O ministro do Tribunal de Contas da União Augusto Nardes, responsável
por recomendar a rejeição das contas da presidenta Dilma Rousseff em
2014, disse hoje (12) que a aprovação, pelo Senado, da admissibilidade
do processo de impeachment contra ela foi uma “vitória da cidadania”.
Para o ministro, a aprovação, que levou ao afastamento de Dilma do governo por até 180 dias, foi uma “conquista de todos os segmentos da sociedade brasileira”.
“A
minha abordagem foi a transparência que nós precisamos exercer no país,
seja nas contas, em qualquer área, é fundamental para esse novo tempo
que a sociedade está vivendo. A sociedade vive, de certa forma, uma
revolução, no sentido de que é necessário avançar e prestar contas de
forma permanente para a sociedade, que paga os impostos”, disse Nardes,
em encontro com lideranças políticas, empresariais e da sociedade civil
na Associação Comercial do Rio de Janeiro.
Em palestra, o ministro do TCU apresentou o que chamou de Centro de
Governo, um tipo de planejamento integrado das ações governamentais para
“entregar um melhor produto para a sociedade”. Segundo ele, a proposta
já foi apresentada ao presidente interino Michel Temer, que teria
demonstrado “uma boa receptividade”.
“Estive estudando o Centro
de Governo americano, o chileno. É a capacidade de você fazer com que os
órgãos que coordenam a administração façam chegar até a ponta da
sociedade uma melhor educação, uma melhor saúde. O que considero
fundamental para o Centro de Governo é uma integração entre os
ministérios do Planejamento, da Fazenda e Casa Civil.”
Nardes
também destacou a necessidade de buscar investimentos externos para
tornar o país mais competitivo, além de fazer um levantamento de todos
os gastos do governo, para identificar onde há possibilidade de
“enxugar” e tornar a máquina pública mais dinâmica, evitando “gastos
supérfluos”, segundo ele.
“Não no sentido exatamente da palavra
supérfluo, mas no sentido de não estar feito de forma planificada
corretamente, ou seja, sem projeto básico. Inicia uma obra e não termina
porque não foi feito o planejamento adequado, sem o projeto executivo,
então acaba sendo um gasto supérfluo, ou seja, começa e não termina a
obra”, explicou.
Para o ministro do TCU, o processo de
impeachment de Dilma é um “divisor de águas” no Brasil no que se refere à
aplicação da Lei de Responsabilidade Fiscal e deve reforçar a cobrança
dos tribunais de contas estaduais e municipais e por mais transparência
nos governos.
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