terça-feira, 13 de setembro de 2011

De bar em bar: A sopa de cebola do Ceasa


Por Mouzar Benedito.
Durante uma época, no final da década de 1960 e início dos anos 70, em São Paulo, muita gente da dita classe média esperava a madrugada acordada para ir tomar sopa de cebola no restaurante do Ceasa, atual Ceagesp, e quase ninguém sabia como começou essa onda de disputar lugar numa mesa com os caminhoneiros que chegavam de madrugada para entregar produtos agrícolas e outras mercadorias, para tomar sopa de cebola.
Nessa história também teve estudante no meio.
Em 1967 e 68, havia no Crusp, o Conjunto Residencial da USP, na Cidade Universitária, muitas reuniões políticas que entravam pela madrugada. Muitos estudantes que décadas depois seriam da cúpula do governo Lula participaram dessas reuniões, e lembrando bem, ex-militantes de esquerda que depois estiveram no governo FHC também. Depois de muita teoria sobre a revolução que haveria de vir, se ela seria urbana ou rural, se seria conduzida por trabalhadores ou por intelectuais, ou mesmo por militares de esquerda, se ela se iniciaria com um foco revolucionário, como a Revolução Cubana, se seria deflagrada por operários ou se a partir do campo se faria o cerco das cidades como queriam os maoístas, batia a fome. E aí? Lá pelas três ou quatro horas da manhã, todos os bares da região estavam fechados. A solução era caminhar a pé até o (então) Ceasa e dividir as mesas com os caminhoneiros para saborear um prato de sopa de cebola, coisa que parecia muito esquisita para os outros.
Era algo inacreditável na época, não pela mistura de estudantes e caminhoneiros, mas porque a cebola não era vista como componente principal de um prato, mas apenas condimento, um ingrediente secundário.
Misturar estudantes e trabalhadores era até uma proposta dos revolucionários — ainda que teóricos — de todas as tendências que terminavam suas discussões no Ceasa, comunistas, socialistas ou anarquistas de diversos matizes, muitos abrigados em siglas como PCB, PCdoB, Polop, AP, ALN, VPR… Mas comer cebola? Cruz credo, reagiam alguns, quando falávamos dessa pequena aventura gastronômica.
Quando contávamos que tomávamos sopa de cebola e gostávamos, quase todo mundo torcia o nariz. Comer cebola? Que horror! Mas caíam na tentação de experimentar e tornavam-se novos apreciadores dela.
Hoje penso que se os caminhoneiros aos quais aquela estudantada se misturava pudessem imaginar o que virariam aqueles jovens, talvez cumprimentassem alguns, mas certamente partiriam pra porrada com outros, né?
***
Mouzar Benedito, jornalista, nasceu em Nova Resende (MG) em 1946, o quinto entre dez filhos de um barbeiro. Trabalhou em vários jornais alternativos (Versus, Pasquim, Em Tempo, Movimento, Jornal dos Bairros – MG, Brasil Mulher). Estudou Geografia na USP e Jornalismo na Cásper Líbero, em São Paulo. É autor de muitos livros, dentre os quais, publicados pela Boitempo, Ousar Lutar (2000), em co-autoria com José Roberto Rezende, Pequena enciclopédia sanitária (1996) e Meneghetti – O gato dos telhados (2010, Coleção Pauliceia). Colabora com o Blog da Boitempo quinzenalmente, às terças-feiras.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

O que pode fazer com o seu voto numa democracia participativa?

Rui Rodrigues


A Democracia Participativa permite exercer a cidadania sem a incômoda participação daqueles deputados, senadores, que são escolhidos pelos Partidos Políticos que lançam as suas candidaturas. A Democracia Participativa precisa deles, e dos Partidos também, mas não com as funções nem com o poder que têm hoje.


Normalmente reclamamos deles por não fazerem o que nos parece tão lógico.


