O presidente interino Michel Temer disse que o ex-ministro do Planejamento Romero Jucá, que pediu afastamento, continuará auxiliando o governo no Congresso após deixar o cargo. Jucá é senador pelo PMDB de Roraima.
Em
nota divulgada no começo da noite, Temer agradeceu Jucá pelo trabalho
desempenhado no ministério, para o qual havia sido nomeado no último dia
12.
“Registro o trabalho competente e a dedicação do ministro
Jucá no correto diagnóstico de nossa crise financeira e na excepcional
formulação de medidas a serem apresentadas, brevemente, para a correção
do déficit fiscal e da retomada do crescimento da economia. Conto que
Jucá continuará, neste período, auxiliando o governo federal no
Congresso de forma decisiva, com sua imensa capacidade política”, disse o
presidente interino na nota.
Depois de 11 dias à frente da pasta, Jucá pediu hoje para deixar o Ministério do Planejamento após a divulgação, pelo jornal Folha de S.Paulo,
de uma conversa dele com o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado,
em que o ex-ministro sugere um “pacto” para tentar barrar a Operação
Lava Jato.
Jucá negou a intenção de obstruir as investigações e disse que o pacto para “conter a sangria” citado na conversa se referia aos problemas econômicos do país e não às investigações da Lava Jato.
Jucá negou a intenção de obstruir as investigações e disse que o pacto para “conter a sangria” citado na conversa se referia aos problemas econômicos do país e não às investigações da Lava Jato.
Gravação
A Folha de S.Paulo
divulgou nesta segunda-feira (23) trechos de gravações obtidas pelo
jornal que mostram conversas entre o ministro do Planejamento, Romero
Jucá (PMDB-RR), e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. Nas
gravações, segundo o jornal, o ministro sugere que seria preciso mudar o
governo para “estancar” uma “sangria”. Segundo as informações do
jornal, o ministro estaria se referindo à Operação Lava Jato, que
investiga fraudes e irregularidades em contratos da Petrobras.
Segundo a reportagem publicada pela Folha, os diálogos ocorreram em
março deste ano. As datas não foram divulgadas e o jornal diz que as
conversas ocorreram semanas antes da votação do processo de impeachment
da presidenta Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados. De acordo com o
textp, Machado teria procurado líderes do PMDB por temer que as
apurações sobre ele, que estão no Supremo Tribunal Federal (STF), fossem
enviadas para o juiz federal Sérgio Moro, em Curitiba, responsável pela
Operação Lava Jato na primeira instância.
Nos trechos
publicados, Machado diz que está preocupado com as possíveis delações
premiadas que podem ser feitas. “Queiroz [Galvão] não sei se vai fazer
ou não. A Camargo [Corrêa] vai fazer ou não. Eu estou muito preocupado
porque eu acho que... O Janot [procurador-geral da República] está a fim
de pegar vocês. E acha que eu sou o caminho”.
Jucá responde que
Machado precisava ver com seu advogado “como é que a gente pode ajudar” e
cita que é preciso haver uma resposta política e mudança no governo.
“Tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria”, disse o
ministro, segundo o jornal.
No diálogo publicado, Machado diz que
a “solução mais fácil” era ter o então vice-presidente Michel Temer na
presidência e que seria preciso fazer um acordo. “É um acordo, botar o
Michel, num grande acordo nacional” e Jucá responde: “Com o Supremo, com
tudo”. Logo em seguida Machado diz: “Com tudo, aí parava tudo” e o
ministro concorda: “É. Delimitava onde está, pronto”.
Ainda
segundo o jornal, Machado imagina que o envio do caso para Moro poderia
ser uma estratégia para que ele faça uma delação premiada. A matéria diz
ainda que ele teria feito uma ameaça velada e pedido uma estrutura para
dar proteção. “Como montar uma estrutura para evitar que eu ‘desça’? Se
eu ‘descer...”. Em outro trecho, o ex-presidente da Transpetro diz
estar preocupado com ele mesmo e com “vocês” e que uma saída tem que ser
encontrada.
De acordo com a Folha, Machado disse ainda que novas
delações na Operação Lava Jato não deixariam “pedra sobre pedra”. O
jornal diz que Jucá concorda com Machado de que o caso dele não pode
ficar com Moro.
Jucá orienta ainda que Machado se reúna com o presidente do Senado, Renan Calheiros, e também com José Sarney.
Nas
gravações divulgadas pelo jornal, o ministro afirmou que teria mantido
conversas com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Não foram
citados nomes e, segundo o jornal, Jucá disse que são poucos os
ministros da Corte aos quais ele não tem acesso. Machado diz que seria
necessário ter alguém com ligação com o ministro Teori Zavascki, relator
da Lava Jato no STF. Jucá diz que não tem uma pessoa e que Zavascki é
“um cara fechado”.
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