Denúncia do
Ministério Público mostra como age Nilton Antônio Monteiro, cujos golpes
teriam movimentado cerca de R$ 1,3 bilhão nos últimos 13 anos, segundo o
promotor André Luiz Garcia de Pinho; "É, com certeza, um dos maiores
falsários do País", disse Pinho; nas últimas semanas, foi descoberta com
Monteiro uma nova "lista de Furnas", mas agora envolvendo políticos
do PT, e não do PSDB, como aconteceu em 2000
Uma
denúncia do Ministério Público trazida à tona pela revista IstoÉ, da editora
Três, revela como trabalha o o estelionatário que falsificou a chamada Lista de
Furnas, esquema de corrupção que envolveu a empresa Furnas para abastecer
campanhas de políticos principalmente do PSDB. Nos últimos 13 anos, os atos
de Nilton Antônio Monteiro teria movimentado cerca de R$ 1,3 bilhão
com seus golpes, de acordo com o promotor André Luiz Garcia de Pinho.
Recentemente, foi descoberta uma nova "lista de Furnas" com o
falsário, mas desta vez envolvendo políticos do PT.
O falsário
Denúncia do Ministério Público mostra como age o estelionatário que falsificou a Lista de Furnas envolvendo políticos tucanos e relata uma série de golpes contra empresários e espólios milionários
Com a chegada
de mais um ano eleitoral, políticos de diversas colorações partidárias se
transformam no alvo preferencial daquele que o Ministério Público de Minas
Gerais define como o "Midas da falsificação". Trata-se de Nilton
Antônio Monteiro, um antigo conhecido das delegacias de estelionato que costuma
trafegar com enorme desenvoltura no eixo Minas-Rio-Brasília e que nos últimos
13 anos teria, segundo o promotor André Luiz Garcia de Pinho, movimentado cerca
de R$ 1,3 bilhão com seus golpes e achaques. Niltinho, como é chamado no
Complexo Penitenciário Nelson Hungria, onde está preso, ficou conhecido
nacionalmente em 2005, quando divulgou a famosa lista de Furnas, uma relação
com o nome de 155 políticos ligados ao PSDB que teriam recebido de forma
irregular recursos da estatal para abastecer suas campanhas. Além de listar os
nomes dos parlamentares e os supostos valores recebidos, Monteiro fazia ameaça
com recibos que teriam sido assinados pelos próprios políticos ou por seus
prepostos. Na ocasião, a denúncia mobilizou o Judiciário e emporcalhou muitas
biografias. Mas perícias realizadas pela Polícia Federal atestaram que tudo era
falso. Nas últimas semanas, o Ministério Público descobriu que o falsário
dispunha de outra lista de Furnas, esta elaborada com nomes de políticos
ligados ao PT. A relação petista foi encontrada em um dos computadores de
Monteiro, apreendidos com autorização judicial.
"Esse
cidadão não tem jeito. É, com certeza, um dos maiores falsários do País",
disse o promotor Pinho, na quinta-feira 12. Ele é o responsável pela denúncia
que classifica Monteiro como o líder de uma quadrilha composta por mais cinco
pessoas. Antes de se identificar como lobista, o falsário já se apresentou como
médico oncologista. Até que a Lista de Furnas fosse definitivamente
desmascarada, Monteiro frequentou diversos gabinetes em Brasília e costumava
ser visto nos mais nobres restaurantes da capital. A muitos interlocutores se
dizia proprietário de uma ilha e de vários terrenos na Barra da Tijuca, no Rio
de Janeiro, quando na verdade mora em um bairro na periferia de Belo Horizonte
e não tem renda fixa. Comprovada a fraude, a partir de 2007 Monteiro acabou se
aperfeiçoando na arte de falsificar notas promissórias, contratos de prestação
de serviços e até títulos públicos. Com esses documentos falsos ele recorre ao
Judiciário em busca de valores estratosféricos. São dezenas de processos em
diversos Estados, inclusive em inventários. Na maior parte dos casos,
apresenta-se como consultor.
Para tentar
imprimir veracidade às suas histórias, Monteiro conta com outro membro da
quadrilha que é definido pelo MP de Minas Gerais como o "relações-públicas
do bando", como registra a página dois da denúncia da 11ª Promotoria de
Justiça da Comarca de Belo Horizonte. Trata-se de Marco Aurélio Flores Carone,
editor de um jornal eletrônico chamado "NovoJornal".
Segundo o
promotor Pinho, é por intermédio desse veículo que os falsários promovem
linchamento moral daqueles que se opõem a eles e também divulgam falsas
notícias a fim de dar ares de credibilidade às cobranças que Monteiro faz na
Justiça usando os documentos falsos. "O 'Novo Jornal' atua como verdadeiro
balcão para intimidação das vítimas da quadrilha, disseminação de papéis falsos
criados pelo bando e divulgação de matérias enaltecendo o chefe dos
quadrilheiros", redigiu o promotor em sua denúncia de 39 páginas, datada
de 12 de novembro. O Ministério Público também quer descobrir quem são os
financiadores do "Novo Jornal".
Nos golpes que
Monteiro e seu grupo tentaram aplicar, os valores envolvidos são gigantescos.
Contra o espólio do ex-deputado Sérgio Naya, ele tenta cobrar uma
"dívida" de R$ 970 milhões. Contra Andréa de Cássia Vieira de Souza,
Monteiro apresentou uma nota promissória de R$ 68 milhões com vencimento em 20
de agosto de 2008. O Ministério Público já comprovou a falsidade do documento,
que foi fabricado em maio de 2010. Outra vítima é o ex-presidente de Furnas
Dimas Fabiano Toledo. Monteiro apresentou uma nota promissória de R$ 5,9 milhões
vencida em 10 de maio de 2010. O MP comprovou que o documento fora feito no
computador do falsário em 13 de maio de 2013. Com esse histórico, os promotores
de Minas entendem que Monteiro está entre as pessoas físicas que mais trabalho
dão ao Judiciário, seja como réu, seja como autor de processos em busca de
cobranças extraordinárias.
Via Minas 247 -
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