Felizmente as sociedades estão chegando á conclusão que lhes pagam demasiado para tão deficiente serviço. Nossas nações estão sempre com problemas que parecem insolúveis e não por acaso, os problemas são sempre os mesmos como se o mundo não tivesse solução e tudo seja como é pelo simples fato de irremediavelmente ser assim... Como se o mundo tivesse sido feito da forma que nos apresentam, e não houvesse solução.


Para eleger um vereador, deputado, senador ou Prefeito é necessário investir muito dinheiro. Esse dinheiro é “cedido” aos partidos políticos em roca de favores. Ninguém dá nada de forma gratuita a ninguém, exceto para obras de caridade, e não é este o caso certamente. Os Partidos fiam assim dependentes dos que lhes pagam os custos das eleições. Como você, eleitor, não lhes paga nada, eles não o representam.


Com a Democracia participativa, não se recolhem impostos e depois se vê o que se tem gastar e dividir pelos ministérios que são divididos politicamente entre os Partidos... Não! Primeiro se faz o orçamento da União para se saber se os próximos quatro anos serão de aperto financeiro porque o País tem que crescer muito, ou de alívio, porque os cidadãos querem uma “folga” nos impostos para poderem fazer o que tanto desejam e não puderam por causa da carga desses impostos nos anos anteriores.


Com a Democracia participativa, seu voto começa a ser usado em seu próprio município. Com ele pode decidir se uma estrada passará por florestas, por plantações, ou por áreas de menor utilidade. Poderá decidir sobre os custos ou sobre o início das obras de acordo com o momento econômico.


Pode votar o orçamento da União, decidindo que porcentagem das verbas se devem aplicar em educação, por exemplo, ou na agricultura, no saneamento básico, na saúde pública, nos transportes, em centros de pesquisa, na sustentabilidade, nos esportes, nas artes e na cultura...


Pode votar o salário dos membros do governo, e não estes os próprios salários que sempre sobem muito acima da inflação, enquanto o salário mínimo pouco sobe, sendo imediatamente desvalorizado pela inflação.


Pode estabelecer que porcentagem da verba de pesquisa seja destinada à cura do câncer, à pesquisa de armas ou espacial, dentre outras. Pode também votar na porcentagem a aplicar para prevenção de catástrofes, como deslizamentos de terras, inundações, construção de moradias de emergência para estes casos.


No caso de uma contenda bélica, não será o presidente que decidirá sobre declaração de guerra ou o senado... Terão que perguntar ao povo que pode responder em meia hora ou menos... Somente no caso de uma invasão de território o governo pode mobilizar as tropas para a guerra dentro das fronteiras. O mundo ficará melhor assim e menos bélico. A melhor defesa será sempre a defesa e não o ataque. Pode acontecer de a maioria dos cidadãos acharem que não necessitam de exércitos, apenas de força de polícia. Alguns países já chegaram a esse ponto de progresso.


Pode usar o voto para propor algo novo mesmo dentro da Democracia Participativa, como por exemplo, estabelecer comissões de acompanhamento junto ao Ministério da Economia, dos Transportes, do Turismo, da Educação, do Ambiente, e outras instituições, para verificar o que fazem - e como fazem - sem que tenha que ser necessário eleger um palhaço com o slogan “Sabem o que os senadores fazem no congresso? Se me derem o vosso voto e eu for eleito, depois eu conto”, estando nós esperando até hoje que nos conte...


Pode usar o seu voto para deseleger quem achar que não cumpre com as suas funções. Não precisa explicar, nem a retirada desse funcionário irá depender de julgamento nas esferas do governo ou fora dele: seu voto é soberano, e se na medida em que perder os votos, alguém eleito atingir quantidade inferior ao segundo colocado, sai e entra o segundo colocado. Se houver provas de má fé, dolo, ou de algum crime, será depois julgado na corte civil. Não pode haver duas cortes de justiça: Uma para julgar membros do governo e outra para julgar civis ou militares... Existe apenas uma justiça para um povo constituído de cidadãos iguais perante a lei. A não ser assim, comerciantes teriam direito a uma corte especial, e os miseráveis direito a outra corte...


