segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Autor da lista de Furnas denunciado como falsário


Denúncia do Ministério Público mostra como age Nilton Antônio Monteiro, cujos golpes teriam movimentado cerca de R$ 1,3 bilhão nos últimos 13 anos, segundo o promotor André Luiz Garcia de Pinho; "É, com certeza, um dos maiores falsários do País", disse Pinho; nas últimas semanas, foi descoberta com Monteiro uma nova "lista de Furnas", mas agora envolvendo políticos do PT, e não do PSDB, como aconteceu em 2000

Uma denúncia do Ministério Público trazida à tona pela revista IstoÉ, da editora Três, revela como trabalha o o estelionatário que falsificou a chamada Lista de Furnas, esquema de corrupção que envolveu a empresa Furnas para abastecer campanhas de políticos principalmente do PSDB. Nos últimos 13 anos, os atos de Nilton Antônio Monteiro teria movimentado cerca de R$ 1,3 bilhão com seus golpes, de acordo com o promotor André Luiz Garcia de Pinho. Recentemente, foi descoberta uma nova "lista de Furnas" com o falsário, mas desta vez envolvendo políticos do PT. 

Abaixo, a íntegra da reportagem da revista IstoÉ:
O falsário

Denúncia do Ministério Público mostra como age o estelionatário que falsificou a Lista de Furnas envolvendo políticos tucanos e relata uma série de golpes contra empresários e espólios milionários

Com a chegada de mais um ano eleitoral, políticos de diversas colorações partidárias se transformam no alvo preferencial daquele que o Ministério Público de Minas Gerais define como o "Midas da falsificação". Trata-se de Nilton Antônio Monteiro, um antigo conhecido das delegacias de estelionato que costuma trafegar com enorme desenvoltura no eixo Minas-Rio-Brasília e que nos últimos 13 anos teria, segundo o promotor André Luiz Garcia de Pinho, movimentado cerca de R$ 1,3 bilhão com seus golpes e achaques. Niltinho, como é chamado no Complexo Penitenciário Nelson Hungria, onde está preso, ficou conhecido nacionalmente em 2005, quando divulgou a famosa lista de Furnas, uma relação com o nome de 155 políticos ligados ao PSDB que teriam recebido de forma irregular recursos da estatal para abastecer suas campanhas. Além de listar os nomes dos parlamentares e os supostos valores recebidos, Monteiro fazia ameaça com recibos que teriam sido assinados pelos próprios políticos ou por seus prepostos. Na ocasião, a denúncia mobilizou o Judiciário e emporcalhou muitas biografias. Mas perícias realizadas pela Polícia Federal atestaram que tudo era falso. Nas últimas semanas, o Ministério Público descobriu que o falsário dispunha de outra lista de Furnas, esta elaborada com nomes de políticos ligados ao PT. A relação petista foi encontrada em um dos computadores de Monteiro, apreendidos com autorização judicial.

"Esse cidadão não tem jeito. É, com certeza, um dos maiores falsários do País", disse o promotor Pinho, na quinta-feira 12. Ele é o responsável pela denúncia que classifica Monteiro como o líder de uma quadrilha composta por mais cinco pessoas. Antes de se identificar como lobista, o falsário já se apresentou como médico oncologista. Até que a Lista de Furnas fosse definitivamente desmascarada, Monteiro frequentou diversos gabinetes em Brasília e costumava ser visto nos mais nobres restaurantes da capital. A muitos interlocutores se dizia proprietário de uma ilha e de vários terrenos na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, quando na verdade mora em um bairro na periferia de Belo Horizonte e não tem renda fixa. Comprovada a fraude, a partir de 2007 Monteiro acabou se aperfeiçoando na arte de falsificar notas promissórias, contratos de prestação de serviços e até títulos públicos. Com esses documentos falsos ele recorre ao Judiciário em busca de valores estratosféricos. São dezenas de processos em diversos Estados, inclusive em inventários. Na maior parte dos casos, apresenta-se como consultor.

Para tentar imprimir veracidade às suas histórias, Monteiro conta com outro membro da quadrilha que é definido pelo MP de Minas Gerais como o "relações-públicas do bando", como registra a página dois da denúncia da 11ª Promotoria de Justiça da Comarca de Belo Horizonte. Trata-se de Marco Aurélio Flores Carone, editor de um jornal eletrônico chamado "NovoJornal".



Segundo o promotor Pinho, é por intermédio desse veículo que os falsários promovem linchamento moral daqueles que se opõem a eles e também divulgam falsas notícias a fim de dar ares de credibilidade às cobranças que Monteiro faz na Justiça usando os documentos falsos. "O 'Novo Jornal' atua como verdadeiro balcão para intimidação das vítimas da quadrilha, disseminação de papéis falsos criados pelo bando e divulgação de matérias enaltecendo o chefe dos quadrilheiros", redigiu o promotor em sua denúncia de 39 páginas, datada de 12 de novembro. O Ministério Público também quer descobrir quem são os financiadores do "Novo Jornal".


Nos golpes que Monteiro e seu grupo tentaram aplicar, os valores envolvidos são gigantescos. Contra o espólio do ex-deputado Sérgio Naya, ele tenta cobrar uma "dívida" de R$ 970 milhões. Contra Andréa de Cássia Vieira de Souza, Monteiro apresentou uma nota promissória de R$ 68 milhões com vencimento em 20 de agosto de 2008. O Ministério Público já comprovou a falsidade do documento, que foi fabricado em maio de 2010. Outra vítima é o ex-presidente de Furnas Dimas Fabiano Toledo. Monteiro apresentou uma nota promissória de R$ 5,9 milhões vencida em 10 de maio de 2010. O MP comprovou que o documento fora feito no computador do falsário em 13 de maio de 2013. Com esse histórico, os promotores de Minas entendem que Monteiro está entre as pessoas físicas que mais trabalho dão ao Judiciário, seja como réu, seja como autor de processos em busca de cobranças extraordinárias.

Via Minas 247 - 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sua visita foi muito importante. Faça um comentário que terei prazaer em responde-lo!

Abração

Dag Vulpi

Sobre o Blog

Este é um blog de ideias e notícias. Mas também de literatura, música, humor, boas histórias, bons personagens, boa comida e alguma memória. Este e um canal democrático e apartidário. Não se fundamenta em viés políticos, sejam direcionados para a Esquerda, Centro ou Direita.

Os conteúdos dos textos aqui publicados são de responsabilidade de seus autores, e nem sempre traduzem com fidelidade a forma como o autor do blog interpreta aquele tema.

Dag Vulpi

Seguir No Facebook