procurador José de Lima Ramos Pereira/ google |
Após abrir os
editais para os interessados no programa de fixação de médicos em regiões do
país com carência de profissionais e do fechamento do primeiro acordo com Cuba
para a vinda de quatro mil profissionais apenas 10,5% das vagas, para atender a
uma demanda de 15.460 médicos, o MPT irá interferir no contrato de trabalho
imposto. Em entrevista à Folha de S.Paulo desta sexta-feira (23), o procurador
José de Lima Ramos Pereira, da Coordenadoria Nacional de Combate às Fraudes nas
Relações de Trabalho, “o MPT vai ter que interferir, abrir inquérito e
chamar o governo para negociar”, devido à forma de contratação adotado pelo
governo Dilma Rousseff, que feriu a legislação trabalhista e a Constituição.
Pereira disse
ao Ministério Público do Trabalho que irá questionar a vinda dos quatro mil
médicos cubanos para atuar no interior do Brasil pelo programa Mais Médicos.
Segundo ele, “a contratação é totalmente irregular, sob pretexto de resolver
uma questão relevante [a falta de médicos]”, e acrescenta que “não está
caracterizada com a urgência que exige uma situação de calamidade, como
epidemia e terremoto”.
Ainda segundo
o procurador, a solução seria a realização de concursos públicos; para ele, a
relação de emprego tem de ser travada diretamente entre empregador e empregado.
Pereira explicou ao jornal que “o governo será empregador na hora de
contratar e dirigir esses médicos, mas, na hora de assalariar, a remuneração é
feita por Cuba ou por meio de acordos. Isso fere a legislação trabalhista”,
advertiu o procurador.
Os auditores
fiscais do trabalho em São Paulo e o presidente da comissão da OAB-SP (Ordem
dos Advogados do Brasil de São Paulo) também engrossaram os questionamentos em
relação à assistência médica. Eles temem a precariedade das relações de
trabalho, já que “essa situação criará assimetria no mercado de trabalho se os
médicos cubanos receberem salários inferiores aos pagos aqui”, disse o auditor
fiscal do Trabalho Renato Bignami.
Médicos
cubanos
Diferentemente
dos demais profissionais estrangeiros que aderirem ao programa, o pagamento da
bolsa de R$ 10 mil/mês não será feito aos médicos cubanos, mas ao governo de
Cuba, que determinará o repasse. O governo não sabe dizer quanto os cubanos
irão receber, mas que os pagamentos devem ser como os da ilha comunista ou de
missões deles no exterior. Segundo a equipe de Dilma Rousseff, nas parcerias
entre Cuba e outros países, o repasse é de 25% a 40% do total. Esse percentual
no Brasil significaria R$ 2.500 a R$ 4.000.
Além dos
cubanos estão na lista russos, argentinos e espanhóis. A equipe será
distribuída em 27 cidades paulistas. Serão 102 médicos, 55 brasileiros e 47
graduandos fora do país. Segundo reportagem do jornal O Estado de S.Paulo,
também desta sexta-feira (23), a maoria dos primeiros 400 cubanos será
designada para cidades “que são o retrato da carência no país”. As regiões que
mais sofrem com a falta de médicos são o Norte e o Nordeste com 84% de vagas
não preenchidas. Segundo o Estadão, 212 médicos subanos deverão ir para o
Piauí, 108 pra a Bahia e 90, para o Maranhão. No total, as administrações
públicas dessas regiões solicitaram 2.140 profissionais.
Para desmontar
as afirmações de que o projeto Mais Médico trata-se de um programa ideológico,
o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, disse “que a decisão foi
tomada visando o melhor serviço possível”. Questionado sobre os contratos
firmados com Cuba, no que se refere à forma de pagamento, Patriota afirmou que
tudo foi feito via OPas [Organização Pan-Americana de Saúde], o que garante que
os procedimentos são os melhores possíveis. “Se houver algum problema, tenho
certeza que a Opas será a primeira a velar para que seja corrigido”, disse ao
Estadão.
Com
informações da Folha de S.Paulo e Estado de S.Paulo
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