Um
carro acessível, que proporciona autonomia total para motoristas usuários de
cadeiras de rodas, é um dos produtos para pessoas com deficiência que estão
sendo apresentadas, de hoje (2) a domingo (4), na 15ª Feira Internacional de
Tecnologias em Reabilitação, Inclusão e Acessibilidade (Reatech), na São Paulo
Expo, localizada na Rodovia dos Imigrantes, na capital paulista.
Além do carro. estão sendo mostrados um dispositivo que possibilita alinhar a prótese com mais perfeição, um joelho biônico à prova d'água e um espaço para equoterapia, método que utiliza o cavalo como agente motivador para ganhos físicos e psicológicos.
Nesta
edição, a feira conta com 300 expositores e espera atrair 52 mil visitantes.
Segundo dados da organização do evento, com base na Associação Brasileira das
Indústrias e Revendedores de Produtos e Serviços para Pessoas com Deficiência
(Abridef), produtos e serviços voltados para esse setor movimentam um mercado
de R$ 5,5 bilhões por ano.
Entre
os produtos que estão sendo lançados este ano na feira está a Lysa, um cão-guia
robô. “A ideia surgiu quando fui professora de uma escola pública. Lá eu dava
aula de robótica e uma aluna me falou: 'professora, e se fizéssemos um
cachorro?'. Comecei a imaginar para que ele serviria e pensei que poderia
ajudar muita gente. Comecei a entrevistar uma aluna, que tinha deficiência
visual, para me falar sobre as dificuldades do dia a dia e ela me contou que
eram os objetos aéreos. Grande parte dos deficientes visuais tem cicatriz no
rosto porque a bengala não pega esse obstáculo”, contou Neide Sellin, 37 anos,
fundadora da empresa Vixsystem, responsável pelo robô. O cão-guia robotizado,
segundo ela, foi produzido por uma equipe de pesquisadores e contou com
recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq).
O
cão-guia robô detecta os obstáculos e avisa os deficientes visuais sobre essas
dificuldades, por meio de mensagens sonoras tais como “objeto à frente” ou
“obstáculo à direita”. Ele pesa em torno de 2,5 quilos, é portátil, equipado
com sensores e tem uma bateria recarregável, que dura em torno de oito horas. A
Lysa, explicou Neide, é totalmente autônoma. “O usuário não a empurra. Ela anda
sozinha. Ela tem motores que andam à frente do usuário. Ela encontra os
obstáculos e vai desviando deles”, explicou. A cão-guia Lysa custa hoje R$ 6,95
mil.
Segundo
Neide, o cão-guia robô vem suprir uma necessidade, principalmente porque há
poucos cães-guias no Brasil. “No Brasil, há 6,5 milhões de pessoas com
deficiência visual e apenas 100 cães-guias”, disse ela, em entrevista à Agência
Brasil.
Cadeira infantil
Ana
Paula, 3 anos, filha da fisioterapeuta Fernanda Cristina Teixeira, 35 anos, foi
a inspiração para que ela e o marido desenvolvessem uma cadeira de rodas
infantil, bem próxima ao chão, permitindo que a criança pegue seus brinquedos e
explore o ambiente. “Temos uma filha que, aos 8 meses, teve uma lesão medular e
começamos a ver que ela estava em uma fase em que não conseguia se deslocar e
era primordial começar esse tipo de deslocamento, até mesmo para seu
aprendizado. Começamos a procurar e não existia nada no Brasil desse tipo.
Então, resolvemos botar a mão na massa para fazer uma cadeira, um carrinho, ou
algo que pudesse atender às necessidades dela”, contou.
A
cadeira, da empresa que eles criaram, a Fly Children, é voltada para crianças
de 1 a 4 anos que tenham deficiência motora, principalmente no membro inferior,
ou doenças que acarretem dificuldades para que ela fique em pé ou sentada, sem
apoio. A cadeira é feita em espuma de poliuretano e pesa em torno de 8 quilos.
“A
criança toca sozinha a cadeira. Ela tem a capacidade de tocar com os braços ou
com as mãos porque é uma cadeira leve, de fácil manuseio. Nossa ideia não é que
os pais empurrem a criança, mas que ela tenha essa independência e possa se
deslocar pela casa”, explicou. A cadeira custa R$ 1,5 mil e, a cada venda,
Fernanda doa uma para alguma família de baixa renda.
Atletas
O
primeiro dia da feira atraiu vários atletas brasileiros consagrados, como a
ex-ginasta Laís Souza, que ficou tetraplégica em 2014 após sofrer um acidente
treinando para as Olimpíadas de Inverno, e o nadador aposentado Clodoaldo
Silva, vencedor de 14 medalhas paralímpicas. Eles foram bastante procurados
para fotos durante o evento.
O
estudante João José Paulino, 19 anos, é uma das pessoas que aguardaram para
tirar foto ao lado da ex-ginasta. Aos 17 anos, ele sofreu um acidente de carro
que o deixou tetraplégico. Paulino saiu da cidade de Paranaíta, no norte de
Mato Grosso, para visitar a feira pela primeira vez. Uma das coisas que mais
chamou a atenção dele foi o carro que pode ser conduzido por quem está em
cadeira de rodas. “Ele dá bastante independência para a gente. Ele não tem um
preço acessível, mas se tivemos condições, queremos”, disse. “Há muitos
produtos novos aqui para melhorar a vida da gente. Estamos aqui para viver e
ser feliz. Então, é tocar pra frente”, acrescentou.
Para
Laís Souza, além da venda e apresentação de produtos, a feira é também uma
forma de expressão. “É uma forma de fazer com que os deficientes, os
cadeirantes, abram a mente e os conhecimentos para estar próximos de uma vida
mais simples, mais prática e adaptada”, disse a ex-ginasta, que contou à
reportagem que seu tratamento vem evoluindo bem. “Estou melhorando, acho. Pelo
menos minha saúde está melhor, estou um pouco mais forte para encarar o dia a
dia. Muitas vezes, acabo ficando mal, sentindo alguma dificuldade, mas está
indo. Estou trabalhando bastante”,afirmou.
Veterano
das piscinas e da feira, que costuma visitar sempre, Clodoaldo Silva disse que,
apesar dos avanços, as pessoas com deficiência ainda se ressentem de produtos e
mecanismos para que tenham mais acessibilidade em todo o mundo. O “tubarão” das
piscinas, como foi apelidado, lembra que grande parte dessa tecnologia ainda
não está disponível para todas as pessoas com deficiência.
Ele
observou que infelizmente, [essa tecnologia] ainda não está acessível para a
maioria das pessoas com deficiência, que o país vive atualmente uma crise sem
precedentes e as pessoas com deficiência sofrem com esse desafio. “Mas acredito
que essas condições podem evoluir, melhorar, para, aí sim, um dia, quem sabe,
essa tecnologia e essa acessibilidade estarem disponíveis para todos”,
ressaltou.
talvez se ela ficasse na ginastica artistica nao teria acontecido isso !!!
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