A Fundação Casa afastou o diretor da unidade João do Pulo do Complexo da
Vila Maria, na zona norte de São Paulo, e mais três funcionários acusados de
espancar seis adolescentes internados. A sessão de espancamento ocorreu após
uma tentativa de fuga e foi filmada. As imagens foram exibidas ontem pelo
Fantástico, da TV Globo.
A Corregedoria-Geral da Fundação decidiu abrir sindicância. Além disso,
a Polícia Civil deve ser informada sobre o fato a fim de apurar possível
tortura. O Ministério Público Estadual (MPE) esteve na unidade na sexta-feira a
conversou com os adolescentes da unidade, que teriam confirmado a ocorrência de
espancamentos no lugar.
Nas imagens exibidas ontem, os funcionários dão socos, tapas, pontapés e
até cotoveladas nos adolescentes, que estão apenas de cuecas, em uma sala da
unidade. As imagens seriam de 3 de maio. "Está muito claro que ocorreu
crime de tortura nesse caso", disse ao Estado o advogado Ariel de Castro
Alves, do grupo Tortura Nunca Mais e Movimento Nacional de Direitos Humanos.
Segundo informou ontem à noite a Fundação Casa, o afastamento dos
funcionários foi decidido pela presidente da fundação, Berenice Gianella,
imediatamente após assistir às imagens, na sexta-feira. A Fundação não divulgou
os nomes dos funcionários afastados, identificados pela TV Globo como Maurício
Mesquita Hilário e José Juvêncio. Segundo a emissora, entre eles está o diretor
da unidade, Wagner Pereira da Silva, que aparece nas imagens observando as
agressões.
Os adolescentes espancados foram transferidos anteontem para outras
unidades a fim de que não sofressem represálias.
O complexo da Vila Maria abriga 521 adolescentes em oito unidades. A
João do Pulo tem capacidade para 40 internos, mas abrigava ontem 64
adolescentes, a maioria apreendida sob as acusações de roubo e tráfico de
drogas.
Estadão
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