Os
oito ministros citados por delatores da Operação Lava Jato serão investigados
por terem recebido pelo menos R$ 48,8 milhões de forma ilegal. Todos foram
citados como envolvidos no esquema de corrupção investigado pela força-tarefa
da Lava Jato, nos depoimentos de 17 delatores da empresa Odebrecht, que
assinaram acordos de colaboração premiada com a Justiça.
Leia
também:
O
ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal
Federal (STF), ordenou a abertura de inquéritos contra os oito ministros.
Moreira Franco e Eliseu
Padilha
O
ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o ministro da Secretaria de
Governo, Moreira Franco, serão investigados em um mesmo inquérito, no qual o
Ministério Público Federal apontou indícios de que ambos pediram recursos
ilegais para campanhas eleitorais do PMDB.
Eles
foram citados nos depoimentos de seis delatores da Odebrecht, incluindo o do
ex-presidente-executivo do grupo, Marcelo Odebrecht. Moreira Franco teria
pedido R$ 4 milhões para a campanha de 2014, garantindo em troca a inclusão de
cláusulas favoráveis à empresa nos editais de concessão de aeroportos. O
dinheiro teria sido entregue a uma pessoa com o codinome “Primo”, em endereços
que correspondem ao escritório pessoal de Eliseu Padilha.
Padilha
também será investigado em um segundo inquérito, ligado a irregularidades em
obras do Trensurb, em Porto Alegre. Segundo as delações, ele solicitou o
pagamento de 1% do valor do contrato, em decorrência de sua possível
interferência no processo licitatório, o que corresponde a R$ 3,2 milhões.
Em
nota, Padilha disse que confia nas instituições brasileiras e tem certeza de
que "com a abertura das investigações lhe será garantida a oportunidade
para exercer amplamente seu direito de defesa”. Moreira Franco disse que não
comentará as informações divulgadas.
Gilberto Kassab
A
maior quantia apontada nas delações teria sido recebida pelo ministro da
Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab. Ele foi
apontado por quatro delatores por ter recebido cerca de R$ 20 milhões em
vantagens indevidas entre 2008 e 2014, enquanto foi prefeito de São Paulo e,
depois, quando ocupou os cargos de ministro das Cidades e da Ciência e
Tecnologia do governo Dilma Rousseff.
Kassab
está sendo investigado por corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro. Em
nota, o ministro disse não ter tido acesso oficialmente às informações contra
ele, mas que é necessário ter cautela com depoimentos de colaboradores. Ele
afirmou que “os atos praticados em suas campanhas foram realizados conforme a
legislação”.
Blairo Maggi
O
ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Blairo Maggi, é
apontado pelos delatores por ter recebido R$ 12 milhões da Odebrecht quando ele
ainda era governador de Mato Grosso. O valor seria para a campanha de reeleição
do político em 2006.
Em
nota, Blairo Maggi informou que não recebeu doações da Odebrecht em suas
campanhas eleitorais e não tem qualquer relação com a empresa ou os seus
dirigentes. Maggi também afirmou que tem a consciência tranquila de que nada
fez de errado.
Marcos Pereira
O
ministro da Indústria e Comércio Exterior, Marcos Pereira, é acusado pelos
delatores de ter recebido R$ 7 milhões. O dinheiro seria para manter o apoio do
partido do ministro, o PRB, à coligação que elegeu Dilma Rousssef e Michel
Temer em 2014.
O
ministro Marcos Pereira disse estar à disposição da Justiça para prestar todos
os esclarecimentos necessários e que sempre agiu dentro da lei enquanto
presidente de partido, buscando doações empresariais respeitando as regras
eleitorais.
Helder Barbalho
Os
delatores da Odebrecht também acusam Helder Barbalho, ministro da Integração
Nacional, de receber R$ 1,5 milhão em vantagens indevidas não contabilizadas
para sua campanha ao governo do Pará, em 2014.
Barbalho
nega que tenha cometido ilegalidades e diz que todos os recursos que recebeu
como doações para sua campanha em 2014 foram devidamente registradas junto ao
Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PA), que aprovou todas as suas contas.
Bruno Araújo
Os
ex-executivos da Odebrecht dizem que pagaram R$ 600 mil para o ministro das
Cidades, Bruno Araújo, a pretexto das campanhas eleitorais em 2010 e 2012. O
dinheiro não teria sido contabilizado pela Justiça, o que configuraria caixa 2.
O
ministro das Cidades será investigado por corrupção ativa, passiva e lavagem de
dinheiro. Em nota, Bruno Araújo afirma que pediu doações a diversas empresas,
inclusive à Odebrecht, o que era permitido. E que sempre atuou, durante o
mandato, em prol dos interesses coletivos.
Aloysio Nunes
O
ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, é acusado de receber R$ 500
mil para campanha ao Senado de 2010. Os delatores afirmam que o pedido foi
feito enquanto Nunes era secretário da Casa Civil do governo de José Serra, em
São Paulo. Em troca, o atual ministro teria se comprometido a ajudar a empresa
na negociação de contratos de obras de infraestrutura no estado.
Aloysio
Nunes está sendo investigado por corrupção passiva e ativa, lavagem de
dinheiro, crime contra ordem tributária e fraude em licitação. Em nota, o
ministro disse que só irá se manifestar quando tiver acesso ao teor do
inquérito.
Boa tarde!
ResponderExcluirNessas horas lamento não haver no Brasil um mecanismo que permita a convocação de novas eleições por motivo de insatisfação popular.
Com o Executivo e o Legislativo afundados nesse lamaçal, somente a Justiça pode operar com as suas limitações quanto á legalidade enquanto os atuais ocupantes dos cargos eletivos na esfera federal em Brasília continuam a nos impor suas polêmicas reformas faltando-lhes hoje legitimidade moral para decidir assuntos da mais alta relevância.
A meu ver, o povo deveria ir às ruas e pedir a renúncia coletiva de todos para que, neste caso, possa haver novas eleições no país. Mas que tenhamos paciência porque agora as investigações da Lava Jato irão acelerar ainda mais.
Um abraço e feliz Páscoa.