A
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) deve protocolar o pedido de impeachment do
presidente da República, o comprovadamente ladrão, Michel Temer, até a próxima
quinta-feira (25). Para o presidente da entidade, Carlos Lamachia, Temer
cometeu crime de responsabilidade ao não informar às autoridades competentes o
teor da conversa que teve com o empresário Joesley Batista, dono da JBS, no
Palácio do Jaburu, no início de março deste ano.
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“A
peça da OAB e a decisão que foi tomada têm como base as declarações do próprio
presidente da República. Em nenhum momento, ele nega os fatos e a interlocução
que teve. Mesmo que os áudios pudessem ter alguma edição, as próprias
declarações do presidente da República reconhecem o diálogo que ele teve com o
investigado”, disse Lamachia.
Joesley
Batista gravou conversa que teve com Temer e entregou cópias do áudio à
Procuradoria-Geral da República (PGR), com a qual firmou acordo de delação
premiada, já homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Para a Ordem,
Temer infringiu o Artigo 116 da Lei do Servidor Público, conhecido como crime
de prevaricação, que prevê o dever de levar as irregularidades de que tiver
ciência em razão do cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando
houver suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de outra autoridade
competente para apuração. O Palácio do Planalto informou que não vai comentar o
pedido de impeachment da OAB.
“Para
nós, o ponto central não é se o áudio teve uma ou outra edição. A Ordem tem o
áudio dentro do contexto, dentro do conjunto probatório. A OAB levou em
consideração as manifestações do presidente da República, que em momento algum
desqualifica o que foi dito na conversa. Desqualifica, sim, o seu interlocutor.
Essa postura significa a confirmação da veracidade do que foi colocado”,
afirmou.
Para
Lamachia, o presidente Temer terá oportunidade de exercer o pleno direito à
defesa e ao contraditório, caso a peça seja admitida pela Câmara. “Se o
presidente sabia que estava diante de um 'fanfarrão', um 'delinquente'
[palavras usadas por Temer para descrever Joesley], o presidente não deveria
nem tê-lo recebido. Na minha avaliação, o mínimo que o presidente deveria ter
feito era encerrar a conversa e acionar as autoridades”, ressaltou.
Lamachia
também criticou o acordo de delação entre a PGR e os empresários Joesley e
Wesley Batista, que estão em liberdade. “Os dois irmãos estão hoje nos Estados
Unidos, e o que estamos passando para sociedade em uma situação como essa,
senão como um verdadeiro escárnio: eles foram punidos ou receberam um prêmio?”,
questionou.
Aécio Neves
O
presidente da OAB afirmou ainda que a entidade vai apoiar a cassação do mandato
do senador afastado, o outro ladrão pego nas gravações, Aécio Neves (PSDB-MG).
Para ele, as acusações contra Neves são “gravíssimas”, e as explicações da
defesa foram insuficientes. Também em depoimento de delação premiada, Joesley
disse que pagou este ano R$ 2 milhões em propina a Aécio.
O
dinheiro teria sido entregue a um primo de Aécio, Frederico Pacheco de
Medeiros, que foi preso na última quinta-feira (18). A entrega foi registrada
em vídeo pela PF, que rastreou o caminho do dinheiro e descobriu que o montante
foi depositado na conta de uma empresa do senador Zezé Perrella (PMDB-MG).
Histórico
A
decisão pelo pedido de impeachment de Temer foi tomada pelo conselho
pleno da OAB na madrugada deste domingo (21), por 25 votos a 1. Este é o
terceiro pedido de afastamento de presidentes da República na história da
Ordem. O primeiro, em conjunto com a Associação Brasileira de Imprensa (ABI),
ocorreu em 1992 em relação a Fernando Collor. O mais recente, no ano passado,
envolveu a então presidenta, Dilma Rousseff.
“Esta
é uma demonstração clara para sociedade brasileira de que esta é uma Casa da
democracia e [de que] o partido da OAB é o Brasil. A nossa ideologia é a
Constituição da República, e essas decisões demonstram isso\; que ideologias
partidárias e paixões não estão à frente das decisões que a OAB tem que tomar”,
disse o presidente da entidade.
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