A queda na
arrecadação provocada pela crise econômica foi a principal responsável pela
nova meta de déficit primário de R$ 48,9 bilhões para União, estados,
municípios e estatais em 2015. Segundo nota conjunta divulgada pelos
Ministérios da Fazenda e do Planejamento, o governo está cortando os gastos
discricionários (não-obrigatórios) em 2015.
De acordo com
o texto, o contingenciamento (bloqueio) de R$ 79,4 bilhões equivale a 40% das
despesas não obrigatórias, 1,22% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de tudo o
que o país produz). O corte, ressaltou o comunicado, é o maior implementado
desde a entrada em vigor da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
A nota
destacou que, exceto o Bolsa Família, os gastos de saúde, o Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC) e as despesas discricionárias tiveram queda
nominal (sem considerar a inflação) de quase 9% em relação a 2014 e de 5% em
relação a 2013. Na comparação com o ano passado, a queda dos gastos do PAC é
ainda maior e chega a 35% em valores nominais.
Conforme o
texto, a queda na arrecadação e a rigidez das despesas obrigatórias (que não
podem ser cortadas) são os principais fatores que levaram à revisão da meta
fiscal. As novas estimativas levam em conta a queda de R$ 57,7 bilhões na
receita líquida da União em relação as projeções mais recentes, divulgadas no
fim de setembro.
Segundo os
dois ministérios, o contingenciamento recorde está ajudando o governo a
estabilizar o déficit estrutural da economia, indicador que desconta os efeitos
cíclicos da economia e as receitas extraordinárias.
O comunicado
também destacou que a crise na Petrobras foi o principal responsável pela
contração na economia em 2015. O texto citou o estudo divulgado semana passada
pela Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, que
indicou que, da queda estimada de 3% do PIB em 2015, cerca de 2% são relacionados
à suspensão dos investimentos da estatal.
De acordo com
a Fazenda e o Planejamento, a previsão de receita com as concessões em 2015
caiu R$ 1,2 bilhão, de R$ 18,3 bilhões para R$ 17,1 bilhões. A variação
negativa decorre da queda na projeção da arrecadação com a décima terceira
rodada de leilões da Agência Nacional de Petróleo (ANP), de R$ 1,08 bilhão para
R$ 120 milhões e da redução de R$ 250 milhões na expectativa de arrecadação com
outorgas de telecomunicações explicada pelo fim do pagamento de uma operadora
de celular dos parcelamentos do leilão do 4G.
A equipe
econômica também reduziu a estimativa do pagamento de dividendos das empresas
estatais ao Tesouro Nacional em R$ 4,7 bilhões, de R$ 16 bilhões para R$ 11,3
bilhões. A diferença, informaram os dois ministérios, deve-se ao adiamento do
processo de venda de ações da Caixa Seguridade, anunciado no início
deste mês.
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