Depois
de cerca de três horas, terminou na Procuradoria-Geral da República (PGR), em
Brasília, o depoimento do executivo do grupo J&F Joesley Batista. Neste
momento, está sendo ouvido Ricardo Saud, outro executivo da holding. Os
dois chegaram por volta das 10h ao aeroporto internacional de Brasília, em um
jatinho particular para prestar depoimento. A responsável por ouvi-los é a
subprocuradora Cláudia Sampaio.
O
advogado da empresa, Francisco de Assis, que também é delator, foi o primeiro a
chegar e a depor. De acordo com a assessoria da J&F, nenhum deles falará
com a imprensa.
Os
três delatores foram convocados para esclarecer o teor das conversas gravadas
em novo áudio entregue à PGR na última semana.
Nos
diálogos, os executivos citam políticos, ex-ministros e até ministros do
Supremo Tribunal Federal. Eles também chegam a afirmar que o ex-procurador
Marcelo Miller, que participou do acordo de delação, atuou para beneficiar os
executivos.
A
PGR suspeita que Miller tenha atuado como agente duplo. O depoimento do ex-
procurador está marcado para hoje (8).
Após
receber os áudios, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, determinou
investigação para apurar as suspeitas e anunciou que reveria o acordo de
delação premiada assinado com os executivos.
Uma
das possibilidades é que, após ouvir os executivos, Janot suspenda os
benefícios da delação premiada. Entre os principais benefícios, eles não seriam
indiciados criminalmente pelos crimes relatados. Janot pode pedir também a
prisão dos delatores se entender que eles mentiram na delação. Em coletiva de
imprensa no início da semana, Janot afirmou que, mesmo cancelado o acordo, as
provas obtidas têm validade.
A
tese foi rebatida pelo advogado do presidente Michel Temer, Antônio
Cláudio Mariz. A decisão final da validade das provas deve ficar com o Supremo
Tribunal Federal.
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