segunda-feira, 21 de março de 2016

Em musical de Chico Buarque, ator faz crítica a Lula e Dilma e plateia reage




A peça Todos os Musicais de Chico Buarque em 90 Minutos teve a sessão de hoje (20) em Belo Horizonte suspensa depois que o ator Cláudio Botelho provocou um impasse durante apresentação de estreia ontem (19) à noite. Em uma cena, ele improvisou e mencionou a prisão de um ex-presidente e referiu-se a Dilma Rousseff como "presidente ladra". O evento, no Sesc Palladium, na região central da capital mineira, teve de ser cancelado após o tumulto provocado na plateia.

No musical, Cláudio Botelho interpreta o protagonista: o líder de uma companhia teatral que transita por cidades do interior do país. Além das cenas em que atua, ele é também quem narra a história com base em alguns monólogos. Numa das falas, ele anunciou: “era também a noite em que um ex-presidente ladrão foi preso”. Em seguida também fez sua menção à presidenta Dilma Rousseff.

Conforme variados relatos nas redes sociais, parte dos presentes imediatamente puxou uma vaia e gritos de “não vai ter golpe”. Outra parcela do público começou a aplaudir. Diante da situação, diversas pessoas começaram a deixar o local, ao mesmo tempo em que o ator disse que não se importava e que retomaria o espetáculo após a saída dos descontentes. O coro de “não vai ter golpe” ganhou força novamente, intercalado também com gritos de “Chico”.

Avisada da situação, a Polícia Militar mandou três viaturas para o local. Diante da tensão, o diretor da peça declarou a sessão encerrada e informou que os valores dos ingressos seriam devolvidos.

Repercussão
O Sesc e a Pólobh, produtora responsável pelo evento, divulgaram hoje (20) nota conjunta de esclarecimento. Eles reiteraram que são “instituições apartidárias” e pediram desculpas pelos transtornos gerados. A sessão de hoje (20) está suspensa. “Compreendendo o momento pelo qual o país passa e primando pela segurança de todos, optamos pelo cancelamento da sessão prevista para este domingo”, registra o texto.

A postura do ator foi novamente criticada após o vazamento de um áudio do camarim, em que ele discute com outros integrantes do elenco. “O artista no palco é um rei! Não pode ser peitado. Não pode ser interrompido por um negro, por um f.d.p.”, diz ele, dizendo-se censurado por petistas. Uma atriz discorda de Cláudio Botelho e diz que a plateia tem direito de vaiar uma provocação.

Divulgado pelo movimento Mídia Ninja, o diálogo está disponível em https://soundcloud.com/midia-ninja/claudio-botelho. A Agência Brasil não pôde comprovar a autenticidade do áudio.

Para Rosemary de Souza Silva, que estava na plateia, o ator não tem o direito de provocar pessoas que estavam em busca de lazer e de “um parêntese nessa vida tumultuada”. Ela também disse que a fala de improviso contradiz o pensamento do próprio Chico Buarque. “Sabemos bem quem é Chico Buarque de Holanda, o que ele representou na história do país e o que ele pensa do contexto político atual.”

Também presente à peça, Adriana Batista saiu em defesa do ator: "A turma do PT encerrou o musical. Parabéns petistas, vocês foram mais eficientes que a censura do AI5".

Nas redes sociais, internautas entraram na página de Chico Buarque e do espetáculo para divulgar a hashtag #vetachico. Eles pedem que o compositor impeça o ator de seguir com a peça que leva seu nome.

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Dag Vulpi

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