O
presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, planeja anunciar em breve em
Miami, na Flórida, uma série de mudanças na política para Cuba que pode
endurecer significativamente as condições para o comércio e as viagens de
americanos à ilha. As informações foram confirmaradas à Agência EFE nesta
terça-feira (31) por três fontes próximas ao processo.
Ao
chegar ao poder em janeiro, Trump ordenou que sua equipe fizesse uma revisão da
política de abertura a Cuba, estabelecida a partir de dezembro de 2014 por seu
antecessor, o ex-presidente Barack Obama.
A
revisão está perto de terminar e a equipe de Trump pretende apresentar ao
presidente uma série de opções para que ele decida qual tomar, disse hoje à EFE
uma fonte do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.
Segundo
fontes próximas ao processo de revisão, a Casa Branca já decidiu que Trump fará
nas próximas semanas um discurso semelhante a um comício em Miami para detalhar
as mudanças. O evento estaria programado para ocorrer em meados de junho:
"está certo que Trump vai a Miami e fará um discurso, mas os detalhes
ainda estão sendo negociados".
Entre
as possíveis mudanças está a proibição de empresas dos EUA de negociar com
companhias ou órgãos que estejam ligados às Forças Armadas Revolucionárias
(FAR) de Cuba. Outra revisão prevê a imposição de mais restrições a viagens de
americanos à ilha.
Também
é provável que Trump anule a ordem executiva publicada por Obama em 2016, que
servia como guia esclarecendo a responsabilidade de cada órgão do governo
norte-americano na nova relação com Cuba.
Ainda
que Trump não esteja cogitando romper as relações ou fechar a embaixada dos EUA
em Havana, as mudanças estão longe de ser meramente simbólicas, afirmaram as
fontes consultadas pela Agência EFE.
"Essa
é uma marcha ré significativa em relação à política de aproximação de
Obama", afirmou uma fonte, que defende o fim do embargo comercial a Cuba.
"Proibir
todas as transações relacionadas com o Exército cubano pode parecer inócuo,
mas, na prática, isso sufocará todo o comércio com Cuba", avaliou a fonte
consultada pela EFE.
Para
o Departamento do Tesouro dos EUA é difícil ter certeza de que uma empresa estatal
cubana não tem vínculo com as FAR. Isso criaria incerteza para as companhias
americanas, que não vão se arriscar.
Trump
também pode instruir o Departamento de Estado a focar mais nos direitos
humanos, segundo John Kavulich, que preside o Conselho Comercial e Econômico
EUA-Cuba, um grupo de empresas americanas interessadas em fazer negócios com a
ilha.
Turismo
Ainda
que o turismo de americanos em Cuba não seja permitido, Obama relaxou as
restrições de viagem e autorizou que cidadãos dos EUA se autodeclarassem
participantes de uma visita educativa, cultural ou de outro tipo à ilha.
Kaluvich
explicou que a intenção da equipe de Trump é, pelo menos, reforçar os controles
de imigração para que os americanos que retornem de Cuba provem que viajaram à
ilha pelos motivos alegados.
Outra
opção é eliminar a autocertificação de Obama e obrigar que todos obtenham
licenças específicas para viajar a Cuba, algo que pode desestimular os turistas
e dificultar as operações das companhias aéreas que estabeleceram rotas regulares
para a ilha.
Dois
republicanos de origem cubana foram essenciais no processo de revisão da Casa
Branca: o senador Marco Rubio e o congressista Mario Díaz-Balart. Todos teriam
recebido garantias do próprio Trump de que o presidente endureceria as políticas
para Cuba se eles colaborassem com o presidente em vários temas, como as
indicações de membros para formar o governo e a lei de reforma da saúde.
Rubio
segue negociando com a Casa Branca o conteúdo do discurso de Trump, mas, por
enquanto, a equipe de estrategistas do presidente tem levado a melhor no debate
interno sobre quase todos os órgãos do governo, que se mostraram favoráveis a
manter a política de Obama para Cuba, afirmaram duas das fontes ouvidas pela
EFE.
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