Se depender do governo, deputados e senadores vão manter o veto ao Ato
Médico, em votação prevista para hoje (20), às 19h. Para acalmar os ânimos de
médicos e profissionais de mais 13 categorias da área de saúde – que há vários
dias tentam convencer parlamentares com argumentos pró e contra a manutenção
dos vetos – o governo decidiu encaminhar ao Congresso Nacional um projeto de
lei em regime de urgência com o qual espera pacificar a polêmica em torno da questão.
A proposta apresentada hoje aos líderes da base aliada ao governo e ao
presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), pelo ministro da
Saúde, Alexandre Padilha, garante que o diagnóstico de doenças e a prescrição
terapêutica sejam atividades privativas dos médicos, mas assegura a atuação de
profissionais de acordo com os protocolos já adotados pelo Sistema Único de
Saúde (SUS).
Segundo Padilha, vários protocolos e programas no SUS, como os adotados
na região amazônica e no interior dos estados, têm enfermeiros,
fisioterapeutas, técnicos de laboratório como os primeiros a prestar atendimento
e fazer as primeiras condutas. Se os vetos da presidenta Dilma Rousseff à Lei
do Ato Médico forem derrubados, tais condutas poderão ser questionadas
judicialmente.
O ministro disse que, com a nova proposta, a possibilidade de
questionamento acaba. “Aquilo que já tem protocolo, ou que poderá ser feito com
protocolos do SUS, que têm papel importante em todas as profissões [da área] de
saúde, estará ressalvado, não poderá ter nenhum tipo de questionamento
judicial. Isso é importante para regulamentar a Lei da Medicina, sem tirar o
papel de um conjunto dos profissionais de saúde que ajudam muito no
atendimento”, afirmou.
Além do ministro da Saúde, a ministra de Relações Institucionais, Ideli
Salvatti, no Congresso para negociar a manutenção dos vetos à Lei do Ato Médico
com os líderes da base governista na Câmara e no Senado. “A presidenta Dilma
[Rousseff] encaminhou um projeto de lei com urgência constitucional que corrige
as falhas levantadas por parte das categorias, e agora vamos manter o veto. Esta
é a orientação do governo”, disse o líder do governo no Senado, José Pimentel
(PT-CE).
Segundo o ministro Alexandre Padilha, o projeto foi elaborado com base
em entendimentos com os entidades representativas dos profissionais de saúde. O
presidente da Federação Nacional dos Médicos, Geraldo Ferreira, no entanto,
nega que as entidades tenham sido consultadas e acusa o ministro de usar “o
nome delas em vão”. “As três entidades médicas não tiveram qualquer contato ou
negociação que modicasse sua pretensão de derrubada dos vetos da presidenta. Os
vetos devolvem ao cidadão brasileiro o direito a uma assistência qualificada”,
afirmou Ferreira.
Mesmo depois do anúncio do envio da nova proposta ao Congresso, o
presidente do Conselho Federal de Medicina, Roberto Luiz d´Avila, insiste na
derrubada dos vetos ao Ato Médico. Para ele, a medida vai garantir tratamento
qualificado à população. Apesar de acreditar que esta será a decisão do
Congresso, d´Avila destacou que, mesmo com os vetos, “os médicos continuam a
ser responsáveis pelo diagnóstico de doenças e prescrição de tratamentos”. Os
dispositivos apresentados pela presidenta Dilma Rousseff podem ter despertado
alguns questionamentos e dúvidas, mas “não implicam ampliação das competências
e atribuições das outras 13 categorias da área de saúde”, completou d'Ávila.
Agencia Brasil
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