O ministro da
Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, disse hoje (23) que o andamento
das denúncias contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no
Conselho de Ética da Casa é uma questão interna do Legislativo e “não é assunto
do governo”.
Perguntado
sobre a posição de deputados do PT que não compareceram à sessão do conselho na
última quinta-feira (19) para não dar quórum à reunião em que seria apresentado
relatório contra Cunha, Edinho Silva disse que a bancada não sofre
interferência do Palácio do Planalto.
“O governo da
presidenta Dilma Rousseff é um governo formado pelo PT e outros partidos que
formam uma coalizão. O PT tem total autonomia de construção das suas posições
dentro do Legislativo”, disse Edinho Silva a jornalistas após reunião de
coordenação política.
Votações
na Câmara
Segundo o
ministro, o diálogo do governo com Cunha e todo o Congresso Nacional está
mantido para garantir a aprovação de medidas que levem o país a voltar a
crescer. “Os assuntos internos do Legislativo não são assuntos do governo.
Penso que vamos continuar dialogando para que a gente possa criar uma agenda de
interesse do Brasil, que, neste momento, é a agenda de retomada do crescimento
econômico”. Na lista de projetos de interesse do governo que dependem de
aprovação do Congresso está a volta da Contribuição Provisória sobre
Movimentação Financeira (CPMF).
A reunião de
líderes que tradicionalmente ocorre às terças-feiras para que sejam definidas as
votações da semana na Câmara deve ficar esvaziada e corre o risco de não ser
realizada amanhã (24). O avanço de projetos que tramitam na Casa ficou ameaçado
desde que deputados de várias legendas se manifestaram contrários à manutenção
de Eduardo Cunha na presidência da Casa. Partidos como PPS, PSOL e Rede
prometeram não votar em sessões comandadas pelo peemedebista.
Cunha é
acusado de adotar manobra para prejudicar a reunião do Conselho de Ética da
última quinta-feira, quando o colegiado iria apreciar o parecer preliminar do
deputado Fausto Pinato (PRB-SP) que recomendou a continuidade das investigações
das denúncias contra o presidente da Câmara. Cunha abriu, em plenário, a Ordem
do Dia, anunciando que as reuniões em todas as comissões seriam encerradas
pouco antes das 11h para o início das votações.
A reunião do
Conselho de Ética foi cancelada pelo deputado Felipe Bornier (PSD-RJ), que é um
dos secretários da Mesa Diretora e estava, na ocasião, como presidente da
Câmara. O cancelamento provocou confusão no plenário da Câmara. A maior parte
dos parlamentares criticou a decisão.
Mais tarde,
Cunha decidiu suspender a decisão de Felipe Bornier que
anulou a reunião do Conselho de Ética. Ao suspender a decisão, o presidente da
Câmara disse que não queria contaminar a Casa com algo que diga respeito a ele.
“A questão de ordem será acatada e respondida a posteriori pelo
primeiro vice, de forma a evitar qualquer tipo de decisão que possa afetar o
plenário”, disse.
O presidente
do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PSD-BA), transferiu para esta terça-feira (24) a leitura do
relatório preliminar apresentado pelo deputado Fausto Pinato que recomenda a
continuidade do processo contra Eduardo Cunha.
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