Blog Dag Vulpi - Preocupado com
o risco de ficar sem o apoio de evangélicos na campanha para a reeleição da
presidente Dilma
Rousseff no próximo ano, o governo começou a orientar a base no Senado
a ceder ao desejo dos religiosos e não votar neste ano do projeto que
criminaliza a homofobia (PLC-122).
Como parte da
estratégia para orientar a bancada, a ministra de Relações Institucionais,
Ideli Salvatti, entrou em campo nesta semana. Ela telefonou para senadores
governistas para pedir que a proposta fosse deixada para depois das eleições
ou, de acordo com relatos de senadores, quando houver consenso sobre o assunto.
O acordo
pedido pela ministra teria que conciliar interesses das igrejas e dos gays, até
agora considerados pelos dois lados como inconciliáveis. A proposta também é um
pleito histórico no PT, que se antecipou à movimentação do Planalto e divulgou
na semana passada uma nota na qual reforça a posição em favor da votação do
projeto.
“O Planalto
tem afirmado que se houver ameaça a liberdade de expressão das igrejas, o
relatório deve ser melhorado”, defendeu o líder do PT no Senado, Wellington
Dias (PT-PI). “Não acredito que haja alguma igreja que defenda o ódio”, argumentou.
O pedido de
Ideli atende diretamente às exigências dos religiosos que não querem permitir
avanço na tramitação da proposta. Na quarta-feira (11), na reunião da Comissão
de Direitos Humanos, o senador e relator, Paulo Paim (PT-RS), driblou as manobras
tentadas pelos evangélicos para protelar a votação e conseguiu ler o relatório.
Os
evangélicos, que haviam tentado esvaziar o quórum necessário para a votação,
tiveram que recorrer para o último pedido de vista do documento.
Regimentalmente, os evangélicos não podem mais se utilizar deste recurso para
protelar as votações. “Foi uma vitória poder ler o relatório e ainda fazer com
que os evangélicos usassem o pedido de vista. Li e colocamos em votação. Ainda
temos a próxima semana para colocar o texto em votação”, considerou Paim.
A presidente
da comissão, senadora Ana Rita (PT-ES), informou que está disposta a colocar o
relatório em votação na próxima sessão da comissão, na quarta-feira (18).
Divergências
A posição do
Planalto a favor do adiamento da votação ocorreu mesmo após a flexibilização da
proposta apresentada por Paim. Para tentar aprovar seu relatório na comissão
até o fim deste ano, Paim retirou do texto a palavra “homofobia”, incluiu
artigos que resguardam a liberdade de expressão em eventos religiosos e que
definem o “respeito” a templos e eventos religiosos no caso da manifestação de
afetividade por parte de homossexuais. O senador também ampliou os tipos de
preconceito a serem tratados na lei.
Consenso sobre
o assunto não há nem entre gays e religiosos, nem entre senadores da base, nem
entre senadores do próprio PT que integram a comissão. Ana Rita e Paim são os
únicos titulares petistas a defenderem a aprovação da proposta. O senador
Walter Pinheiro (PT-BA), que é evangélico, se alinha à posição defendida pelo
Planalto nos bastidores e à de Wellington Dias, a favor do adiamento da votação
até que se forme o consenso.
Paim acredita
que tem como aprovar seu texto na comissão com apoio da maior parte do
colegiado. Em apoio ao relatório, já se manifestaram informalmente os senadores
Roberto Requião (PMDB-PR), Randolfe Rodrigues (PSOL-AC), Lídice da Mata
(PSB-BA), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e Paulo Davim (PV-RN).
Condição
O
condicionamento do apoio à reeleição de Dilma Rousseff à rejeição ou adiamento
da votação da proposta foi apresentado ao Planalto por senadores que estão na
linha de frente do lobby das igrejas. Um deles é o senador Magno Malta (PR-ES),
pastor da Igreja Batista. Malta não faz segredo da exigência.
“Não adianta
na época de eleições tomar café com pastor, visitar as igrejas e depois de
eleitos, defenderem projetos contra a família, da forma que foi concebida por
Deus. Nós vamos nos posicionar contrários aos políticos que defendem essa
ideologia homossexual. No segundo turno das eleições, andei este país inteiro
com a Dilma, mas agora ninguém vai me usar mais”, reclamou o senador.
Na semana
passada, Wellington Dias, que é católico, viajou ao Espírito Santo para se
encontrar com Magno Malta. Os dois trataram da estratégia para barrar a
aprovação da proposta e Malta aproveitou para colocar sua posição em relação ao
apoio dos evangélicos na corrida eleitoral para a Presidência da República.
Gim Argello
(PTB-DF) foi relator da lei que incluiu a música gospel entre os projetos
culturais que podem ser financiado pela Lei Ruanet. Ele também manteve
interlocução com o Planalto exigindo que a proposta não fosse levada a frente.
Outro senador
que tem atuadopara barrar a proposta é Eduardo Lopes (PRB-RJ), pastor da Igreja
Universal, que substituiu no mandato Marcello Crivella quando o bispo se
licenciou para assumir o Ministério da Pesca no governo de Dilma Rousseff.
Eduardo Lopes
argumentou que a proposta de criminalização não deveria ser tratada fora das
alterações no Código Penal e que, por isso, deveria ser arquivada na Comissão
de Direitos Humanos (CDH) do Senado. O projeto já foi aprovado na Câmara e
antes de chegar ao plenário do Senado terá que ser aprovado pela CDH e pela
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.
Do Portal IG
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