terça-feira, 24 de outubro de 2017

Meritocracia: brasileiro deixou de crer em 'justiça social', diz estudo


Analistas explicam como os sucessivos escândalos de corrupção transformaram a visão do brasileiro sobre o país e sobre si mesmo, segundo dados da Pesquisa Nacional de Valores de 2017.

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Frente à crise das instituições políticas no país, o brasileiro deixou de acreditar em valores como “justiça social” para investir no “faça você mesmo”. Ao menos é o que revela a Pesquisa Nacional de Valores de 2017, realizada pelo Instituto Datafolha e publicada pelo jornal Folha de São Paulo, que ouviu 2.422 pessoas em todas as regiões do país.

Além de mostrar que o brasileiro vê o país como corrupto, mas não se enquadra na corrupção, o estudo mostrou como a crise política, causada por sucessivos escândalos de corrupção que ganharam os noticiários nos últimos anos, reflete-se na visão do brasileiro sobre o país e sobre si mesmo.

"Diante do cenário de crise, cresce a perspectiva individualista, e as pessoas querem investir nelas mesmas", disse o cientista social Fernando Abrucio, da Fundação Getúlio Vargas, em entrevista à Folha. "As pessoas acham que têm de resolver a situação por elas mesmas", completou Maria do Socorro Braga, professora de ciência política da Universidade Federal de São Carlos, também ouvida pelo jornal. Esta última enfatiza que o comportamento individual pode também ser fruto de desamparo por parte do Estado e das instituições.

Com a missão de escolher entre 90 valores os dez que melhor as definiam, os que representavam o Brasil de hoje e aquilo que desejariam para o país, os brasileiros apontaram, neste último quesito, que “aprender sempre” reina no contexto pessoal. Já na cultura desejada para o país, a escolha de “oportunidades de educação”, valor ausente na primeira edição da pesquisa, realizada em 2010, surge como o mais importante em 2017.

Fernando Abrucio explicou que a crença no crescimento pelo mérito individual resulta da melhoria das condições de vida nas últimas duas décadas. "Sem isso, ninguém apostaria em educação porque o problema era mais embaixo", analisou o cientista social.

Outros dois valores inéditos, como confiança e coragem, apontados na seara inidividual, também revelariam que a mudança passa pela "tomada de consciência de que temos de tomar as rédeas de nosso destino e do país", segundo Guilherme Marback, diretor da Crescimentum. O especialista, ouvido na mesma entrevista, aponta para o aumento na percepção dos problemas do país.

Os resultados do estudo representariam uma cisão entre os valores desejados para o país em 2010 e 2017, na opinião do sociólogo Demétrio Magnoli, colunista da Folha de São Paulo. Segundo ele, "justiça social", "moradia confortável" e "redução da pobreza" perderam espaço para "oportunidade de educação", "compromisso", "honestidade" e "cidadania". "O que antes derivava do discurso do governo de 2010 [do PT], que perdeu força, hoje deriva da ideia chave de acabar com a corrupção e o desperdício de recursos”, concluiu na reportagem.

4 comentários:

  1. Vejo como Justiça Social todo o retorno que o Estado dá aos seus cidadãos sem com isso fazer favor nenhum..Justiça Social é um direito garantido para todos e para isso são pagos os impostos...mas o que vemos é dinheiro publico ser usado para bancar campanhas políticas bilionárias e deixar o país a ver navios ...uma vergonha o assalto que sofremos em todos os sentidos sendo nós uma população tão grande sem uma liderança decente !!..Estamos acovardados pelos bandidos em todas as direções e sem ter a quem pedir socorro..Um país sendo saqueado na cara de todo o mundo e ninguém tem coragem de fazer nada...!!

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    1. Bom dia, querida amiga Teca Campelo.

      Primeiramente quero agradecer sua visita e participação neste espaço democrático, para depois afirmar que concordo plenamente com suas colocações.

      Abraço fraterno.

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  2. corrupçao ffora de controle ...
    vamos ver 2018,eleiçoes ...
    hora da limpeza.

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    1. Bom dia meu caro Ivan Balbino.

      Agradeço suas habituais visitas e participações.

      Realmente a corrupção no Brasil ficou fora de controle e não é por falta de ferramentas para combate-las, mas sim pela falta de vontade e parcialidade daqueles que deveriam controla-la.

      Abração

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