Queremos um mundo justo, tanto quanto nos seja possível.

Manual de picaretagem intelectual


Antes de ler este artigo, sugiro ao leitor que responda ao seguinte questionário. 

Você precisa debater em público e não tem certeza da validade de seus argumentos? 

Você, com certeza, é o melhor executivo da empresa; mas por que as boas vagas sempre acabam sendo ocupadas por profissionais que você julga menos capacitados? 

Suas ideias, é claro, são sempre as melhores; por que ninguém se interessa por elas? 
Embora seja frequente, você ainda não se conformou em sempre passar por idiota? 

Você acredita, realmente, que ainda vai vencer na vida?

Então este artigo foi feito para você. Preste muita atenção!

Você não precisa se aprofundar na arte de argumentar. Muitos sábios, advogados e homens públicos já cuidaram disso por você. 

Desde a Grécia antiga, berço da civilização ocidental – começando com os filósofos sofistas e, depois, Sócrates, Platão e Aristóteles -, muitos dos grandes pensadores da humanidade se debruçaram sobre esse tema. Discutia-se a respeito dele na República e no Império Romano, em Bizâncio, na Europa  medieval, na Renascença, no Novo Continente e até hoje se acumulam novos conhecimentos sobre o assunto. 

Pensadores da estatura do filósofo alemão Arthur Schopenhauer chegaram a elaborar tratados sobre o tema. 

Há uma obra dele que merece ser lida e devidamente estudada. Foi publicada depois de sua morte e recebeu dos editores o sugestivo título “Como Vencer um Debate sem Precisar Ter Razão”. 

As conclusões são alarmantes e desoladoras. Os bons argumentos não precisam ser os melhores nem os mais verdadeiros. Bem apresentá-los é o que realmente importa.

O que cabe a você, aqui, é – de uma vez por todas – saber que os que sabem discursar melhor não são, necessariamente, os que sabem governar melhor. Os medíocres também têm vez. Não importa se seu produto é o melhor, o que importa é saber vendê-lo bem. Saiba, enfim que para vencer um debate o que menos você precisa é estar com a tese certa.

1.ª lição – Mesmo que esteja em dúvida, trate de ser convincente – se não der para convencer, confunda. Se mesmo assim não funcionar, encontre um ausente no qual pôr a culpa.

2.ª lição – Demonstre sempre certeza do que está falando, mesmo quando já tenha percebido que sua proposta está errada.

3.ª lição – Decorre da segunda: ninguém segue um líder que se mostre em dúvida.

4.ª lição – Não se preocupe em responder a um argumento correto, é muito melhor dizer que seu oponente não tem autoridade moral para afirmá-lo. Inversamente: uma boa ideia será sempre uma boa ideia, independentemente de quem a tenha tido.

5.ª lição – Apresente ideias que aparentem ser coerentes. As boas histórias só convencem a audiência se tiverem começo, meio e fim. Inversamente: não acredite em histórias perfeitas, geralmente elas são inventadas. Tenha sempre em mente que a realidade não produz enredos perfeitos.

6.ª lição – Para que ideias confusas sejam mais convincentes, você deve atribuí-las a alguém como Napoleão. Servem também Júlio César, Alexandre ou Abraham Lincoln. Ninguém se atreverá a desmenti-lo nem admitirá pouco saber sobre eles. Se a celebridade em questão já tiver falecido, nem mesmo ela poderá desmenti-lo.

7.ª lição – Os exemplos de que você se vale não precisam ser verdadeiros. Basta que eles sejam verossímeis.

As lições são inúmeras. Mas, por enquanto, são suficientes essas sete. Você ainda acredita nas palavras e nas elaborações intelectuais? Então, para terminar leia o que vem a seguir.

Recordo-me de, muitos anos atrás, ter lido um livro sobre retórica no qual havia um belo exemplo de como tudo isso funciona. O autor resumiu a questão apresentando duas biografias, retratos fiéis de grandes vultos da História.

