O mercado tem visto uma série
de rumores nas últimas semanas a respeito de um eventual reajuste de preços dos
combustíveis, o que atinge diretamente a Petrobras. Fatores como a valorização
do dólar contra o real impulsionaram tal hipótese, devido ao impacto que tal
conjuntura exerce sobre a situação financeira da estatal. Contudo, a estatal
negou tal hipótese.
"Neste
momento, não há qualquer decisão acerca de um reajuste do preço da gasolina a
ser praticado pela companhia e caso haja alguma informação relevante sobre o
tema, comunicará tempestivamente ao mercado", afirmou a petroleira em nota
nesta terça-feira.
Para
o mercado financeiro, um reajuste de preços não seria de todo mal para a
estatal. “Todo e qualquer reajuste nesse sentido é bom, pois a estatal tem uma
agenda de investimentos gigantesca e uma situação complicada com relação a
importar por um preço X e revender a X-2”, explicam os analistas Bruno
Piagentini e Marco Aurélio Barbosa, da corretora Coinvalores. “Então, ela tem
apresentado um déficit nesse segmento específico há algum tempo. Se ela importa
em dólar, gasta mais em reais para importar e revender a um preço menor. Assim,
ela sofre tanto pela defasagem de preço como pelo patamar de câmbio”.
Os
analistas explicam que o reajuste especulado no mercado gira em torno de 7 a 8%
nas refinarias, o que daria um aumento entre 4% e 4,5% para a gasolina e de 5%
para o diesel na ponta final. “É importante deixar claro que esse patamar de
reajuste não cobre totalmente a defasagem de preços. É bastante factível uma
defasagem de 18 a 20% - ou seja, para cobrir essas perdas o reajuste na
refinaria seria na casa de 20%”. Contudo, esse cenário é pouco provável por
conta das preocupações do governo federal com fatores que extrapolam a atuação
da Petrobras – como a inflação. “Em um cálculo rápido, assumindo um novo
patamar de câmbio e o reajuste da gasolina, a inflação pode chegar a 6% no fim
do ano, se comparado com os 5,84% registrados no ano passado”.
Também
se deve ter em mente que um reajuste de preços não vai afetar apenas a estatal,
mas outros setores, como aviação, logística, varejo e empresas que trabalham
com derivados de petróleo, como plástico. “Entre os segmentos que demandam
petróleo, existe um impacto negativo pelo aumento de custo, e é por isso que o
governo resiste em aumentar os preços”, explica Luis Morato, operador-sênior da
TOV Corretora.
Produção
e leilão de Libra estão no radar
Em
meio ao debate sobre o reajuste dos preços, o investidor deve acompanhar com
atenção a divulgação dos anúncios de produção da Petrobras, assim como os
desdobramentos gerados pelo leilão de Libra, programado para o dia 21 de
outubro – que, inclusive, foi a data cogitada para o anúncio do aumento dos
preços.
“Tem
muito rumor dando conta que esse reajuste pode ser anunciado em 21 de outubro,
quando ocorrerá o leilão de Libra. O governo pode se aproveitar dessa data.
Então, pode ser um driver de curtíssimo prazo”, dizem os analistas da
Coinvalores. “Mas é importante ver que a visão não é positiva para a Petrobras
por conta dessa dinâmica e pelo patamar de produção, que a própria Petrobras
destacou no começo do ano quando reformulava sua estratégia, que não vai
apresentar mudanças em 2013 e 2014, apresentando alguma coisa mais forte só a
partir de 2015”.
Para
Morato, da TOV Corretora, a estatal segue como alternativa de investimento, por
mais que a interferência do governo afete seus rendimentos. “A empresa ainda
está em níveis baixos, mas esteve mais barata. Ainda é uma boa oportunidade (de
investimento)”, diz, ressaltando que o reajuste tende a aliviar o caixa da
companhia.
Pelo
lado positivo, o que deve guiar o desempenho das ações é o reajuste de preços,
mas os resultados do leilão de Libra também devem ser acompanhados. Pela
legislação atual, quanto maior o valor pago pela participação dos estrangeiros,
maior será o valor de encaixe da Petrobras – que precisa ficar em 30% em todos
os casos. “Tem de torcer para ser bem sucedido, senão como é que vai ter caixa?
Esse leilão vai determinar o gasto com investimento".
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