Um grupo de seis senadores anunciou hoje (18) que apresentará ainda esta semana uma proposta
de emenda à Constituição para que sejam realizadas novas eleições
presidenciais em outubro deste ano. A ideia dos senadores Walter
Pinheiro (sem partido-BA), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), João Capiberibe
(PSB-AP), Lídice da Mata (PSB-BA), Paulo Paim (PT-RS) e Cristovam
Buarque (PPS-DF) é que a proposta tramite paralelamente ao pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff no Senado.
“A ideia da PEC não é interromper o processo de impeachment,
até porque, legalmente, isso não pode ser feito. Se tivermos de tocar a
PEC com a presidente afastada, tudo bem”, esclareceu Pinheiro.
Segundo
o senador, a preocupação do grupo é com o que acontecerá depois que a
presidenta for afastada e, se for o caso, definitivamente impedida pelo
Congresso Nacional. “O problema é o dia seguinte. Se quem vai ficar terá
condição de resolver o problema do Brasil”, disse.
Assinaturas
O
texto da PEC ainda está sendo construído e deve ser apresentado na
quarta-feira (20), quando o grupo começará a recolher as 27 assinaturas
necessárias para que ela comece a tramitar. Para o senador Randolfe
Rodrigues, a expectativa é que a sugestão receba a adesão do povo que
está nas ruas e que quer o afastamento de Dilma, mas não se vê
representado pelo vice-presidente Michel Temer.
“As ruas não
estão rejeitando somente a Dilma. Estão rejeitando o Temer também. A
posse dele é uma tentativa de fraude à vontade das urnas”, afirmou o
líder da Rede. Conforme Randolfe, toda a linha sucessória da Presidência
da República está “contaminada” pelas denúncias de corrupção e pela
crise política.
Para conseguir apoio dentro do Congresso, a
estratégia do grupo é conversar com todos os partidos políticos,
inclusive PT, PSDB e “aqueles que são capazes de ouvir” no PMDB, segundo
Randolfe. Nessas conversas deve ser definido se a PEC vai propor um
mandato tampão de dois anos, de modo que as eleições voltem ao padrão em
2018; um mandato normal de quatro anos, a contar a partir do ano que
vem; ou um mandato de seis anos para emendar com as eleições gerais de
2022.
Além das 27 assinaturas para início da tramitação, a PEC
precisará de 49 votos em cada um dos dois turnos de votação a que será
submetida no Senado. Depois, ela seguirá para a Câmara dos Deputados,
onde também será submetida a dois turnos de votação e precisará ser
aprovada por três quintos dos deputados.
Eleições
Mais
cedo, a ex-candidata à Presidência da República e porta-voz da Rede
Sustentabilidade, Marina Silva, divulgou nota criticando Michel Temer e
os presidentes da Câmara e do Senado, os dois seguintes na linha
sucessória. Marina defendeu que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
decida pela cassação da chapa que ganhou as eleições de 2014 e o Brasil
seja levado a novas eleições diretas.
“A população tem o direito
de dar a palavra final, agora sabendo de tudo o que ficou oculto em
2014, e escolher um novo governo para coordenar os imensos esforços que o
Brasil terá de fazer para tirar o país da crise”, acrescentou a nota.
O texto conclui afirmando que “a saída” passa pelo TSE. “Nem Dilma, nem Temer. Por uma nova eleição”, destacou Marina Silva.
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