A presidenta
afastada Dilma Rousseff entregou ao Supremo Tribunal Federal uma manifestação
na qual afirma que está em curso no país um golpe de Estado. Esta foi a
resposta de Dilma à interpelação judicial feita ao STF, no mês passado, pelos
deputados Júlio Lopes (PP-RJ), Carlos Sampaio (PSDB-SP), Pauderney Avelino
(DEM-AM), Rubens Bueno (PPS-PR), Antônio Imbassahy (PSDB-BA), Paulo Pereira da
Silva (SD-SP). Os parlamentares questionaram o fato de a presidenta ter dito
várias vezes que o processo de impeachment é golpe de Estado.
“Uma razão
move a Sra. Presidente da República, ora requerida, ao decidir apresentar sua
resposta a esta interpelação. É a sua convicção, acompanhada por escritos de
juristas e de cientistas políticos brasileiros e estrangeiros, de artigos e de
editoriais de importantes jornais de todo o mundo, de que realmente está em
curso um verdadeiro golpe de Estado no Brasil, formatado por meio de um
processo de impeachment ilegítimo e ofensivo à Constituição”, diz o texto
entregue ontem (7) ao STF.
Os
deputados pediram que a presidenta explicasse, entre outros pontos, quais atos
compõem o golpe denunciado por ela, quem são os responsáveis, quais
instituições atentam contra seu mandato e quais as medidas que ela pretende
tomar, na condição de Chefe de Governo e Chefe de Estado, para resguardar a
República. A relatora da ação, ministra Rosa Weber, determinou, no mês passado,
prazo para que a presidenta se manifestasse.
A manifestação
é assinada pelo ex-advogado-geral da União José Eduardo Cardozo, responsável pela
defesa da presidenta, e tem 42 páginas. No texto, a defesa diz que a presidenta
se manifesta porque ao se silenciar com relação a ação estaria submetendo-se a
intimidações.
“Silenciar
diante desta interpelação seria negar uma vida e submeter-se a uma tentativa de
intimidação. Uma vida que resistiu à prisão e às torturas impostas durante o
período da ditadura militar, sem abdicar das suas crenças. Uma vida, de quem se
orgulha de ser mulher e de não se curvar diante de ameaças, de intimidações ou
de arbítrios, venham de onde vierem”, diz o documento.
No texto, a
defesa diz que membros e defensores do governo interino têm se demonstrado
incomodados com o uso da expressão "golpe". “Tem sido público o
incômodo dos membros e dos defensores do governo interino com a palavra golpe,
quando utilizada para se referir ao atual processo de impeachment em curso. As
palavras, sempre que expressam uma realidade que se deseja ocultar, ferem de
morte os ouvidos dos que preferem o silêncio à revelação da verdade” diz a peça
da defesa.
Em outro
trecho, a defesa diz que “fica evidente de que todos os agentes públicos e
privados, que de forma dolosa tenham atuado, de algum modo, para que esse
processo de impeachment tivesse andamento, indiscutivelmente, devem ser tidos
do ponto de vista histórico e político como coautores deste golpe de Estado em
curso no Brasil”.
Na
manifestação, são citadas também as gravações feitas pelo ex-presidente da
Transpetro, Sérgio Machado. “Ao serem divulgados pela imprensa, estes diálogos,
demonstraram cabalmente, que a verdadeira razão deste processo de impeachment não
é a aplicação de eventuais crimes de responsabilidade a uma Presidenta da
República que eventualmente os tivesse praticado. A intenção é, na verdade,
afastar uma Presidente da República, pelo simples fato de ter cumprido a lei,
ou seja, ter permitido que as investigações contra a corrupção no país
avançassem de forma autônoma e republicana.”
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