Após a apresentação do relatório sobre o acidente de avião que matou o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, o advogado da família divulgou nota em que defende uma “aprofundada análise” do documento e lamenta o fato de a Aeronáutica não ter usado um simulador de voo para auxiliar nas investigações da tragédia.
O
relatório foi divulgado ontem (19) pelo Centro de Investigação e Prevenção de
Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).
“A
família sente a necessidade de uma aprofundada análise do relatório do Cenipa.
Mas, de pronto, lamenta que não tenha sido feito o teste com o simulador de
voo”, diz a nota. Para a família de Campos, que era candidato à Presidência da
República, o uso de um simulador de voo nas mesmas condições do dia do acidente
seria importante para auxiliar a investigação.
De
acordo com tenente-coronel Raul de Souza, da equipe de investigação do Cenipa,
foram feitas tentativas junto à empresa fabricante do avião para realizar a
simulação, mas não houve resposta. “Poderíamos ter acrescentado ou afastado
algumas hipóteses [para o acidente]”, reconheceu o oficial.
Para
o major aviador Carlos Henrique Baldin, o simulador apenas encurtaria o caminho
para a conclusão das investigações, sem resultados diferentes. “A gente
conseguiu suplantar a falta de simulador com cálculos manuais, matemáticos. Por
conta disso, demoramos um pouco mais para concluir o relatório”, disse o
militar em entrevista coletiva realizada após a divulgação do relatório.
Conjunto de falhas
De acordo com a investigação do Cenipa, uma série de fatores pode ter determinado a queda do avião que levava Eduardo Campos. Entre eles, o preparo insuficiente da tripulação. Nem o piloto, Marcos Martins, nem o copiloto, Geraldo Magela da Cunha, tinham feito cursos para pilotar a aeronave modelo Cessna 560 XL. Martins estava preparado para operar uma aeronave de modelo anterior, e o copiloto não tinha treinamento para nenhuma das duas versões.
O
trajeto feito por Martins minutos antes do acidente também foi citado no
relatório. O piloto informou, por rádio, que tinha tomado os procedimentos para
pouso, mas a aeronave não estava na posição recomendada naquele momento do
procedimento. Ele deveria ter feito duas curvas no espaço aéreo próximo à pista
de pouso – chamadas bloqueio e rebloqueio –, mas seguiu direto em direção à
pista, em uma espécie de atalho, segundo o relatório da Aeronáutica.
De
acordo com o Cenipa, a falta de treinamento do piloto e o co-piloto naquele
modelo de aeronave pode ter dificultado a arremetida do avião quando eles não
conseguiram pousar e tentaram levantar voo. A rota inadequada somada à baixa
visibilidade decorrente do mau tempo podem ter provocado uma “desorientação” em
Martins e Cunha.
Apesar
dos padrões de voz do copiloto, gravados durante o voo, demonstrarem aparente
fadiga e sonolência, a equipe do Cenipa evitou atribuir culpa a Cunha. “A gente
não tem como mensurar, apesar do teste de avaliação de voz. A gente não pode
afirmar que isso [cansaço] tenha comprometido o desempenho [do co-piloto]”,
disse o major aviador Baldin.
O
Cenipa, apesar de concluir que houve falha humana, evitou responsabilizar
apenas o piloto e o co-piloto pela tragédia. “A gente consegue inferir, com
todas as informações, que a aeronave estava apta para o voo. Mas não foi 100%
falha humana”, disse o tenente-coronel Souza.
Um
relatório alternativo será apresentado hoje às 9h30, pela Associação Brasileira
de Parentes e Vítimas de Acidentes Aéreos, em São Paulo. A entidade adiantou
que o relatório vai expor falha mecânica da aeronave.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua visita foi muito importante. Faça um comentário que terei prazaer em responde-lo!
Abração
Dag Vulpi