Mariana Branco
- Repórter da Agência Brasil
A
intensificação de ajustes de preços na economia tornou o balanço de riscos da
inflação “menos favorável” para 2015, avalia o Comitê de Política Monetária
(Copom) do Banco Central (BC). A análise está na ata divulgada hoje (12) da
última reunião do colegiado, realizada nos dias 3 e 4 de março. No encontro, o
Copom decidiu aumentar em 0,5 pontos percentuais a Selic, taxa básica de juros
da economia, que atingiu 12,75% ao ano. A alta deste mês foi a quarta
consecutiva da Selic.
De acordo com
o documento, os ajustes de preços "fazem com que a inflação se eleve no
curto prazo e tenda a permanecer elevada em 2015”. A nota destaca que,
reconhecendo os impactos dos ajustes sobre a inflação, “o comitê reafirma sua
visão de que a política monetária pode e deve conter os efeitos de segunda
ordem dela decorrentes”. Na ata da reunião anterior, de janeiro, o Copom havia
projetado que a inflação tendia a permanecer elevada, mas entraria em declínio
ainda este ano. No comunicado de março, não foi incluída a expectativa de queda
para 2015.
Segundo o
comitê, entre os fatores levados em conta para a última elevação da Selic estão
os ajustes de preços administrados – regulados pelo governo –, com destaque
para a gasolina e a energia elétrica. O comitê trabalhou com estimativa de alta
de 10,7% nos preços administrados, considerando a hipótese de elevação de 8% no
preço da gasolina, “em grande parte, reflexo da incidência da Contribuição de
Intervenção no Domínio Econômico (Cide) e do PIS/Cofins” e de 38,3% nos preços
da energia elétrica, em razão do repasse ao consumidor dos custos das operações
de financiamento da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE).
O Copom prevê
ainda que a evolução dos preços internacionais do petróleo tende a ser
transmitido à economia doméstica, “tanto por meio de cadeias produtivas, como a
petroquímica, quanto por intermédio das expectativas de inflação”.
O colegiado
manifestou-se também sobre a questão do cumprimento da meta
fiscal. Segundo o Copom, o balanço do setor público "tende à
neutralidade, sem descartar a hipótese de migração para a zona de
contenção". Para o comitê, uma trajetória de superávits primários
estimulará o investimento e causará impacto também sobre o combate à inflação.
“A literatura e as melhoras práticas internacionais recomendam uma política
fiscal consistente e sustentável, de modo a permitir que as ações de política
monetária sejam plenamente transmitidas aos preços”.
O Copom
prevê que a demanda agregada, compra de bens e serviços por consumidores,
empresas e Estado, tende a se mostrar “moderada”, bem como a expansão do
crédito. De acordo com o comitê, o consumo das famílias deve se
estabilizar. Por outro lado, o colegiado estima que “condições relativamente
favoráveis” no caso de financiamento imobiliário, concessão de serviços
públicos e ampliação de renda agrícola podem favorecer os investimentos. As
exportações devem ser beneficiadas em função do cenário de alta do dólar e
“maior crescimento de importantes parceiros comerciais”.
Com relação à
economia global, continuam elevados os riscos para a estabilidade financeira. O
colegiado pondera que “apesar de identificar baixa probabilidade de eventos
extremos nos mercados financeiros internacionais, o ambiente externo permanece
complexo”. Mas, mesmo com taxas de crescimento das economias externas menores
do que se antecipava em 2014, as perspectivas são de “recuperação de algumas
economias maduras (...) e intensificação do crescimento em outras”.
Para 2016, o
Comitê de Política Monetária mantém a avaliação de que o cenário de
convergência da inflação para o centro da meta, que é 4,5%, “tem se
fortalecido”. O colegiado voltou a afirmar que os sinais benignos nesse sentido
“ainda não se mostraram suficientes”. O Copom se reúne novamente nos dias
28 e 29 de abril.
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