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Dag Vulpi -
Organizações da sociedade civil que há dez anos monitoram o atendimento a
pacientes com aids pelo Ministério da Saúde temem um retrocesso no país. Após
anúncio de mudanças no tratamento para pessoas que acabaram de ser diagnosticadas
com HIV e de medidas para facilitar a testagem, o Grupo de Trabalho
sobre Propriedade Intelectual (GTPI) divulgou comunicado sugerindo que o
sucesso do programa brasileiro pode estar em risco.
O documento da
ONG questiona a realização de teste rápido para HIV em grandes eventos, que
pode acabar constrangendo os pacientes na frente de pessoas conhecidas, caso o
resultado dê positivo, e a disponibilização do teste, a baixo custo, em
farmácias, a partir de 2014. Para o GTPI, o aconselhamento pré e
pós-testagem são fundamentais para pacientes com HIV positivo que podem ter uma
reação inesperada ou se afastar do tratamento.
Outra
preocupação é com a oferta de medicamento para pessoas diagnosticadas com HIV
que não desenvolveram sintomas da aids. Embora a antecipação do tratamento
possa salvar vidas, pois pacientes morrem no primeiro ano após o diagnóstico, o
GTPI alerta que o tratamento deve ser focado na melhoria da qualidade de vida do
paciente e não na prevenção da transmissão.
“O tratamento
traz vantagens como o aumento da expectativa de vida, mas também efeitos
colaterais”, disse a coordenadora do GTPI, Marcela Vieira. Entre as
desvantagens cita a lipodistrofia, que é a distribuição irregular de gordura
pelo corpo, a perda da visão e doenças crônicas como o câncer. “Parece uma
decisão trivial, mas o tratamento para HIV tem que ser uma decisão pessoal. O
portador de HIV não pode ser induzido ao uso do medicamento para prevenir a transmissão”.
Na avaliação
do grupo de trabalho, o ministério também retrocede no combate ao preconceito e
ao estigma. Um exemplo foi a retirada do ar em maio deste ano de campanhas
educativas voltadas para o público onde a epidemia mais avança: meninos gays e meninas
entre 14 e 19 anos. A campanha tratava da homofobia, do uso de preservativos e
da gravidez na adolescência.
Da Agência
Brasil
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