Fiel escudeira
do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a oposição tem preferido o
silêncio sobre as denúncias que pesam contra o peemedebista, temendo que
manifestações contrárias a ele inviabilizem um eventual processo de impeachment
contra a presidente Dilma Rousseff.
Cunha tem
total controle sobre o andamento dos pedidos de afastamento da petista do
cargo. Nesta semana, ele arquivou cinco dos 14 que estavam sob sua mesa e
afirmou, nesta sexta-feira (2), que espera decidir sobre os demais nos próximos
dias.
A oposição
firmou, há semanas, um acordo velado com Cunha sobre o rito do impeachment.
Para não arcar sozinho com o ônus político da decisão, ele rejeitaria o pedido
do ex-petista Hélio Bicudo, chancelado pelos oposicionistas, que entrariam com
um recurso ao plenário para o processo então seguir tramitando.
Criticar Cunha
pelas denúncias, seria arriscar quebrar esse acordo, na avaliação feita ao
longo dessa semana. Integrantes dos maiores partidos de oposição, contudo,
afirmam estar "entre a cruz e a espada".
"Se o
abandonamos e apoiamos publicamente a renúncia da presidência ou a cassação do
mandato dele, acabamos com qualquer possibilidade de impeachment, porque, a não
ser que um oposicionista assumisse a presidência, o que é impossível ocorrer,
nenhum outro parlamentar dará sequência ao impeachment", afirmou um deles.
Os deputados,
contudo, concordam que, frente à opinião pública, a postura de afastamento dos
fatos pode ser vista com ressalvas e até como apoio.
"Não
posso falar 'em off', como estou falando com você, com meu eleitor e explicar
isso. Sei que ele quer o impeachment, mas ele não entenderia o processo que é
complexo", avaliou outro oposicionista.
As discussões
sobre a situação de Cunha, que mesmo para os aliados próximos está
"próxima do insustentável", foram retomadas essa semana com as
notícias de que o presidente da Câmara teria contas bancárias na Suíça em seu
nome e de familiares.
Após a
divulgação das informações, aliados afirmam que o "clima ficou pesado e
Cunha tem andado preocupado". Avaliam, ainda, que as próximas semanas
devem ser "quentes" e os demais partidos devem começar a se
posicionar com mais veemência.
Cunha nega as
acusações. Em nota divulgada nesta sexta (1), Cunha reiterou afirmações que deu
na CPI da Petrobras, em março, quando negou a existência de contas suas em
outros países.
Essa semana,
na quinta (1), durante sessão no plenário, Eduardo Cunha foi questionado pelo
deputado Chico Alencar(PSOL-RJ) sobre as denúncias. Virado de costas para o
deputado, o presidente ignorou o discurso e não comentou o assunto, como tem
feito quando questionado em entrevistas à imprensa.
Apesar do
silêncio público da oposição, um grupo de 15 deputados de 5 partidos - PSOL,
Rede, PSB, PT e PMDB - apresentou um requerimento na quinta com questionamentos
formais à Cunha sobre as denúncias atribuídas a ele. Regimentalmente, não há
prazos para a resposta ser dada, assim como o presidente não tem obrigação de
fazê-la.
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