O primeiro era um beberrão contumaz. E, não bastasse, tabagista inveterado, mulherengo e dado a excessos alimentares. Não tinha hora de dormir nem de acordar. Era indisciplinado por natureza. Não gostava de ler relatórios, era teimoso, ranzinza e não aceitava as ideias de ninguém. Por causa da teimosia, perdeu diversas batalhas, foi afastado do comando, caiu em desgraça perante a imprensa em geral e a opinião pública o desprezou por mais de duas décadas. Voltou ao poder em razão de uma grave comoção popular. Pode-se dizer que tinha grande desprezo por seus subordinados e era cético quanto à capacidade de discernimento da humanidade.

Já o segundo era praticamente o oposto. Não se conhece dele nenhum vício ou algum tipo de costume reprovável. Não fumava, não bebia e se preocupava sempre em estar dentro do peso. Extremamente metódico e disciplinado, tinha obsessão pela pontualidade. Quando não estava trabalhando, cuidava de ler e estudar. Desde pequeno sentia-se imbuído de uma grande missão. A ela dedicou toda a sua juventude. Para bem executá-la evitou até a prática sexual, só vindo a contrair matrimônio no fim da vida. 

Enquanto viveu, dedicou todo o seu tempo à sua causa. Morreu por causa dela. E sua mulher morreu logo a seguir. Todos os que o conheceram afirmam que nunca deixou de ser um idealista. Em suas aparições públicas demonstrava ser enérgico e intransigente, mas em casa seu comportamento era cordial. Seus funcionários mais íntimos foram unânimes em afirmar que era cavalheiro, polido e afável no trato. Às vezes perdia a paciência, mas só quando se sentia injustiçado.

Qual dos dois perfis é o que mais lhe agrada? 

Qual dos dois líderes você não vacilaria em acompanhar? 

Os dois líderes foram retratados com exatidão. Qual deles, a princípio, mais lhe desperta simpatia?

A maioria das pessoas, provavelmente, terá escolhido o segundo. Pois as aparências, como sempre, enganam. 

O primeiro perfil é de Winston Churchill. E o segundo, de Adolf Hitler.

domingo, 11 de setembro de 2011

Valério diz que mensalão não existiu e culpa PT por irregularidades

A defesa do publicitário Marcos Valério reafirmou, nas alegações finais encaminhadas ao Supremo Tribunal Federal (STF), que o mensalão não existiu. A ação penal sobre o caso está em fase final. Nesta quinta-feira (8), foi o último dia para que os 38 réus apresentassem defesa antes do voto do relator, ministro Joaquim Barbosa.
O suposto esquema de compra de votos de parlamentares foi revelado em 2005. Dois anos depois, o STF aceitou denúncia contra 40 réus (um morreu e outro fez acordo com o Ministério Público).
“Não há prova do mensalão, história inventada pela imaginação fértil do ex-deputado Roberto Jefferson e não demonstrada nestes autos”, diz trecho do documento de 148 páginas no qual é apresentada a defesa de Marcos Valério. De acordo com o advogado Marcelo Leonardo, os recursos repassados aos partidos se destinavam ao pagamento de dívidas das campanhas eleitorais de 2002 e 2004.
Apesar de alegar que o esquema não existiu, a defesa de Valério cobra atribuição de responsabilidade ao PT e a políticos ligados ao governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A estratégia tenta livrar o publicitário das acusações de formação de quadrilha, falsidade ideológica, corrupção ativa, peculato, evasão de divisas e lavagem de dinheiro.
Em um trecho do documento, os advogados de Marcos Valério garantem que ele era apenas o operador intermediário dos repasses de recursos financeiros, “sendo o PT – Partido dos Trabalhadores – o verdadeiro intermediário do suposto mensalão’”.
A defesa argumenta ainda que o STF não tem competência para julgar o caso, uma vez que Marcos Valério não tem foro privilegiado. Também diz que Barbosa não pode julgar o caso enquanto não houver decisão em uma ação que tenta tirá-lo do processo. A arguição de impedimento foi protocolada por advogados do publicitário depois que o ministro disse que Marcos Valério é um expert em lavagem de dinheiro.
Réus apresentam alegações finais
Os 38 réus que respondem à Ação Penal nº 470, o processo do mensalão, não perderam a oportunidade de se manifestarem pela última vez antes do início do julgamento. De acordo com o Supremo Tribunal Federal (STF), todos respeitaram o prazo e encaminharam suas alegações finais ao gabinete do ministro Joaquim Barbosa.
As alegações finais são a última parte do processo antes do início da elaboração do voto do relator. Na sequência, o processo segue para o voto do ministro revisor, Ricardo Lewandowski. Só depois o processo vai a plenário. A expectativa é que isso ocorra no primeiro semestre de 2012. A defesa dos acusados só volta a se manifestar oralmente no dia do julgamento.
Mais da metade dos réus (17) deixaram para apresentar a defesa no último dia. Entre eles, o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoíno, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e os deputados Valdemar Costa Neto (PR-SP), João Paulo Cunha (PT-SP). Também encaminharam suas defesas os ex-deputados Paulo Rocha, Bispo Rodrigues e Professor Luizinho.
As alegações finais do ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social do governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Luiz Gushiken, são o último registro de protocolo. O Ministério Público Federal (MPF) pediu a absolvição de Gushiken nas alegações finais encaminhadas a Barbosa alegando falta de provas contra o ex-ministro.
Com informações da Agência Brasil.


