O deputado
Marcos Rogério (DEM-RO), relator do processo de cassação do mandato do
presidente da Câmara , Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no Conselho de Ética, e o
presidente do conselho, deputado José Carlos Araújo (PR-BA), pediram ao
ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki o compartilhamento de
documentos que estão no Supremo. De acordo com os deputados, foi pedida também
autorização para que alguns envolvidos na Operação Lava Jato possam ser ouvidos
pelo conselho.
“Pedimos a ele
o compartilhamento de documentos que estão no STF e dizem respeito às contas
eventualmente não declaradas pelo presidente Eduardo Cunha, e autorização para
ouvir réus da Operação Lava Jato, especialmente aqueles que estão sob a
jurisdição do STF”, disse o relator. Segundo Marcos Rogério, o ministro “se
mostrou favorável” a atender aos pedidos.
“Com relação
ao depoimento dos colaboradores, ele [Teori] disse que não vê nenhuma
dificuldade e que, chegando o pedido, vai deferir. E com relação ao
compartilhamento de de provas que estão em poder do STF, disse que
aquelas que não estiverem protegidas por sigilo ele também vai fazer o
deferimento e encaminhar para o conselho”, informou o deputado.
O relator diz
que pretende ouvir Fernando Baiano, Júlio Camargo e Leonardo Meireilles. Este
último tem depoimento marcado para amanhã (7). Meirelles é proprietário do
Laboratório Labogen, e durante investigação da Operação Lava Jato, afirmou à
Justiça do Paraná ter como comprovar transferências para contas de Cunha.
O presidente
do Conselho, deputado José Carlos Araújo, foi questionado pelos jornalistas
sobre se o presidente da Câmara estaria tentando dificultar a tomada dos
depoimentos. “Há um propósito claro de dificuldades impostas pelo presidente.
Tem oito dias que eu pedi a passagem para a testemunha que vem amanhã e até
hoje não respondeu nem que sim, nem que não. Há um silêncio. E o silêncio, para
mim, funciona como negativa”, disse o deputado.
“Ele está
recorrendo de tudo o que pode para impedir que o processo ande. Se fizermos um
paralelo entre o impeachment e o processo dele no Conselho de Ética,
vê-se a velocidade de um e a velocidade de outro”, disse o presidente do
Conselho, com relação à possibilidade de Cunha recorrer ao STF para tentar
impedir os depoimentos.
Na noite de
ontem (5) o advogado de defesa de Cunha, Marcelo Nobre, pediu ao conselho a
impugnação de todas as testemunhas indicadas pelo relator Marcos Rogério. O
advogado também pediu a anulação do depoimento de Leonardo Meirelles.
A defesa do presidente da Câmara alega suspeição de todos os citados, por quererem sustentar teses já relatadas nas delações premiadas. Acrescenta que as testemunhas não têm relação direta com o objeto de investigação do conselho, que é a existência das contas secretas no exterior, e afirma que os depoimentos não podem ir além do que está sendo analisado para admitir ou não o processo contra o parlamentar peemedebista.
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