Alegando
falta de provas e descartando o conteúdo das delações dos executivos da
Odebrecht e dos marqueteiros João Santana e Mônica Moura, o ministro do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Admar Gonzaga votou há pouco contra a
cassação da chapa Dilma-Temer, vencedora das eleições de 2014. Com isso, o
placar da votação passa a ser de 2 votos contra e 1 a favor da cassação.
“Diante
disso, à míngua de um contexto probatório contundente diante da gravidade
sustentada, não reconheço a prática de abuso de poder em decorrência dos fatos
em análise”, disse Gonzaga em seu voto. “Não vislumbro a ocorrência de outros
fatos que corroborem a destinação de fato abusivo”, reforçou.
No
início do seu voto, Admar Gonzaga criticou o pedido de suspeição dele
feito pelo vice-procurador eleitoral, Nicolao Dino. Para ele, o pedido é uma
crítica aos advogados. “Não está em jogo aqui uma causa das eleições de 2010
que advoguei, e fiz com todo o esforço, e quando daqui sair, respeitada a
quarentena, o farei novamente. Temos verificado essa astúcia de trazer, pouco
antes da minha manifestação, uma espécie de constrangimento que eu não merecia.
Esse comportamento tático não vai me constranger. Estou aqui revigorado para
honrar os colegas [advogados] que estão aqui”, disse o ministro, que representa
a classe dos advogados na composição da Corte.
Aos
recusar a utilização dos depoimentos de executivos da empreiteira Odebrecht e
dos marqueteiros João Santana e Mônica Moura, Gonzaga alegou a preservação da
segurança jurídica. “É preciso resguardar a segurança jurídica e política no
exercício dos mandatos. É essencial conferir o mínimo de legitimidade aos
exercentes do poder político, que não podem tomar decisões importantes com a
espada de Dâmocles na cabeça, e uma espada que aumente de tamanho a cada dia”,
disse o ministro.
Gonzaga
reconheceu que os depoimentos das delações tratam de "fatos gravíssimos
que merecem apuração", mas que não podem ser tratados nesta ação, "em
respeito à regra da congruência". "No Brasil de hoje [no contexto da
Lava Jato], a cada vez que se mete a mão sai uma galinha. Mas tem que se
reformular [a ideia] para o direito eleitoral. Pode sair a pena, mas tem que
ser daquela galinha”, disse em referência à peça inicial.
Na
sequência da sessão, deverão votar os ministros Tarcisio Vieira, Rosa Weber,
Luiz Fux, e o presidente do tribunal, Gilmar Mendes, caso a votação esteja
empatada.
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