Em cumprimento
a decisões liminares do Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente da Câmara,
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), desistiu do rito que havia proposto para um eventual
processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff. “Vão ser
cumpridas a Constituição e a lei”, disse.
“Se fizesse
isso no primeiro momento, daria a impressão de que alguma coisa de errado
pudesse ter sido feita. O que não foi o caso”, afirmou Cunha, sem mencionar se
haverá possibilidade de apresentação de recurso em plenário caso ele decida
indeferir um pedido de afastamento da presidenta.
Há cerca de
duas semanas, dois ministros do STF – Teori Zavascki e Rosa Weber –
concederam três liminares que suspenderam o rito adotado por Eduardo Cunha para
processos de impeachment sob análise da Câmara. Os ministros decidiram que
os processos devem seguir a Constituição e a Lei 1.079 de 1950, que regulamenta
a tramitação de pedidos de impeachment. A lei não trata da possibilidade
de recurso em caso de indeferimento, mas alguns deputados defendem que essa
previsão está no Regimento Interno da Câmara.
O presidente
da Casa ainda tinha a expectativa de que a Comissão de Constituição e Justiça
(CCJ) pudesse analisar recursos apresentados por parlamentares da base em
relação ao rito. Como as últimas reuniões da CCJ foram dominadas pelas
discussões sobre a prorrogação da Desvinculação de Receitas da União (DRU), as
chances de análise este ano foram eliminadas.
“Ficaria esta
instabilidade em relação ao tema e é preferível dar estabilidade. Não existe
mais aquela decisão proferida da questão de ordem. Vale toda a interpretação da
Constituição e da lei”, ressaltou Cunha.
Lida em
plenário no final do mês passado, a orientação expressa por Eduardo Cunha foi
uma resposta a questionamentos apresentados pela oposição sobre como deveria
ser a tramitação dos processos. No documento de 18 páginas, ele destacou que,
desde a Constituição de 1988, a competência da Câmara é analisar a
admissibilidade da denúncia, e, no caso de o presidente indeferir o pedido, os
deputados, em plenário, poderiam apresentar recurso.
A base
governista reagiu, acusando a oposição de manobra, já que Cunha deixaria de ter
a palavra final sobre a abertura ou não de um processo contra a presidenta.
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