A peça Todos
os Musicais de Chico Buarque em 90 Minutos teve a sessão de hoje (20) em Belo
Horizonte suspensa depois que o ator Cláudio Botelho provocou um impasse
durante apresentação de estreia ontem (19) à noite. Em uma cena, ele improvisou
e mencionou a prisão de um ex-presidente e referiu-se a Dilma Rousseff como
"presidente ladra". O evento, no Sesc Palladium, na região central da
capital mineira, teve de ser cancelado após o tumulto provocado na plateia.
No musical,
Cláudio Botelho interpreta o protagonista: o líder de uma companhia teatral que
transita por cidades do interior do país. Além das cenas em que atua, ele é também
quem narra a história com base em alguns monólogos. Numa das falas, ele
anunciou: “era também a noite em que um ex-presidente ladrão foi preso”. Em
seguida também fez sua menção à presidenta Dilma Rousseff.
Conforme
variados relatos nas redes sociais, parte dos presentes imediatamente puxou uma
vaia e gritos de “não vai ter golpe”. Outra parcela do público começou a
aplaudir. Diante da situação, diversas pessoas começaram a deixar o local, ao
mesmo tempo em que o ator disse que não se importava e que retomaria o
espetáculo após a saída dos descontentes. O coro de “não vai ter golpe” ganhou
força novamente, intercalado também com gritos de “Chico”.
Avisada da
situação, a Polícia Militar mandou três viaturas para o local. Diante da
tensão, o diretor da peça declarou a sessão encerrada e informou que os valores
dos ingressos seriam devolvidos.
Repercussão
O Sesc e a
Pólobh, produtora responsável pelo evento, divulgaram hoje (20) nota conjunta
de esclarecimento. Eles reiteraram que são “instituições apartidárias” e
pediram desculpas pelos transtornos gerados. A sessão de hoje (20) está
suspensa. “Compreendendo o momento pelo qual o país passa e primando pela
segurança de todos, optamos pelo cancelamento da sessão prevista para este
domingo”, registra o texto.
A
postura do ator foi novamente criticada após o vazamento de um áudio do
camarim, em que ele discute com outros integrantes do elenco. “O artista no palco é um rei!
Não pode ser peitado. Não pode ser interrompido por um negro, por um f.d.p.”,
diz ele, dizendo-se censurado por petistas. Uma atriz discorda de Cláudio
Botelho e diz que a plateia tem direito de vaiar uma provocação.
Divulgado pelo
movimento Mídia Ninja, o diálogo está disponível em https://soundcloud.com/midia-ninja/claudio-botelho.
A Agência Brasil não pôde comprovar a autenticidade do áudio.
Para Rosemary
de Souza Silva, que estava na plateia, o ator não tem o direito de provocar
pessoas que estavam em busca de lazer e de “um parêntese nessa vida
tumultuada”. Ela também disse que a fala de improviso contradiz o pensamento do
próprio Chico Buarque. “Sabemos bem quem é Chico Buarque de Holanda, o que ele
representou na história do país e o que ele pensa do contexto político atual.”
Também
presente à peça, Adriana Batista saiu em defesa do ator: "A turma do PT
encerrou o musical. Parabéns petistas, vocês foram mais eficientes que a
censura do AI5".
Nas redes
sociais, internautas entraram na página de Chico Buarque e do espetáculo para
divulgar a hashtag #vetachico. Eles pedem que o compositor impeça o ator de
seguir com a peça que leva seu nome.
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