O excesso de
produção das indústrias pesadas na China tem "profundas"
consequências na economia mundial, com a produção de aço
"completamente" descoordenada da demanda do mercado. De acordo com a
Câmara do Comércio da União Europeia, a indústria siderúrgica do país asiático
produz mais do que os outros quatro gigantes do setor - Japão, Índia, Estados
Unidos e Rússia - juntos.
Em comunicado,
a Câmara alerta que mais de 60% da produção de alumínio na China apresenta
resultados financeiros negativos e que, em apenas dois anos, a produção de
cimento no país foi igual à quantidade total produzida pelos Estados Unidos durante
todo o século 20.
"A China
não deu continuidade aos esforços feitos na década passada para conter o
excesso de capacidade", afirmou o presidente da Câmara do Comércio, Joerg
Wuttke, na nota.
Representantes
do setor siderúrgico na Europa saíram na semana passada às ruas em Bruxelas
para protestar contra a prática de dumping (produção subsidiada que
mantém o preço abaixo do custo de fabricação) pela China.
A Comissão
Europeia iniciou investigações sobre três produtos siderúrgicos importados do
país asiático, para determinar se foram introduzidos no mercado comunitário
recorrendo a concorrência desleal.
"O
excesso de produção tem sido um flagelo no panorama industrial chinês ao longo
de muitos anos, afetando dezenas de indústrias, com implicações profundas na
economia global e, particularmente, no crescimento da economia chinesa",
diz o comunicado.
O problema tem
causado tensão entre a segunda maior economia do mundo e os países
desenvolvidos, que a acusam de concorrência desleal.
A China
contribui com metade da produção de aço em todo o planeta, mas a quebra
acentuada da procura interna levou os fabricantes a se voltarem para o mercado
externo.
De acordo com
dados das alfândegas chinesas, em 2015 as exportações de aço do país cresceram
20%.
Este mês, o
grupo AecelorMittal, com sede em Luxemburgo e líder mundial de produção de aço,
culpou a China por perdas de US$ 8 bilhões no ano passado, no momento em que o
setor despediu milhares de trabalhadores.
Pequim
anunciou, entretanto, planos para reduzir o excesso de produção na indústria do
aço ao longo dos próximos cinco anos, com corte anual entre 100 milhões e 150
milhões de toneladas - 12,5% do total produzido pelo país.
Por outro
lado, planeja escoar parte da produção para os países da Ásia Central e do
Oriente Médio, por meio da iniciativa "Uma Faixa e Uma Rota", um
plano gigante de infraestruturas que pretende reativar a antiga Rota da Seda
entre a China e a Europa.
Para Joerg
Wuttke, aqueles mercados não são grandes o suficiente para absorver o excesso
de capacidade da China. "Não irão contribuir nem um pouco para resolver o
problema", afirmou.
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