no mínimo, quatro anos
ü coincidência
temporal das eleições (municipais, estaduais e federais);
ü ampliação
da participação da sociedade na apresentação de projetos de iniciativa
popular, inclusive por meio da internet. Pela medida, 500 mil assinaturas
garantiriam a apresentação de um projeto de lei; e 1,5 milhão, de proposta de
emenda à Constituição (PEC);
ü nova
opção de lista flexível, em que o eleitor continuaria votando no deputado ou no
partido, mas só o voto na legenda é que reforçaria a lista apresentada pelo
partido.
Críticas
ao modelo atual
Fontana declarou ser um defensor
ferrenho do financiamento público de campanha. O financiamento privado,
argumentou ele, gera corrupção e está pautado pelo dinheiro. “O pior dos mundos
é continuar com o sistema político atual”, disse o parlamentar, ao deixar a
reunião com o presidente da Câmara.
Quanto à formação de federações
partidárias com um período mínimo de validade, Fontana afirmou que a medida
dará mais “nitidez” aos projetos dos partidos.
Já as listas flexíveis garantiriam
ao eleitor “o poder para decidir o resultado das eleições”. Na opinião do
relator, outros sistemas já discutidos, como o voto distrital e a lista
fechada, não teriam apoio suficiente do Plenário para aprovação.
Via portal Câmara dos Deputados
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