Por Ilya
Ehrenburg
A escolha do
Gripen NG pelo Ministério da Defesa, para equipar a FAB, foi um erro histórico
de proporções gigantescas...
Das aeronaves que constavam na Short List, é a única não operacional. E vou além: sequer possui um protótipo em condições de voo.
Portanto, percebe-se que o Brasil adquiriu um projeto, e não um produto pronto, e se considerarmos a conta de padaria, que aponta para o valor de cem milhões de dólares, Fly Way, então vemos que pagamos caro por um caça leve - pois é isto que o Gripen é: um caça leve.
Todo projeto possui bugs, problemas, que precisam ser solucionados. A vantagem proporcionada pelo Rafale e pelo F-18E era a de oferecer um produto pronto, sem bugs. O Gripen NG, que conta apenas com 40% de cumunalidade com o Gripen C, precisa ter todos os seus pontos solucionados e testados, algo que vai da estrutura, pois o berço do motor possui um desenho novo, aos sistemas, pois o radar previsto para a aeronave, o Raven ES05 AESA, sequer foi finalizado pela Selex...
O radar é
outro ponto para se abordar: a Thales levou 5 anos para aprontar o RBE-2 AESA,
deixando-o com todos os módulos operativos. O Raven sequer começou os seus
testes básicos... Isso significa que teremos que bancar o desenvolvimento de
todas as funcionalidades deste radar perante a Selex...
Além disso,
não há garantia alguma de que seja um aparelho superior ao RBE-2 AESA, ou ao
APG-79 AESA, cujas capacidades são conhecidas e superlativas.
De uma suíte de fusão de dados nem vou falar, posto que ela não estava prevista no projeto do Gripen NG, mas, considerando que suítes automáticas de fusão de dados estão presentes em projetos recentes, do F-35 ao T-50, e que a mesma é a estrela dentre os sensores do Rafale (Spectra), é capaz da SAAB inventar e colocar uma em seu Photoshop, algo que a montadora aeronáutica sueca é mestre em fazer.
De uma suíte de fusão de dados nem vou falar, posto que ela não estava prevista no projeto do Gripen NG, mas, considerando que suítes automáticas de fusão de dados estão presentes em projetos recentes, do F-35 ao T-50, e que a mesma é a estrela dentre os sensores do Rafale (Spectra), é capaz da SAAB inventar e colocar uma em seu Photoshop, algo que a montadora aeronáutica sueca é mestre em fazer.
A maioria dos
sistemas presentes no projeto Gripen NG, são de procedência
norte-americana, ou britânica, o que significa que o fantasma do embargo,
levantado em relação ao F-18E, também se aplica em relação ao Gripen NG. Não
existe possibilidade alguma da SAAB garantir transferência de tecnologia de
componentes da qual ela, ou o governo sueco, não detenha a propriedade
intelectual. Estas restrições não se abatem sobre o Rafale, cuja propriedade
intelectual pertence ao Governo da França, financiador do projeto Rafale, e
produtor integral da aeronave, sem dependência de fornecedores externos, o que
não é o caso da Suécia e do Gripen NG.
Outro problema referente ao projeto Gripen NG é relativo a posição escolhida para colocação da haste de reabastecimento aéreo. Ela está colocada acima da tomada de ar direita, uma posição infeliz, que difere de 99% dos projetos de caças, que as colocam no nariz. O motivo dos engenheiros colocarem a haste no nariz é óbvio: permite que o piloto tenha o controle visual da cesta, além de evitar acidentes, no entanto, colocada acima da tomada de ar, a cesta que é sujeita à vortex, fica mais instável e pode com isso causar um acidente ao atingir e arrebentar com o canopy, ou em outro cenário possível, ser sugada pela entrada de ar... De fato os ingleses da BAE consideraram a colocação da haste em cima da entrada de ar como uma “solução estúpida”... Parece que este problema terá que ser solucionado por nós, os brasileiros. Alguém ainda acredita no “preço baixo do |Gripen”? A verdade é que teremos que arcar com os custos inerentes a projetos não testados e implantados...
O Brasil é uma nação continental, mas comprou um caça leve, ou melhor, um projeto de caça leve, cujo desempenho no tocante à carga bélica deixa a desejar, ainda mais pela perda de pilones para o transporte necessário de tanques subalares. Não irá obter nada, ou quase nada no processo de Transferência de Tecnologia, pois a Suécia não é a detentora dos direitos sobre os sistemas e sensores embarcados, resultando apenas na transferência possível de datalink e do código fonte para integração de armamentos, afora a estrutura, que é algo que já dominamos.
Vale lembrar que a concorrência indiana, que foi muito mais exigente em termos de avaliações técnicas, refutou tanto o F-18E, como o Gripen NG, sendo as deficiências evidenciadas no demonstrador adaptado, denominado de Gripen DEMO, decisivas para o rápido descarte do Gripen entre os postulantes. Na Índia, onde o processo de escolha foi de uma seriedade extrema, a ponto das aeronaves postulantes terem se dirigido para lá serem testadas por pilotos indianos, sob as condições impostas pela IAF, os finalistas foram o Rafale, e o Eurofighter. A aeronave da SAAB falhou em testes decisivos, como o reabastecimento a quente na base aérea de Leh (reabastecimento à quente: abastecimento de combustível com motores em funcionamento e tripulantes à bordo).
Cometemos, pois, um erro, dado que o Gripen NG é uma aeronave que vai nos custar muito e entregar pouco, com um horizonte de obsolescência perigosamente perto, posto que vivemos um momento de aeronaves stealth, algo que o Gripen NG não é, e nem pretende ser, além de ser um projeto oriundo da Suécia, nação sem peso algum no mundo, e de importância declinante, se é que importância alguma já teve.
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Dag Vulpi