O
presidente Michel Temer decidiu não responder às perguntas enviadas pela
Polícia Federal no inquérito que trata das delações premiadas feitas por
executivos da empresa JBS. Em petição protocolada na tarde de hoje (9) no
Supremo Tribunal Federal (STF), a defesa de Temer pede que as investigações
sejam arquivadas e faz críticas ao teor do questionário enviado ao presidente
na última segunda-feira (5), após o acordo de delação premiada dos irmãos
Joesley e Wesley Batista ter sido homologado pelo ministro Edson Fachin,
relator da Operação Lava Jato no STF.
Na
terça-feira (6), a pedido da defesa de Temer, Fachin prorrogou até as 17h de hoje o prazo para o
presidente responder às perguntas. Na petição protocolada no STF, os advogados
de Temer formulam uma série de argumentos para o fato de as perguntas não terem
sido respondidas, dentre os quais o “ sentimento de injustiça e sofrimento
pessoal” causado por "perguntas invasivas” e “inoportunas” a respeito do
presidente. Eles lembram que Temer não é obrigado a responder às questões e
ponderam que o presidente continua “pronto a atender” quaisquer demandas
encaminhadas por Fachin.
No
documento, a defesa de Temer avalia que os elementos que motivaram a
instauração do inquérito, como a própria delação, estão contaminados pela
“ilicitude formal e material” da gravação da conversa entre ele e Joesley
Batista na qual os dois conversam sobre o ex-presidente da Câmara dos
Deputados, Eduardo Cunha, e as investigações envolvendo o empresário. Para os
advogados, é “inoportuna e temerária ” a afirmação do Ministério Público
Federal de que um dos crimes supostamente cometidos por Temer foi o de
corrupção passiva.
“Declaração
açodada, própria de quem, antes mesmo de quaisquer investigações, já está com
uma prévia visão dos fatos, independente da vinda das provas. Acusará, ao que
parece, com provas, sem provas ou mesmo contra as provas”, afirmaram Antônio
Cláudio Mariz de Oliveira e Sérgio Eduardo Mendonça de Alvarenga.
De
acordo com a petição, “os inquisidores persistem em abordar temas estranhos ao
inquérito”, apresentando perguntas que fazem referência a fatos anteriores à
ocupação do cargo de presidente por Michel Temer. Ao final, os advogados
solicitam o envio dos autos ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot,
para que arquive o inquérito, “em face da absoluta inanição de elementos
probatórios mínimos” necessários para que seja proposta uma denúncia contra o
presidente.
“Subvertendo-se
a lógica, no caso do presidente, e ferindo-se as garantias individuais,
passou-se a investigar uma pessoa, não os fatos supostamente criminosos, como
se vigorasse em nosso ordenamento o odioso Direito Penal do Autor”, afirmam os
advogados, no documento. A defesa acrescenta que os trabalhos investigativos
“perderam-se no caminho” com a falta de elementos incriminadores e que a
investigação busca, “sem nenhum critério, métodos ou limites, encontrar
qualquer indício, o mais tênue e frágil que seja, para, com o auxílio da mídia,
dar uma repercussão a fato que enganosamente possa parecer grave”.
Em
diversos momentos, os advogados fazem menção à conduta de Fachin. Segundo eles,
se o ministro do Supremo, diferentemente da autoridade policial, fosse o autor
do questionário, haveria uma “adequada limitação das perguntas ao objeto das
investigações”.
“Indagações
de natureza pessoal e opinativa, assim como outras referentes aos
relacionamentos entre terceiras pessoas ou aquelas que partem de hipóteses ou
de suposições e dizem respeito a eventos futuros e incertos não teriam sido
formuladas. No entanto, foram feitas e demonstram que a autoridade mais do que
preocupada em esclarecer a verdade dos fatos desejou comprometer o senhor
presidente da República com questionamentos por si só denotadores da falta de
isenção e de imparcialidade por parte dos investigadores”, diz a petição.
Para
a defesa de Temer, o questionário é um “acinte à sua dignidade pessoal e ao
cargo que ocupa” e atenta contra os “direitos individuais inseridos no texto
constitucional”. “ O presidente e cidadão Michael Temer está sendo alvo de um
rol de abusos e de agressões aos seus direitos individuais e à sua condição de
mandatário da nação que colocam em risco a prevalência do ordenamento jurídico
e do próprio Estado Democrático de Direito”, destaca o documento.
Ainda
de acordo com o texto, as questões referentes à gravação não poderão ser
respondidas porque ainda não foi concluída a perícia determinada pelo STF sobre
as condições e qualidade do áudio. Da mesma forma, afirmam os advogados, também
não serão alvo “de nenhuma consideração” as indagações sobre os depoimentos de
“empresários confessadamente delinquentes” por estarem “contaminadas pelo
veneno da gravação clandestina e adulterada”.
“Ilustre
ministro, é incrível, mas deseja-se atribuir ao presidente da República poderes
adivinhatórios, ao se perguntar se ocorreu determinado encontro entre duas
pessoas, sem a sua presença, e o que é pior, qual teria sido a pauta de tal
reunião”, continua a petição, citando o número das questões mencionadas e afirmando
que perguntas sobre motivos de encontros ocorridos e grau de relacionamento são
“verdadeiras bisbilhotices”, “impróprias” para o inquérito.
se ele tivesse vergonha na cara,coisa que politico nao tem...
ResponderExcluirteria renunciado.