Antes da festa
das medalhas que tomará conta do Rio de Janeiro nos próximos dias, o Maracanã
abre hoje (5) suas portas, às 20h, para um dos momentos mais aguardados dos
Jogos Olímpicos. A cerimônia de abertura é o instante em que todos os atletas,
desde a grande estrela do atletismo Usain Bolt até o jovem velocista Siueni
Filimone, de Tonga, desfilam pelo estádio como iguais. Naquele momento, não há
vencedores ou perdedores, apenas esportistas, protagonistas de uma grande
festa.
A cerimônia de
abertura desta edição deve seguir a tradição de anteriores, contando a história
do país-sede e de seu povo. A coreógrafa Deborah Colker, uma das mais renomadas
da dança nacional, é quem assina a coreografia do espetáculo.
A cerimônia
será dirigida por Fernando Meirelles, Andrucha Waddington, Daniela Thomas e
Rosa Magalhães, com produção executiva de Abel Gomes. A promessa é de que o
roteiro seja uma “síntese da cultura popular brasileira”. Com os nomes
envolvidos, a cerimônia de abertura no Rio de Janeiro pode ser mais uma a
entrar no rol dos grandes momentos olímpicos.
Homem-foguete
Ao longo dos
anos, os Jogos Olímpicos protagonizaram cenas históricas em cerimônias de
abertura. Em 1984, o norte-americano Bill Suitor entrou no Los Angeles Memorial
Coliseum por cima. Usando um jetpack (um jato acoplado às suas costas, como uma
mochila), ele sobrevoou o público do estádio e pousou no meio da arena, para
delírio de todos.
“Estava muito
quente. Eu me lembro de esperar para decolar, as pessoas tirando fotos e alguém
me perguntou se eu sabia que haveria 2,5 bilhões de pessoas me assistindo. E
isso faz você pensar... principalmente sobre se estatelar com o mundo assistindo”,
disse ele, em entrevista à GQ Magazine, em 2012. Mas tudo deu certo e a
aparência de um astronauta de Suitor aterrissando suavemente entrou para a
história.
Nos mesmos
jogos de 1984, o público participou ativamente da festa. Todos tinham cartões
em seus assentos e, em determinado momento, o narrador pediu para que todos
levantassem os cartões, formando um belo mosaico com as bandeiras de todos os
países participantes dos jogos.
Fogo
na ponta da flecha
Em Barcelona
1992, a cerimônia teve a participação de grande número de figurantes, que
contaram a história da criação da cidade. Milhares de pessoas fantasiadas
transformaram o Estádio Olímpico de Montjuic em vasto oceano, em um dos atos do
espetáculo. As fantasias lembravam os tradicionais desfiles da Sapucaí. A
encenação utilizou, com bastante frequência, técnicas de marionetes.
O acendimento
da pira olímpica em 1992 foi um dos mais célebres da história. O fogo foi posto
na ponta de uma flecha e coube ao arqueiro paralímpico Antonio Rebollo o papel de
acender a pira. Sob os olhares do mundo, ele atirou a flecha a uma grande
distância e a pira se iluminou, sob delírio do público. Pouco tempo depois foi
revelado que a flecha não chegou a acertar o alvo. A flecha passara por cima do
alvo e a pira foi acesa automaticamente para dar a ilusão desejada. Apesar da
descoberta, o momento continuou imortalizado como um dos mais inesquecíveis dos
Jogos Olímpicos.
Pequim
A cerimônia de
abertura dos Jogos de Pequim foi um das mais belas já vistas. Os asiáticos se empenharam
em fazer algo moderno e, ao mesmo tempo, tradicional. O resultado não poderia
ter sido mais surpreendente. Um dos pontos altos da abertura foram os 2.008
tambores que se iluminavam ao serem tocados habilmente pelos percussionistas,
em uma dança de imagem e som entrelaçados.
Tudo no
segmento artístico da abertura em Pequim parecia ter sido feito para
impressionar e criar novos parâmetros em uma cerimônia olímpica. Muitos dos
números foram criados pensando no efeito para o público no estádio, que assistia
a tudo de cima.
Roteiro
cinematográfico
Em 2012, uma
grande festa no Estádio Olímpico de Londres marcou o início dos jogos daquele
ano. Foi uma celebração tipicamente britânica, com a participação de ícones da
cultura local, como os atores Daniel Craig (conhecido por encarnar James Bond
no cinema) e Rowan Atkinson (o eterno Mr. Bean). O espetáculo da cerimônia de
abertura foi dirigido pelo cineasta Danny Boyle.
Em um grande
espetáculo teatral, Boyle fez uma retrospectiva da evolução da civilização pelas
décadas, com várias menções à arte e cultura inglesas. Se a cerimônia não
superou Pequim, foi um espetáculo grandioso, com mudanças ousadas de cenário e
que renderam vários elogios a Boyle. A cerimônia foi encerrada com Paul
McCartney cantando Hey Jude.
A próxima página dessa história será escrita nesta sexta-feira no Maracanã, sob os olhares do mundo inteiro.