Levantamento
feito pelo iG com base em informações de 22 dos 26 estados brasileiros aponta
que o Maranhão respondeu por quase um terço dos assassinatos
Pelo menos 197
presos foram assassinados nas cadeias brasileiras em 22 Estados no ano passado,
conforme levantamento feito pelo iG junto às secretarias de
Administração Penitenciária. Somente o Maranhão, que vive sua maior crise
carcerária, foi responsável por 30% do número de assassinatos em presídios do
país inteiro em 2013.
Comparando-se
esses dados com o levantamento feito no início do ano passado pelo Conselho
Nacional do Ministério Público (CNMP), verifica-se uma tendência de aumento no
número de execuções nos presídios em 2013. Pelos números do CNMP, ocorreram 110
homicídios nos presídios brasileiros em 2012. Mas os números do CNMP divulgados
no ano passado não listaram as mortes ocorridas nas cadeias maranhenses.
Em números
absolutos, dos 197 homicídios registrados nas cadeias brasileiras em 2013, o
Maranhão responde por 60 casos. São Paulo teve o segundo maior número absoluto
de homicídios, com 22 casos, seguido do Amazonas, com 20 registros. Entretanto,
a população carcerária do Maranhão é 35 vezes menor que a de São Paulo. E a do
Amazonas, 30 vezes menor que a paulistana.
Na comparação
com a população carcerária dos estados, no Maranhão foi registrada uma execução
de detentos em 2013 para cada 100 presidiários. No Amazonas, ocorreu um
assassinato para cada 350 presos, a segunda maior proporção do país. A terceira
maior proporção de assassinatos está em Alagoas, com aproximadamente uma
execução para cada 500 detentos. Em São Paulo, ocorreu uma execução para cada 10
mil presos. Em Santa Catarina foi registrada a menor proporção de execuções em
comparação com a população carcerária. São 17 mil presos e apenas uma morte
registrada no ano passado. No Distrito Federal e no Mato Grosso, não foram
registradas mortes no ano passado.
O levantamento
do iG não contabilizou os números do Ceará, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do
Sul, Bahia e Rondônia. No Ceará, foram registradas 32 mortes violentas nos
presídios. Mas os dados somam homicídios e suicídios ocorridos dentro das
prisões. No Rio Grande do Sul, 113 presos morreram nas cadeias, mas o Estado
não soube informar quantos desses casos foram assassinados.
No Mato Grosso
do Sul, oficialmente, não foram registrados assassinatos dentro das prisões.
Mas existem 14 mortes naturais ou suicídios que têm indícios de serem, na
realidade, homicídios. A Polícia investiga, por exemplo, casos de detentos que
teriam assassinado colegas por meio de overdose de drogas (quando um detento
injeta uma quantidade excessiva de cocaína no colega, por exemplo). Bahia e Rondônia
não revelaram a quantidade de assassinatos nas cadeias até o fechamento desta
reportagem.
Para o
presidente nacional da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB), Wadih Damous, o sistema prisional brasileiro, hoje, “tangencia a
barbárie” por causa da superlotação e pela condição insalubre da maioria das
unidades. “Quem vira hóspede do sistema prisional brasileiro, é hóspede do
inferno”, afirma Damous. “O sistema carcerário brasileiro tem problemas, mas o
do Maranhão ultrapassou todos os limites. É um ponto fora da curva”,
complementa.
O titular da
Segunda Vara de Execuções Penais de São Luís, capital do Maranhão, juiz
Fernando Mendonça, afirmou que o número excessivo de mortes nas penitenciárias
do Estado é fruto do aumento da violência e também do aumento do controle das
facções criminosas dentro dos presídios. “Somente o Complexo Penitenciário de
Pedrinhas (onde ocorreu a maioria das mortes registradas no Estado) é um dos
locais mais violentos do mundo. Nem Bagdá tem tantas mortes violentas quanto em
Pedrinhas”, disse o juiz.
Diante do
aumento do número de execuções nos presídios de todo o Brasil, o Conselho
Nacional de Justiça (CNJ) tem intensificado o mutirão carcerário, na tentativa
de atenuar os problemas nos presídios. Esse é um desejo pessoal do presidente
do CNJ e do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa.
Número de
presos assassinados no Brasil em 2013
Maranhão (60),
São Paulo (22), Amazonas (20), Goiás (17), Pernambuco (10), Alagoas (9, Paraná
(9), Minas Gerais (9), Rio de Janeiro (7), Tocantins (7), Piauí (6), Pará (5),
Paraíba (3), Acre (3), Amapá (2), Roraima (2), Sergipe (2), Espírito Santo (2),
Rio Grande do Norte (1), Santa Catarina (1), Distrito Federal (0), Mato Grosso
(0).
Situação de
outros estados
Ceará: 32
mortes violentas (homicídios ou não)**
Mato Grosso do
Sul: 14 mortes com indícios de assassinatos
Bahia: não
informado
Rio Grande do
Sul: 113 mortes, mas não são contabilizadas como homicídios
Rondônia: não
houve mortes na capital, mas não houve informações sobre execuções nas cadeias
do interior
*Dados levam
em consideração apenas os casos listados como homicídios e não mortes naturais
**Estão
incluídas todas as mortes violentas, entre elas suicídios de detentos.
Do Ultimo
Segundo
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