Por Luis Nassif
O crítico da
Folha, jornalista Nelson Sá, considerou o programa Roda Viva, sob comando de
Augusto Nunes, uma extensão do site da revista Veja. "Com exceção do
jornalista Reinaldo Azevedo, que não participou desta vez, foi como acompanhar
os debates apresentados pela revista Veja sobre o julgamento do mensalão".
Segundo o crítico, o programa estreiou desfalcado de entrevistadores já
anunciados e de entrevistados.
Nelson Sá
lembrou, também, que essa mesma partidarização já ocorria quando sob comando de
Mário Sérgio Conti.
Os dois
últimos programas de Conti foram com os representantes da Casa Fora do Eixo e
Midia Ninja e com o presidente do PT Rui Falcão. Na saída, Conti sustentou que
tinha total liberdade para convidar entrevistados e entrevistadores.
Rui só foi
convidado após protestos da Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa de
São Paulo - que tem assento no conselho da Fundação Padre Anchieta. Houve
protesto devido ao fato de, na gestão Conti, o presidente do PSDB Sérgio Guerra
e do PPS Roberto Freire, terem sido convidados duas vezes como entrevistadores,
enquanto nenhum convite havia sido feito ao presidente do PT.
O protesto
chegou depois que Roda Viva convidou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso
logo após a entrevista com o ex-candidato José Serra. Foi esse protesto que
motivou a decisão do novo presidente da FPA, Marcos Mendonça, de
"desconvidar" FHC - posteriormente voltou atrás.
Portanto, ao
contrário do que foi divulgaram colunistas amigos de Conti, em sua gestão houve
total submissão às orientações políticas do governo do Estado.
Da Folha
Crítica: Na
estreia, novo 'Roda Viva' vira extensão do site da 'Veja'
NELSON DE SÁ DE
SÃO PAULO
Com exceção do
jornalista Reinaldo Azevedo, que não participou desta vez, foi como acompanhar
os debates apresentados no site da revista "Veja" sobre o julgamento
do mensalão.
No novo
"Roda Viva", na TV Cultura, mantida pelo governo de São Paulo,
estavam lá os mesmos Augusto Nunes, como apresentador, o historiador Marco
Antonio Villa, agora como entrevistador, e o advogado Miguel Reale Jr., agora
entrevistado.
Ao longo do
último ano, os três protagonistas estiveram lado a lado em debates on-line nos
quais concordavam quanto ao que deveria ser feito pelo Supremo.
Reale foi
apresentado, anteontem, como ex-ministro "no governo Fernando Henrique
Cardoso" e ex-secretário paulista. A fase anterior do "Roda
Viva", apresentado por Mario Sergio Conti, chegou a programar entrevistas
seguidas com José Serra e FHC, há dois meses.
A diferença é
que ambos foram então minimamente questionados, enquanto Reale se manteve lado
a lado com a maior parte das perguntas, antes acrescentando do que respondendo.
Sobre a
suposta "pressão da mídia" criticada pelos réus do mensalão, por
exemplo, afirmou que teria ocorrido o contrário. "No período entre 2005 e
2012, vendeu-se na mídia a ideia de que eles eram inocentes." Lembrou
"reportagem de 'Veja' em que [o ex-tesoureiro petista Delúbio Soares]
estava feliz, fazendo churrasco, dizendo que nada ocorreria".
No ritmo em
que vinha o programa, foi o próprio Reale quem acabou trazendo à tona, por sua
conta, o paralelo com o "mensalão mineiro" --que havia sido notícia
nos dias anteriores porque ficou para as calendas, no mesmo Supremo.
Mas o fez para
afirmar e repetir que não é possível julgar o escândalo tucano da mesma
maneira, "é uma coisa diferente, não houve compra de deputado".
Na mesma
direção, o escândalo do cartel em São Paulo foi levantado no final, pelo
jornalista Raimundo Rodrigues Pereira, mas a pergunta foi longa e confusa --e a
resposta de Reale, curta e genérica, evitando citar Siemens e outras partes.
"Eu creio
que o financiamento [eleitoral] não deve ser exclusivamente público, deve ser
privado, mas proibindo empresa que venha a ser fornecedora do poder
público", disse Reale.
Além do
julgamento do mensalão, os outros focos da entrevista foram o programa Mais
Médicos e a fuga do senador e asilado boliviano para o Brasil, temas em que o
ex-ministro também se resumiu a reforçar as críticas ao governo federal já
presentes nas perguntas.
Registre-se
que era o primeiro programa, desfalcado não só de entrevistadores que haviam
sido anunciados, mas de entrevistados. Foram convidados, antes de Reale, a
presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula.
RODA VIVA
ENTREVISTADO Miguel
Reale Jr.
ONDE VER tvcultura.cmais.com.br/rodaviva/miguel-reale-junior VÍDEOS
Do GGN
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