A acareação
dos ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa e Nestor Cerveró que foi realizada hoje (03/12), na comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) que
investiga denúncias de corrupção na petroleira. O primeiro assunto colocado
pelos parlamentares para esclarecimento entre os dois foi o pagamento de
propina no contrato da compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.
Na condição de
diretor responsável, à época, pela compra da refinaria, Cerveró negou que tenha
havido pagamento de propina nos contratos referentes a essa transação e em
outros da Petrobras. “Eu desconhecia. Pelo fato de desconhecer, para mim, não
havia [pagamento de propina]”, voltou a afirmar Cerveró hoje. Em seguida, questionado
sobre uma carta escrita por ele que propiciou a compra da refinaria, ele disse
que não recebeu propina por isso. “Eu não recebi nada, eu fiz um procedimento
normal. Eu não recebi nada por essa carta”, reiterou.
Sobre o
assunto, Paulo Roberto Costa se limitou a dizer que reitera o que já disse ao
juiz Sérgio Moro, nos depoimentos que prestou em Curitiba. Em setembro, o
Jornal Nacional, da TV Globo, informou que Costa havia admitido para o juiz ter
recebido, ele próprio, R$ 1,5 milhão de propina pelo contrato da Refinaria de
Pasadena.
No início da
acareação, Costa foi o primeiro a falar e começou dizendo que tudo o que já
disse nos depoimentos da delação premiada tem comprovação. “Não tem nada da
delação que eu falei que eu não confirme. Porque a delação é um instrumento
extremamente sério, não podem ser usados artifícios, não pode haver mentira,
nem coisas que não se possa confirmar depois”, afirmou. “Falei de fatos, falei
de dados, falei de pessoas. Na época oportuna, essas pessoas serão conhecidas”,
enfatizou.
Paulo Roberto
é apontado pela Polícia Federal como uma das pessoas no topo de uma organização
que intermediava o pagamento de propina de empreiteiras a partidos políticos e
agentes públicos para conseguir contratos com a Petrobras. Na condição de
diretor de Abastecimento da empresa, ele admitiu à Justiça – em depoimento
aberto, fora da delação premiada – que era responsável pelo recebimento do
dinheiro de propina que posteriormente seria repassado ao PP, ao PT e ao PMDB.
CPMI da Petrobras faz acareação de Paulo Roberto Costa e Nestor Cerveró |
No início do
depoimento de hoje na CPMI, ele se disse arrependido do que fez e até mesmo de
ter aceitado uma indicação política para chegar ao cargo de diretor da
Petrobras. Segundo ele, foi essa indicação que o levou à condição de réu
atualmente. “Mas, em todos os governos, desde o governo Sarney, o governo
Collor, o governo Itamar, o governo Fernando Henrique, o governo Lula e o
governo Dilma, em todos os governos, só se chega ao cargo de diretor da
Petrobras se tiver uma indicação política. E eu aceitei essa indicação, da qual
me arrependo amargamente, porque agora estou aqui”, disse. De acordo com ele, o
mesmo esquema que ocorre com obras da Petrobras repete-se em todos os contratos
públicos feitos no país, incluindo ferrovias, portos e aeroportos.
Logo em
seguida, Cerveró disse que sua defesa está sendo paga pela Petrobras por meio
de um seguro que é feito pela companhia para custear a defesa de seus
funcionários em processos que estejam relacionados à gestão. “Esse seguro só
cobre a defesa. No caso de condenação ou dolo comprovado, o seguro tem que ser
ressarcido pelo responsável”, esclareceu em seguida.
Nestor Cerveró
começou a acareação comunicando aos parlamentares que não iria responder a
perguntas formuladas com base em vazamento de informações do processo à
imprensa. “Não vou responder a perguntas que sejam extraídas de possíveis
vazamentos ou ilações da mídia. Não vou responder a perguntas que eu desconheço
e que os senhores também desconhecem”, disse.
A acareação
continua e os dois respondem a perguntas dos membros da CPMI.
Da Agência
Brasil
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