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Coisas da Política parte I

O Sexo e o Verde
A irritação da senadora Marta Suplicy com a cúpula do PT (leia-se José Dirceu)  e com o ex-presidente Lula  é tão furiosa que  e ela tem demonstrado isso com tanta intensidade nos círculos mais íntimos, ou nem tanto, que a ex ministra Marina Silva  já sonha em tê-la como companheira na  sua empreitada  para a construção de um novo partido.
Marta é líder absoluta de todas as pesquisas entre os possíveis candidatos à prefeitura de São Paulo. Por isso, embora  seja  também a campeã  das rejeições, ela não consegue ou não quer entender a estratégia de Lula (finalmente aceita  pela principais  lideranças  do partido) no sentido de “sacrificar” a prefeitura  paulistana, em troca do apoio do PMDB a uma candidatura petista ao governo do Estado em 2014.
Pelo projeto lulista, o PT apresentaria agora  a candidatura do novato e inviável Fernando Haddad, ministro da Educação.  Como há possibilidades concretas de que o PMDB  do vice Michel Temer chegue ao segundo turno através de Gabriel Chalita, este, em recente reunião com Lula, comprometeu-se a apoiar um candidato do PT ao governo do Estado em 2014. Desde que, é claro, seja apoiado agora.
E nessa estratégia está embutida, também  a manutenção da governabilidade de Dilma Rousseff,  o que passa por uma aliança solida e leal com o PMDB.
Marta irritou-se tanto com este “maquiavelismo barato” de Lula  que chegou a denunciá-lo  há duas semanas quando disse que e “se é para perder”, a candidatura de Haddad é uma  a melhor escolha”.
As quatro Marias
Por seu turno, a ex-ministra  Marina Silva, passa por um mau momento político. Há dois meses, ela abandonou o Partido Verde, decepcionada com  o fisiologismo e  o baixo nível de sua direção. Mas está começando a perceber que sua surpreendente  votação na campanha presidencial no ano passado foi conseqüência de  “um estado de espírito do eleitorado”, algo impalpável e difícil de ser transformado  em máquina partidária.
Daí a necessidade de  alianças, sobretudo à esquerda, para  que seu movimento (ou novo partido) que mistura  ecologia com ética política não caia  no vazio do simples moralismo  pequeno burguês,  desarticulado.
Daí seu namoro com  Heloisa Helena, atualmente sem mandato, além de  contestada e isolada  no PSOL, partido que ela fundou. E vai no mesmo sentido  o flerte da candidata verde com a ex-prefeita  paulistana, Luiza Erundina que não vê a hora de abandonar o Partido Socialista, dominado, hoje em São Paulo, pelo presidente da FIESP,  o inacreditável Paulo Skaf que só não é completamente ridículo, porque é multimilionário.
E daí a tentativa de aproximação, super discreta, com Marta Suplicy.  A dIvulgação, agora, de um acordo entre ambas, sepultaria definitivamente a candidatura da sexóloga.
Como curiosidade, vale lembrar que os  principais casos de defecção  na história do PT, foram liderados por  mulheres.
As duas matérias abaixo dão sequeência ao raciocínio desta.
 28-08-11
Dilma, em sintonia com Lula, também estimula Chalita
Há dois dias comentamos nesse blog e  demos  alguns detalhes do encontro entre o ex-presidente Lula e o deputado Gabriel Chalita (PMDB), candidato à prefeitura de São Paulo, no próximo ano (ver matéria logo abaixo desta).
E ficou claro, então, que o projeto de Lula é o de facilitar a eleição do pmedebista, agora em  2012, para garantir o apoio do seu partido a um candidato PT, ao governo do Estado  em 2014.
Ontem, a estratégia se confirmou com a informação de que a presidenta Dilma, em sintonia com Lula, também estimulou Chalita a sair candidato à prefeitura  paulistana. Foi  durante o jantar de confraternização entre a presidenta e  as principais lideranças do PMDB, oferecido pelo vice-presidente Michel Temer, há cinco dias.
Os candidatos potenciais do PT à prefeitura, principalmente Marta Suplicy, bem como boa parte da militância, relutam em aceitar ou mesmo acreditar neste fato consumado.
Mas é um fato consumado, porque, mais além da prefeitura de São Paulo e mesmo do governo do Estado, o que está em jogo e a estabilidade do Governo Dilma, a famosa governabilidade. Sem um acordo com O PMDB, na verdade um pacto que não dê margem a dúvidas e suspeitas, Dilma terá enormes dificuldades para governar.
 E a situação é tanto mais complicada, quando se sabe que, por razões externas, o País terá um crescimento  medíocre  até 2014. Os excepcionais  7,8% do ano passado  não se repetirão. Tanto Dilma quanto  o ministro da Fazenda, Guido Mantega,  acreditam que a média  anual de crescimento  ficará entre 3 e 4%.
Por Francisco Barreira http://fatosnovosnovasideias.wordpress.com/coisasdapolitica/

