No começo de
1932 ocorreu eleição para presidência da República. Comunistas e
sociais-democratas saíram separados. Os comunistas obtiveram 5 milhões de
votos. No entanto, os dois candidatos mais votados foram Hindenburg e Hitler.
No segundo turno Hindenburg contou com o apoio declarado da socialdemocracia.
Isto lhe garantiu uma tranqüila vitória. Os comunistas se abstiveram.
Em junho
Hindenburg demitiu Brüning e indicou em seu lugar o barão von Pappen,
político da ala direita do Centro Católico. Este revogou a interdição aos
grupos paramilitares nazistas e dissolveu o parlamento, visando garantir
uma maioria conservadora nas eleições. A direita no poder resolveu derrubar o
governo socialdemocrata na Prússia através de uma intervenção federal
constitucional, tida por muitos como um golpe de Estado.
O Partido
Comunista, sentindo o perigo e rompendo com sua política sectária, propôs a
realização de uma greve geral contra a intervenção. O Partido Socialdemocrata
não aceitou a proposta e capitulou sem luta. O estado da Prússia possuía um
corpo policial armado de cerca de 90 mil homens, em grande parte formado por ex-operários.
Existiam ainda os grupos de autodefesa comunistas chamados Combatentes da
Frente Vermelha, e os agrupamentos armados dos sociais-democratas, os Reichbanner.
A resistência poderia significar o início da guerra civil, aquilo que menos
queriam as lideranças socialdemocratas. Acreditavam que qualquer resultado
advindo da mobilização revolucionária das massas, vitória ou derrota, lhes
seria desfavorável.
Von Papen
dissolveu novamente o parlamento e convocou eleições para novembro de 1932.
Desta vez os nazistas sofreram uma importante derrota. De 13,7 milhões de votos
obtidos em março cairia para 11,7 milhões e de 230 deputados cairia para 196.
Os comunistas subiram de 89 para 100 deputados. O PSDA baixou de 133 para 121
deputados. A somatória dos dois partidos operários ainda era maior do que a do
Partido Nazista tomado isoladamente. Nos dias seguintes os nazistas conheceriam
revezes nas eleições para as assembleias legislativas estaduais.
Entre setembro
e novembro de 1932 uma onda grevista tomou conta da Alemanha. Destacou-se a
greve dos transportes de Berlim que paralisou a cidade. A manutenção
do impasse político e o aumento das lutas operárias começavam a prejudicar os
nazistas e amedrontar o grande capital financeiro. Era preciso por fim a
esta crise interminável. Era preciso instaurar a ditadura aberta. A grande
burguesia passou a defender a indicação de Hitler para chancelaria do Reich.
Hindeburg então destituiu von Papen e indicou Kurt von Schleicher. Este,
por sua vez, ficaria apenas dois meses.
Os comunistas,
além de subestimar a frente única, tendiam a considerar todos governos
autoritários como fascistas. Os governos Brüning e von Papen já eram definidos
como fascistas. Eram todos variações do variações de um mesmo tema: o fascismo.
A própria socialdemocracia era definida como sua ala esquerda. Para muitos, o
comunismo perdeu de vista, assim, seu inimigo principal e impossibilitou a
conquista de novos aliados, ainda que precários.
A confusão
durou até que em 30 de janeiro de 1933 o presidente constitucional Hindenburg
nomeou Adolf Hitler para chanceler. Os nazistas chegavam ao poder dentro da legalidade,
respeitando a constituição de Weimar.
O nazista Frick foi
indicado para o Ministério do Interior e Göring para a
mesma função no principal estado alemão, a Prússia. Sua primeira medida foi
demitir todos os oficiais e policiais suspeitos aos olhos dos nazistas e
incorporar na polícia do Estado os membros das SA e SS. Em uma
de suas primeiras ordens do dia afirmou: “Os oficiais de polícia que se
utilizarem de armas de fogo na execução de seu dever podem contar com todo o
apoio, independentemente das consequência de seus atos”. Começava o reino do
terror. Na madrugada de 26 de janeiro de 1933 o Reichstag foi
incendiado e a acusação recaiu sobre o Partido Comunista Alemão. Na mesma
noite cerca de 5 mil comunistas foram presos e vários assassinados. Montou-se
um processo-farsa contra o PCA e a Internacional Comunista.
No dia 5 de
março, poucos dias após a grande repressão contra os comunistas, realizou-se
novas eleições. As principais cidades alemãs foram tomadas de assalto pela propaganda
nazista. Parecia que, da noite para o dia, haviam desaparecido os socialistas e
comunistas. Não se viam suas propagandas em parte alguma. O Partido
Nazista conquistou 17.250 milhões de votos. No entanto, apesar da violenta
repressão, a socialdemocracia elegeu 120 deputados e o Partido
Comunista 81. O “perigo socialista” reaparecia e precisava ser extirpado. No
dia 9 de março o PCA foi colocado na ilegalidade. Vários dirigentes socialdemocratas
também foram presos ou obrigados a se exilar.
Com a cassação
de todos os parlamentares comunistas e de alguns sociais-democratas, os
nazistas e seus aliados passaram a ter maioria no Reichstag e no dia 23 março
apresentaram ao novo parlamento submisso a “lei de Autorização” que revogava de
fato a Constituição em vigor ao autorizar o governo nazista a ditar
leis sem a necessária aprovação do parlamento. Esta lei foi aprovada por 441
votos contra apenas 94 – era ainda o que restava da bancada socialdemocrata.
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