A neutralidade
da rede ficou de fora do documento final do NETmundial – Encontro
Multissetorial Global Sobre o Futuro da Governança da Internet. O princípio de
que não pode haver discriminação dos tipos de dados que trafegam na internet
não foi incluído no acordo apresentado ao fim do encontro, que reuniu
representantes de 80 países. Cerca de 900 pessoas, entre integrantes de governos,
empresas, especialistas e militantes discutiram governança na internet, durante
dois dias, na capital paulista.
Com duas horas de atraso, começou a ser apresentado às 20h de hoje (24) o texto
final das premissas acordadas no evento. As recomendações buscam estabelecer
princípios comuns e apontar um roteiro para o desenvolvimento da rede nos
próximos anos. As discussões começaram a partir de um documento elaborado com
contribuições de todos os setores envolvidos em 46 países. O texto foi então
aberto para consulta pública durante o evento.
Os pontos que despertaram mais atenção foram vigilância e coleta de dados em massa. Ficou decidido que essas práticas, assim como a interceptação de comunicações, devem ser feitas observando as leis internacionais de direitos humanos. Também foram acordados pontos para que haja pluralidade e transparência na administração da rede. A íntegra está disponível na página do fórum.
Os pontos que despertaram mais atenção foram vigilância e coleta de dados em massa. Ficou decidido que essas práticas, assim como a interceptação de comunicações, devem ser feitas observando as leis internacionais de direitos humanos. Também foram acordados pontos para que haja pluralidade e transparência na administração da rede. A íntegra está disponível na página do fórum.
Apesar de ter sido aprovado por quase todos os países envolvidos, o texto recebeu ressalvas de algumas delegações. Os representantes da Rússia criticaram o processo de formulação do documento. “Nós estamos no escuro a respeito de como foram selecionadas as contribuições”, ressaltaram os representantes russos. Para eles, faltou transparência no processo.
A comissão da
Índia disse que não teve tempo suficiente para avaliar o conteúdo do documento.
Os indianos querem que os artigos sejam analisados por organizações estatais e
não governamentais em seu país, antes de se manifestarem contra ou a favor dos
termos.
Os cubanos
aprovaram o documento. Entretanto, a delegação disse que o texto tem
“limitações”. Para eles, o acordo “não dá a relevância necessária ao direito ao
desenvolvimento, à educação e ao conhecimento”.
Representantes
da sociedade civil escreveram um manifesto em que se dizem desapontados com o
resultado do encontro. Na opinião dessas entidades, que representaram quase um
quarto dos participantes, os termos não estabelecem de forma satisfatória
salvaguardas ao direito à privacidade e à liberdade de expressão.
O ministro das
Comunicações, Paulo Bernardo, se disse satisfeito com o resultado do encontro.
“Eu considero uma façanha termos chegado ao ponto que chegamos. Era um público
muito diversificado: gente de governos de todas as tendências e matizes
ideológicos, setor privado, academia, sociedade civil”, destacou.
De acordo com
o ministro, a neutralidade da rede, defendida pelo governo brasileiro, ficou
fora do texto final por pressão dos Estados Unidos e da União Europeia.
“Imagino que as empresas de telecomunicações tenham atuado também. Não vi isso
nitidamente, mas vocês sabem que eles têm posição contrária”, acrescentou.
O ponto, no
entanto, foi colocado no fim do documento, sobre os temas em que é necessário
haver mais discussões. “O que eu acho que poderia ter sido feito é uma
formulação bem mais precisa e mais clara, que seria escrever neutralidade de
rede no documento”, enfatizou. Segundo ele, os europeus não quiseram se
comprometer com o tema, porque vão aprovar uma regulamentação própria para o
bloco, em breve. Bernardo lembrou, entretanto, que o ponto consta do Marco
Civil da Internet sancionado pela presidenta Dilma Rousseff na abertura do
fórum.
Bernardo disse
ainda, que no espírito do texto aprovado o governo brasileiro pretende atuar
ostensivamente para universalizar o acesso à rede no país. “Eu tenho já
orientação da presidenta Dilma que o governo vai fazer investimento em áreas
que temos dificuldades de promover a universalização apenas com os
investimentos privados”.
Da Agência
Brasil
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