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

A reforma política deveria valorizar o voto do eleitor


No atual estágio da política corrupta brasileira nenhuma reforma política poderá vir de cima para baixo, sem a aprovação preliminar da sociedade. Isso é princípio de moralidade que o legislador precisa sensibilizar-se.

As decisões corporativistas de interesses políticos não podem mais prosperar no país. A sociedade eleitoral (o povo) precisa, como agente principal da democracia, ter outro tratamento. Apenas ela terá de dizer qual o sistema político representativo lhe é mais conveniente, e não certos grupos políticos, oportunistas e interessados em obter vantagens, vir vender o seu peixe à sociedade como lhe convém.

Vejam, por exemplo, a esperteza do relator da Comissão Especial da Reforma Política da Câmara, deputado Henrique Fontana (PT-RS), ao apresentar anteprojeto de reforma, que cria o sistema “proporcional misto”, uma verdadeira arquitetura da irracionalidade para enganar o eleitor e de complexo entendimento, mas, certamente, atendendo aos seus interesses: “(...) nossa proposta é que cada eleitor passe a ter direito a dois votos: no primeiro, ele vota numa lista de candidatos do partido de sua escolha; no segundo, ele vota no candidato de sua preferência. No caso da lista, (...) que os candidatos sejam definidos em votação secreta pelos filiados ou convencionais dos partidos.” Com um critério intricado como este, que mantém o nefasto sistema proporcional e institui o voto cego de lista fechada, só pode mesmo afastar o cidadão das decisões políticas.

