Em busca de um discurso afinado e para demonstrar que o governo continua
forte para aprovar projetos no Congresso, apesar das recentes demissões
de ministros, os deputados da base aliada se reuniram ontem (31)
terça-feira em um almoço com o presidente interino Michel Temer. A
aprovação de medidas econômicas que estão no Legislativo para que,
depois, o Executivo envie novas propostas de ajuste fiscal continua
sendo a prioridade do governo. A prova disso, segundo os aliados, será a
aprovação pelos deputados, na próxima semana, do projeto que desvincula
as receitas da União.
Para o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, é
preciso deixar clara a situação herdada do governo anterior pelo
presidente interino Michel Temer. A avaliação do ministro é que é
necessário demonstrar à sociedade que o governo está tomando as medidas
corretas para melhorar a situação econômica do país.
Para o
deputado Paulinho da Força (SD-SP), líder do Solidariedade na Câmara, o
governo foi organizado em poucos dias e acaba tendo que "trocar a roda
com o carro andando". "Têm ministros que entraram e que saíram, mas isso
faz parte. O que precisamos mostrar ao Brasil é que os erros foram
cometidos no governo do PT e da Dilma, e não no do Temer. O que há hoje
são alguns problemas que a gente vai enfrentando e deve enfrentar até
que o Senado vote definitivamente o processo de impeachment", declarou Paulinho da Força, ao sair do encontro.
Nesta segunda-feira (30), o ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano Silveira, deixou o cargo
após serem divulgadas conversas gravadas em que ele orienta a defesa de
investigados em esquema de desvios de recursos da Petrobras e critica a
Operação Lava Jato. Na semana passada, também após gravações virem à
tona, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) deixou o Ministério do Planejamento.
De
acordo com Geddel, se houver novas comprovações de ilícitos envolvendo
ministros do governo, eles deixarão os cargos e a "vida continua". "Tem
que ver o que vem, se vem e como vem. Se cada um que tiver que dar
explicaçoes, vai dar do tamanho do problema que tiver. Isso é da
democracia, a vida como ela é. Ninguém é insubstituível. Na hora que
surgir o problema específico, e se surgir, o presidente tomará as
medidas e providências cabíveis", afirmou.
O deputado Aguinaldo
Ribeiro (PB), líder do PP na Câmara, também não descartou a existência
de novos fatos, embora frise que a base aliada está comprometida com o
país. "Não que diga respeito a novas demissões, mas fatos políticos nós
vamos sempre ter, temos que conviver com eles", afirmou.
Na avaliação do líder do PSD na Casa, deputado Rogério Rosso
(PSD-DF), o episódio das demissões é "totalmente uma página virada". "A
minha observação pessoal é que têm sido muito corretas tanto a postura
do presidente Temer quanto dos que têm saído. Ele [Fabiano] entendeu que
precisa se defender nos fóruns adequados. E, diferentemente de outros
governos, onde pessoas [que] foram flagradas sendo gravadas permaneceram
nas suas funções, o presidente, com toda sua cautela e educação, tem
resolvido da forma como a Constituição e o povo brasileiro desejam",
disse.
DRU
Para o líder do governo na
Câmara, deputado André Moura (PSC-SE), a prova de que a base permanece
unida, apesar das gravações, foi a aprovação na semana passada da nova
meta fiscal do governo para este ano. De acordo com ele, houve um acordo
entre os líderes para que o mérito da DRU seja levado a plenário e
votado em primeiro turno já amanhã (1º).
"Eu diria que a base está unida. O sentimento muito maior é de
unidade do que qualquer tipo de problemas que venham a surgir nas
delações que estão sendo feitas da Odebrecht ou do filho do Sérgio
Machado {ex-presidente da Transpetro]", disse.
Segundo André
Moura, a intenção do governo é votar na Câmara na semana que vem, em
segundo turno, a proposta de emenda à Constituição que eleva de 20% para
30% o percentual sobre a desvinculação das receitas da União, e a
prorroga até o fim de 2019. Depois disso, a medida irá diretamente para o
plenário do Senado, onde também precisa ser analisada duas vezes pelos
parlamentares.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua visita foi muito importante. Faça um comentário que terei prazaer em responde-lo!
Abração
Dag Vulpi