O processo
contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), começa a tramitar no
Conselho de Ética a partir do próximo dia 3. O presidente do colegiado,
deputado José Carlos Araújo (PSD-BA), disse hoje (28) que o prazo para que a
Mesa Diretora encaminhe a representação terminou às 19h de ontem (27) e ele
aguarda até o final do dia de hoje para receber o documento. A Mesa tem reunião
marcada para o meio-dia e Cunha, que preside as discussões, já antecipou que
vai pedir para que outro parlamentar assuma o comando do encontro, quando o
tema for colocado em pauta.
O processo
enviado para a Mesa no último dia 14 teria de ser devolvido, após três sessões
ordinárias. Inicialmente, Araújo esperava começar o andamento ontem, mas como
ao longo de outubro a Câmara teve diversas sessões extraordinárias, as três
ordinárias só foram concluídas ontem.
No Conselho de
Ética, o processo pode durar até 90 dias, mas Araújo acredita que o resultado
pode sair ainda este ano. “Depende do relator. Se conseguir concluir antes, o
parecer será apresentado antes. O relator tem liberdade para ouvir testemunhas,
acessar documentos, ouvir entidades, bancos”, explicou.
Tão logo o
processo contra Cunha seja aberto, o relator será escolhido a partir de uma
lista tríplice sorteada entre os 21 integrantes do conselho, que não podem ser
do mesmo estado de Cunha, nem do mesmo partido. Por esta regra, ficam
excluídos o correligionário Mauro Lopes (PMDB-MG) e o conterrâneo Washington
Reis (PMDB-RJ). Com relator definido, Cunha será notificado e terá dez dias
para apresentar defesa.
A
representação contra o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), apresentada
pelo PSOL e pela Rede, no último dia 13, foi assinada por cerca de 50
parlamentares de sete partidos (PSOL, Rede, PT, PSB, PROS, PPS e PMDB). As duas
legendas defendem a cassação do mandato de Cunha por quebra de decoro
parlamentar em função das denúncias de que o peemedebista, sua mulher e filha
têm contas na Suíça que não foram declaradas e seriam mantidas com dinheiro
fruto do pagamento de propina em contratos da Petrobras, investigados na
Operação Lava Jato.
Araújo voltou
a afirmar que todo o processo seguirá com isenção. “Não falo com Cunha há
bastante tempo, desde que o processo começou”, garantiu, completando que o
peemedebista receberá o tratamento dado a qualquer parlamentar. “É um deputado
como os outros 513. Esta é uma Casa de iguais. Por um acaso ele está como
presidente, mas é um deputado como outros”, afirmou.
Impeachment
Ao chegar à
Câmara, Cunha não falou sobre o assunto. Perguntado sobre o parecer do novo
pedido de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff, Eduardo
Cunha reafirmou que a análise ainda não foi concluída, desmentindo a manchete
de alguns jornais de hoje, que divulgaram que o documento já estaria pronto. O
peemedebista classificou a notícia como “fofoca”.
Um grupo de
manifestantes da Aliança Nacional dos Movimentos Democráticos que estava na
entrada da presidência, no Salão Verde, lançando um movimento a favor da
petição apresentada pela oposição na última semana, aproveitou a passagem de
Cunha para entoar gritos de "Acolhe" e “Fora Dilma”.
No início da
tarde, oito dos integrantes dos movimentos pró-impeachment que
permaneceram na Câmara em uma espécie de vigília se algemaram em torno de uma
das pilastras que ficam em frente à sala de Cunha. Os manifestantes prometeram
se soltar apenas quando o peemedebista acatasse a petição contra a presidente.
A petição que
aguarda decisão de Cunha foi assinada pelos juristas Hélio Bicudo,
ex-integrante do PT, Miguel Reale Júnior, ex-ministro da Justiça no governo
Fernando Henrique, Janaína Conceição Paschoal e de partidos contrários ao
governo também tem o apoio de movimentos sociais.
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