Agência Brasil
O ministro do
Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki, morreu hoje (19). O avião em
que o ministro estava caiu no mar em Paraty (RJ). A morte foi confirmada por um
dos filhos do magistrado por uma rede social. Zavascki era o relator dos
processos de investigados, com foro privilegiado, na Operação Lava Jato.
Regimento
interno
Com a morte de
um ministro, o Artigo 38 do regimento interno do Supremo Tribunal Federal (STF)
prevê que os processos deverão ser herdados pelo juiz que ocupar a vaga. Ou
seja, seria necessário aguardar a escolha de um novo ministro pelo presidente
da República para substituir Teori e, com isso, assumir todos os processos do
magistrado, incluindo a Lava Jato.
A Constituição
Federal não estipula prazo para a nomeação do novo ministro, cujo nome
precisaria ser aprovado pelo Senado.
Um outro
trecho do regimento, no entanto, faz a exceção para alguns tipos de processo
cujo atraso na apreciação poderia acarretar na falha de garantia de direitos,
no caso de ausência ou vacância do ministro-relator. Por exemplo: habeas
corpus e mandados de segurança. Nesses casos, as ações podem ser
redistribuídas a pedido da parte interessada ou do Ministério Público.
Antes do prazo
de 30 dias, medidas urgentes podem ser deliberadas pelo revisor do processo, se
já houver. Se um revisor ainda não tenha sido designado para a ação, decisões
emergenciais podem ser tomadas pelo ministro que entrou antes de Teori, ou
seja, Luiz Roberto Barroso. Tais regras constam no Artigo 68 do Regimento Interno do STF.
Casos
excepcionais
A presidente
do STF, ministra Carmén Lúcia, tem a prerrogativa de, a seu critério, em casos
excepcionais, ordenar a redistribuição nos demais tipos de processo, como um
inquérito, por exemplo, que é o estágio em que se encontra a tramitação da
maioria dos processos Lava Jato no STF.
Na hipótese de
redistribuição, se daria por sorteio. Mas para assessores jurídicos consultados
no STF não está claro se a escolha seria entre todos os ministros remanescentes
ou somente entre aqueles que integram a turma da qual Teori Zavascki fazia
parte.
Os ministros
do STF estão divididos em duas turmas. Integram a turma da qual Teori fazia
parte os ministros Dias Toffolli, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Celso de
Melo.
A dúvida
existe porque alguns processos da Lava Jato que já se tornaram ação penal foram
designados como de competência da turma, mas outros, do plenário, de acordo com
diferentes critérios do próprio regimento.
Assessores
jurídicos do STF levantaram também a hipótese, embora menos provável, de que os
ministros possam se reunir para, inclusive, modificar o regimento e adequá-lo à
situação. Por isso, eles afirmaram ser precipitado definir o que pode ocorrer
com a parte da operação Lava Jato que tramita na Corte.
Quando o
ministro Carlos Alberto Menezes Direito morreu, em 1º de setembro de 2009, o
ministro sucessor, Dias Toffolli, herdou cerca de 11 mil processos, com exceção
daqueles nos quais ele havia atuado quando ocupou o cargo de advogado-geral da
União.
No caso de
alguns processos mais urgentes, como pedidos de habeas corpus feitos
por pessoas presas, o presidente do STF à época, Gilmar Mendes, ordenou a
redistribuição pouco após a morte de Menezes Direito.
Até a morte do
ministro Teori Zavascki, Menezes Direito havia sido o único ministro a ter
falecido enquanto estava no exercício do cargo desde a redemocratização do
país, em 1988.
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