Se for feita uma consulta popular, porque este deveria ser o caminho correto, certamente a melhor proposta seria a adoção do voto distrital puro. Por quê? Porque é o sistema eleitoral mais simples, objetivo, barato e que combateria a corrupção política pela fiscalização direta do eleitor ao parlamentar eleito.

No voto distrital, a eleição seria descentralizada e cada estado dividido em distritos com um número fixo de eleitor. Cada partido apresentaria um candidato por distrito. Quem receber mais voto ficaria com a vaga. E os eleitores teriam um leque mais reduzido de candidatos a escolher. Assim, com um representante por distrito fica mais fácil para o eleitor fiscalizar o parlamentar, o que não ocorre no sistema atual em que a maioria dos eleitores não sabe em que deputado federal votou.

No sistema distrital haverá o barateamento das campanhas, pois cada candidato só disputará voto em seu distrito, reduzindo os custos com viagens e gastos com material de propaganda, que poderão ser suportados com recursos do fundo partidário e do próprio bolso do candidato, porém jamais com financiamento público. Dinheiro público deve ser direcionado para financiar as necessidades sociais e não para campanha política.

Os deputados distritais não vão se transformar em vereadores de luxo para só tratar de sua paróquia. O eleitor distrital, conhecendo o seu representante político, saberá fazer exigências de caráter nacional, bem como de combate ao fisiologismo, ao cabide de emprego e a outros comportamentos políticos imorais.

O sistema não prejudicará minorias. No Brasil não existem minorias permanentemente alijadas, como os sunitas, em alguns países árabes, conforme afirma o cientista político Amaury de Souza. Na prática, os candidatos de um distrito terão de buscar o apoio de todos os grupos de eleitores, se quiserem vencer.

Não haverá dinastias locais eternizadas pelo poder econômico e político, como no sistema atual - José Sarney, Jáder Barbalho etc. – em que o dinheiro faz a diferença para aqueles que precisam se deslocar em grandes territórios para disputar votos. Ao concentrarem a campanha em um distrito, os candidatos menos poderosos terão mais facilidade de chegar ao eleitor no corpo a corpo.

Os partidos não ficarão mais enfraquecidos. Na realidade no Brasil não existe partido político, mas sim um cipoal de siglas partidárias, composto internamente de políticos com várias tendências ideológicas. No sistema vigente vota-se em candidatos e não em partidos. Quem votou em Tiririca, na realidade, não votou no partido, pois se Tiririca pertencesse a outro partido seria eleito da mesma forma. O voto distrital fortalecerá a qualificação dos partidos na medida em que estes se vejam obrigados a terem em suas fileiras candidatos competentes e de ilibada conduta para disputar pleitos individualmente por distrito.

Não é verdadeiro o pressuposto de que o voto distrital não vai eleger grandes cabeças pensantes. No sistema atual porventura são eleitas grandes cabeças pensantes? Nesta legislatura, 36 dos 513 deputados federais elegeram-se com votos próprios, o restante entrou graças ao facilitador coeficiente eleitoral. Desses 36, quantos são grandes pensadores? E o que dizer dos 477 caronistas?

Aqui está o maior mérito do voto distrital: a aproximação do eleito com o eleitor. Como cada político representa uma região delimitada, os eleitores do lugar poderão acompanhar mais atentamente o trabalho dos parlamentares em Brasília. Hoje, temos um sistema que distancia o eleito do eleitor, e a maioria não sabe em que parlamentar votou.

Qualquer cidadão de mediana cultura sabe que nenhum partido político brasileiro traz em seu bojo consistência de um projeto alternativo ao país. Nem o PT do Lula, que na realidade copiou o modelo de política econômica de FHC, com algumas alterações. Portanto, o voto distrital puro é o caminho mais eficaz para se ter um Parlamento efetivamente representativo e fiscalizado. É o voto da transparência em que se conhece o candidato e não o voto cego de lista fechada. Nada de sistema esdrúxulo “proporcional misto” para beneficiar partido político. 

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