A Câmara dos
Deputados aprovou na noite de ontem (14) o texto-base do Projeto de Lei (PL)
4.918/16, que cria regras para nomeação de dirigentes de empresas estatais dos
três níveis de governo, normas para licitações e práticas de transparência. Os
deputados aprovaram um texto substitutivo do relator, deputado Arthur Maia
(PPS-BA), com mudanças na proposta anterior. Como o texto foi alterado, o
projeto voltará ao Senado.
Aprovado pelo
Senado em abril, o projeto determina que as nomeações de diretores, membros do
conselho deliberativo e de presidentes desses órgãos e empresas sigam critérios
técnicos, de preferência com pessoas do próprio quadro.
Pelo projeto,
os indicados para membros do conselho de administração e para os cargos de
diretor, inclusive presidente, diretor-geral e diretor-presidente terão que ter
experiência profissional mínima de dez anos ou de quatro anos ocupando cargos
de primeiro ou de segundo escalão em empresas de porte semelhante.
Também poderão
ser indicados os profissionais que tenham exercido por quatro anos cargo em
comissão equivalente a DAS 4 no setor público ou de docente ou pesquisador em
áreas de atuação da empresa.
Uso
político
O relatório
inicial de Maia proibia a nomeação de dirigentes partidários e sindicais a
cargos em estatais. Dirigentes sindicais também não poderiam participar de
conselhos de administração. Segundo o relator, a intenção era limitar o
uso político das indicações de dirigentes dessas empresas. No entanto,
depois das negociações feitas em plenário, o relator mudou o texto e retirou as
proibições.
A restrição
foi criticada por parlamentares por considerarem a medida discriminatória e
inócua. “Os ex-diretores da Petrobras, por exemplo, Renato Duque, Jorge Zelada,
Nestor Cerveró, todos tinham mais de dez anos de experiência profissional e
fizeram o que fizeram. Ou seja, experiência mínima não assegura grandeza de
caráter”, criticou o deputado Hildo Rocha (PMDB-MA).
Já o líder do
PCdoB na Câmara, deputado Daniel Almeida (BA), considerou que a medida atendia
à pressão do mercado sobre as estatais. “Isso é discriminação com aqueles que,
muitas vezes, defendem os interesses das estatais ao lado dos trabalhadores”,
disse.
A deputada
Erika Kokay (PT-DF) disse que a medida poderia favorecer a influência do
mercado e de empresas concorrentes nas estatais. “Ele [o projeto] impõe a
presença de 25% de representantes do mercado – ditos independentes – no
conselho de administração das estatais. Isso quer dizer que nós teremos
representantes de concorrentes do mercado compondo uma parte do conselho de
administração das estatais”.
Para o
deputado Carlos Zarattini (PT-SP), o objetivo da proposta era favorecer a
influência do mercado na administração das estatais. “Um dirigente de um banco
privado, com experiência, pode integrar o conselho de administração da estatal,
mas um ex-dirigente sindical não pode?”.
Depois das
negociações feitas em plenário, o relator mudou o texto para permitir que
dirigentes sindicais e partidários ocupem cargos de direção em estatais desde
que não mantenham a ocupação sindical/partidária durante o tempo em que
ocuparem os cargos.
Competitividade
Favorável ao
projeto, o deputado Fábio Sousa (PSDB-GO) argumentou que a medida vai aumentar
a competividade das empresas “Após todos esses escândalos de corrupção
envolvendo estatais e as nomeações feitas para suas diretorias, eu penso que é
esse o momento de discutirmos sobre a participação de pessoas com envolvimento
político nos conselhos das estatais”, disse.
Maia também
rebateu as críticas. Segundo o deputado, a ideia é valorizar a adoção de
critérios de excelência, de experiência e de aptidão na indicação de cargos
públicos. Maia também justificou o trecho do projeto que prevê a nomeação de
pessoas de fora do quadro para os cargos de direção.
"Seria o
caso, por exemplo, de um engenheiro ou de um notável arquiteto, como Oscar
Niemeyer. Ele nunca foi funcionário público e nunca foi funcionário de empresa
estatal, mas, pela sua genialidade, poderia naturalmente ter sido diretor,
presidente de qualquer estatal que tivesse vinculação com arquitetura”, disse.
Nomeações
A aprovação do
projeto foi apontada como prioritária pelo governo do presidente interino
Michel Temer. Na semana passada, Temer mandou paralisar todas as nomeações para
diretorias e presidências de empresas estatais e de fundos de pensão enquanto a
Câmara dos Deputados não aprovasse a proposta.
Diante disso o
governo articulou a entrada da proposta e do projeto que modifica as nomeações
na pauta e a aprovação da urgência dos projetos na semana passada. Além desse
projeto, o governo também quer aprovar o projeto que cria novas regras para
escolha e atuação de diretores executivos e conselheiros de fundos fechados de
previdência complementar vinculados a entes públicos e suas empresas, fundações
ou autarquias. A votação da proposta deve ocorrer na próxima semana.
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