Por Tiago Minervino no blog Vamos Contextualizar
18 de junho de
2001. Segunda-feira à noite. Em suas residências, os brasileiros mais abastados
estão sintonizados no Jornal Nacional – o telejornal de maior
audiência do país. Direto dos estúdios de jornalismo da TV Globo,
localizados no Jardim Botânico no Rio de Janeiro, a apresentadora Fátima
Bernardes anuncia o primeiro episódio de uma série especial produzida
pelos repórteres Marcelo Canellas e Lúcio Alves, sobre à
escassez de comida nas PANELAS dos brasileiros desabastados. Os
repórteres percorreram juntos seis estados mais o Distrito Federal,
mapeando a fome no Brasil do início do século XXI, durante o terceiro ano do
segundo mandato do então Presidente da República, Fernando Henrique
Cardoso.
Baseado no
livro “Geografia da Fome: a fome no Brasil”, do professor Josué de Castro (editora
O Cruzeiro 1946), no decorrer de cinco episódios exibidos diariamente, o Brasil
que come acompanhou a miséria de aproximadamente 36 milhões de brasileiros –
segundo dados oficiais da época. Era o retrato da conjuntura de uma nação
dividida. Um país com níveis alarmantes de desigualdade.
“Uma tragédia
a conta-gotas, dispersa, silenciosa, escondida nos rincões e nas
periferias. Tão escondida que o Brasil que come não enxerga o Brasil faminto e
aí a fome vira só número, estatística, como se o número não trouxesse junto com
ele dramas, histórias, nomes”, descreve Canellas, enquanto as imagens mostram
as PANELAS penduras, embocadas, vazias.
Panelas cheias
eram uma utopia. A incerteza sobre o que teria para comer no dia seguinte
pairava no ar, de certo mesmo, somente a fome, a desnutrição e por subsequente,
a morte.
O país vivia
momentos difíceis com a inflação alta, baixa valorização do salário mínimo,
desemprego, enorme dívida externa e alta disparidade social. A Organização das
Nações Unidas (ONU) estabeleceu uma meta difícil para o Brasil:
erradicar à miséria, o que só foi possível anos depois, durante o segundo
mandato do governo do Presidente Luís Inácio Lula da Silva.
As panelas,
outrora vazias, começaram aos poucos a serem preenchidas com a alimentação
básica para subsistência da espécie humana. Não tinha caviar, mas tinha
arroz e feijão. Os projetos sociais de combate à pobreza extrema surtiram
efeito. Os indicies de desigualdade social diminuíram. A classe “C” se tornou
média e o país se tornou referência mundial no combate à fome e à pobreza, segundo
o Banco Mundial e a ONU.
8 de março de
2015. Domingo à noite. Dia Internacional da Mulher. Em cadeia nacional de tevê,
a Presidente da República Dilma Rousseff fazia o já tradicional
pronunciamento oficial em homenagem a todas às mulheres.
Paralelo ao
discurso da líder do executivo, um barulho fraco vindo das varandas de
apartamentos luxuosos, localizados em bairros caros – alguns com o metro
quadrado mais valioso do mundo – ressoava, como uma forma de protesto ao
governo e seu partido, o PT.
O burburinho,
apelidado de “panelaço” se alastrou pelo país. As PANELAS voltaram a
ser o centro das atenções, ocupando mais uma vez destaques nos jornais
impressos e de mídia do país, embora em um contexto totalmente diferente.
Panelas,
apitos, buzinas e gestos obscenos incomodaram a presidente que por um longo
período se afastou de propagandas na tevê, mas parecem não terem sido
suficientes para desestabilizá-la.
Dizem que a
propaganda é a alma do negócio, e que nesse quesito os “marqueteiros” do
Partido dos Trabalhadores são invencíveis.
Mostrando não
se abater com os pedidos de impeachment e as críticas contra seu
governo, Dilma ironizou os “panelaços” e aproveitou para alfinetar a oposição
no programa nacional da legenda que foi ao ar na última quinta-feira, 06,
fazendo uma análise sobre a evolução das panelas na casa dos
brasileiros.
“Com as
panelas, vamos fazer o que a gente mais sabe: enchê-las de comida e de
esperança. Esse é o panelaço que gostamos de fazer pelo Brasil”, diz o
programa exibido na semana anterior.
Nas redes
sociais, internautas demonstraram apoio ao governo de Dilma e aproveitaram para
fazer um paralelo com o passado e o presente: “na minha panela, e na de muitos
brasileiros hoje à noite, tem comida”, publicou Ricardo Rios da Silva no Facebook.
pelo que vi o nordeste tambem bateu panela ..................ou vc nao viu
ResponderExcluirnao foi so a globo que mostrou
rsrsrs essa elite branca 93%......................e os 7% de pobres................
ResponderExcluiro Brasil acordou chega de mentiras.............