Em petição,
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pede que Supremo julgue a Ação
Penal 536, o processo do 'mensalão tucano', relatado pelo ministro Luís Roberto
Barroso; plenário do STF vai decidir na próxima quinta-feira se o caso
continuará em tramitação na Corte após a renúncia do ex-deputado Eduardo
Azeredo (PSDB-MG), principal réu no processo; sem mandato, ele perderia direito
ao foro especial e o caso pode ir para a Justiça de Minas; para Janot, "a
intenção de burla [com a renúncia de Azeredo] é evidente"
Da Agência
Brasil
O
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao Supremo Tribunal Federal
(STF) que julgue a Ação Penal 536, o processo do mensalão mineiro. Na
quinta-feira (27), o plenário do Supremo vai decidir se o processo continuará
em tramitação na Corte após a renúncia do ex-deputado federal Eduardo Azeredo
(PSDB-MG), que é investigado por desvio de dinheiro público durante a campanha
pela reeleição ao governo de Minas Gerais em 1998.
Na petição,
apresentada ontem (24) aos ministros, Janot afirma que a renúncia não pode ser
usada para burlar o julgamento no foro adequado. Com a renúncia, Azeredo perdeu
o foro privilegiado e o processo poderá ser remitido à Justiça de primeira
instância, atrasando o julgamento. No caso do ex-governador, o plenário vai
avaliar se a renúncia teve a intenção de retardar o fim da ação penal.
"Há se
ver que, sendo fatos do ano de 1998, com denúncia recebida em 2009 (mais de 11
anos após), faltando poucos meses para o término do mandato (início de 2015)
faz-se a renúncia. A intenção de burla é evidente", ressalta o procurador.
Azeredo
renunciou ao mandato parlamentar em fevereiro, após o procurador Rodrigo Janot
apresentar as alegações finais, última fase antes do julgamento da ação penal.
Segundo Janot, Azeredo atuou como "um maestro" no esquema e desviava
recursos públicos em benefício próprio para financiar a campanha política. O
procurador também diz que a prática dos crimes só foi possível por meio de um
esquema criminoso montado pelo publicitário Marcos Valério, condenado na Ação
Penal 470, o processo do mensalão.
Mesmo com a
renúncia, o advogado de Eduardo Azeredo apresentou defesa ao Supremo. O
advogado José Gerardo Grossi negou que o então governador mineiro tivesse
determinado a aquisição de cotas de patrocínio dos eventos, pelas empresas
citadas na denúncia.
O advogado
também negou que Azeredo tivesse conhecimento da participação do publicitário
Marcos Valério na contratação de empréstimos fictícios. Valério foi condenado a
37 anos de prisão, na Ação Penal 470, por ser operador do núcleo financeiro que
abastecia o esquema.
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