O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado remarcou para o
dia 19 de abril, às 10h, mais uma reunião para ouvir o senador Delcídio
do Amaral (sem-partido) sobre a acusação de tentar atrapalhar as
investigações da Operação Lava Jato, ao oferecer um plano de fuga e
dinheiro ao ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, para que ele não
fizesse acordo de delação premiada.
Será a terceira tentativa do
colegiado de ouvir o senador. Delcídio prestaria esclarecimentos hoje
(7), mas amparado por mais um atestado médico de 10 dias, em função de
uma cirurgia para retirada da vesícula e de pólipos, em São Paulo, não
compareceu. A nova licença do senador sul matogrossense termina no dia
15 de abril.
Judicialização
Por causa dos
sucessivos atestados médicos apresentados por Delcídio, a ideia do
relator do caso, senador Telmário Mota (PDT-RR), conforme divulgado pela
Agência Brasil na última terça-feira (5) era propor a dispensa do depoimento
do senador e começar o relatório com base na defesa prévia, já
apresentada por escrito pelos advogados de Delcídio, mas os senadores
Randolfe Rodrigues (Rede- AP) e Aloysio Nunes (PSDB-SP) sugeriram mais
uma tentativa “para evitar que a dispensa do depoimento do senador seja
alvo de questionamentos na Justiça”.
Para evitar que Delcídio
apresente alguma dificuldade para depor, mais uma vez, o Conselho de
Ética vai oferecer ao parlamentar quatro opções para que ele se defenda:
presencialmente , por videoconferência, por escrito, ou ainda uma
comissão poderá ir ao encontro do senador para ouvi-lo onde ele estiver.
Também
na reunião de hoje os senadores acharam mais prudente ainda não decidir
se mais uma ausência de Delcídio implicará na dispensa da defesa dele e
na elaboração do relatório à revelia dele. A estratégia, defendida
especialmente pelo relator do caso e pelo senador Lasier Martins (PDT -
RS), só deverá ser decidida na próxima reunião do colegiado, se
necessário for.
Ligação
Antes da reunião
de hoje, o presidente do Conselho, senador João Alberto (PMDB-MA) disse
que, pela primeira vez, recebeu uma ligação de Delcídio do Amaral. “Ele
disse que está internado, que está sem poder andar e que tem interesse
de prestar esclarecimentos a esse conselho”, afirmou.
Ainda
segundo João Alberto, Delcídio acrescentou que a única coisa que pesa
contra ele é a acusação de ter dado apoio a obstrução de Justiça, o que
ele nega. Na conversa, Delcídio pediu que o histórico dele no Senado
seja levado em conta, e disse que quer vir a Casa se defender,
sinalizando que o dia 19 seria uma data possível, mas como está
hospitalizado, depende de uma avaliação médica na semana que vem para
dar certeza.
Advogado
Pela primeira vez,
os senadores pediram que um dos advogados de Delcídio, que acompanhava a
reunião, desse esclarecimentos sobre o atestado do senador e sobre a
real intenção do parlamentar de ir à Casa se defender das acusações que
pesam sobre ele. O advogado Daniel Kalume insistiu que, antes de depor, o
senador tenha acesso à cópia da delação premiada de Nestor Cerveró e a
gravação feita por Bernardo Cerveró na qual Delcídio foi flagrado
tentando atrapalhar as investigações.
Os documentos foram
solicitados na segunda-feira (4), pelo colegiado, ao Supremo Tribunal
Federal, que ainda não obteve resposta daquela Corte. “Entendemos que
essa documentação é de suma importância para que o próprio senador dê um
depoimento com mais conteúdo com mais robustez”, afirmou Kalume,
rechaçando a ideia de que, com isso, queria protelar a ida do senador ao
Conselho.
O compartilhamento da delação, no entanto, não deverá
acontecer tão cedo. Por ordem do ministro Teori Zavasscki, relator dos
processos da Operação Lava Jato no STF, a deleção de Cerveró ainda está
sob sigilo, já que as informações prestadas por ele ainda estão sendo
utilizadas em outras investigações sobre o caso.
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