Agência Brasil
A presidente
do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, disse hoje (19) que
ainda não estudou como ficará o andamento dos processos da Operação Lava Jato.
O ministro Teori Zavascki, que morreu em acidente de avião na tarde de hoje,
era o responsável pela condução das investigações na Corte.
“Não estudei
nada por enquanto. A minha dor é humana, como eu tenho certeza é a dor de todo
brasileiro por perder um juiz como esse", disse.
Cármen Lúcia
recebeu a notícia da morte de Teori em Belo Horizonte e retornou no início
noite a Brasília para acompanhar o caso. Aparentemente abatida, a ministra
foi diretamente do aeroporto ao Supremo para falar com os jornalistas sobre a
morte de Teori, a quem chamou de “um amigo super afetuoso, leal, digno”.
Durante
entrevista, Cármen Lúcia confirmou que o velório do ministro será em Porto
Alegre, onde mora a família dele, e não no Salão Branco do STF, como é
tradicional na Corte. Ela informou estar em contato constante com a
família de Teori, de quem partiu o pedido para que o velório fosse realizado na
capital gaúcha, onde o ministro morava e onde construiu sua carreira. "O
Supremo acata e dará todo o suporte para tudo que for necessário”, disse a
presidente do STF. A data ainda não foi definida porque o Corpo de Bombeiros
de Paraty (RJ) ainda faz o trabalho de busca dos corpos.
“O Supremo se
ressente e vai ressentir sempre da perda de um juiz como esse. Esperamos agora
que o desenlace dos acontecimentos aconteça de uma maneira bem humana”,
acrescentou.
Regimento
Interno
Com a morte de
um ministro, o Artigo 38 do Regimento Interno do Supremo prevê que os processos
deverão ser herdados pelo juiz que ocupar a vaga. Ou seja, seria necessário
aguardar a escolha de um novo ministro pelo presidente da República para substituir
Teori e, com isso, assumir todos os processos do magistrado, incluindo os da
Lava Jato.
Outro trecho
do regimento, no entanto, faz exceção para alguns tipos de processo cujo atraso
na apreciação poderia acarretar na falha de garantia de direitos, no caso de
ausência ou vacância do ministro-relator. Por exemplo: habeas corpus e
mandados de segurança. Nesses casos, as ações podem ser redistribuídas a pedido
da parte interessada ou do Ministério Público.
Casos
excepcionais
A presidente
do STF, ministra Carmén Lúcia, tem a prerrogativa de, a seu critério, em casos
excepcionais, ordenar a redistribuição dos demais tipos de processo, como um
inquérito, por exemplo, que é o estágio em que se encontra a tramitação da Lava
Jato no STF.
Assessores
jurídicos do STF levantaram também a hipótese, embora menos provável, de que os
ministros possam se reunir para, inclusive, modificar o regimento e adequá-lo à
situação. Por isso, eles afirmaram ser precipitado definir o que pode ocorrer
com a parte da Operação Lava Jato que tramita na Corte.
Quando o
ministro Carlos Alberto Menezes Direito morreu, em 1º de setembro de 2009, o
ministro sucessor, Dias Toffolli, herdou cerca de 11 mil processos, com exceção
daqueles nos quais ele havia atuado como advogado.
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